domingo, 6 de outubro de 2013

Benedict Anderson, Hobsbawm, Freyre, Freud, Leandro, Júnior e Zico

Por Máximo



O futebol é um tema tão absorvente, com possibilidades diversas de justificação, que não extrapolarei além deste acréscimo. Seguinte:

No Brasil, o imbricamento entre futebol e imprensa favorece jogar o passado aos ombros do mito. A razoabilidade da assertiva pode ser verificada a partir das ideias centrais de Benedict Anderson, "capitalismo editorial" e "vernaculização", articuladas à produção da ciência social para a explicação de se pesquisar o futebol como um lugar e uma prática dos valores correntes das sociedades urbanas. 

A importância do papel da imprensa e do romance é destacada por Anderson por revisitar, revolver, permanentemente, uma história marcada por heroísmo e grandeza. Uma história que circula desejos e valores comunitários. Para Anderson, nenhum mal: inexistem, de resto, comunidades "verdadeiras", em oposição a outras, artificiais; todas são imaginadas e compartilhadas, por gosto, entre seus membros.

Ao contrário, Hobsbawm recomenda a crítica em "Sobre  História": "história não é memória ancestral ou tradição coletiva; mito e invenção são essenciais à política de identidade". E o que propões, tarefa fundamental do historiador, é "a história mitológica ou nacionalista criticada de dentro, resistir à formação de mitos nacionais, étnicos e outros, no momento em que estão sendo formados". Não li o livro de Hobsbawm sobre o jazz, de que ele tanto gostava. Lê-lo ajudaria, eventualmente, a esclarecer quanto do prazer que o motivou a escrevê-lo não contém da luta entre uma história que circula desejos e valores comunitários e uma outra - tarefa precípua do historiador, conforme prega - criticável "por dentro","à formação de mitos nacionais, étnicos", o que for.

No futebol, uma história mítica não precisa necessariamente ser pejorativa, desde que se abra ao enfoque da paixão nos termos da relação entre futebol e história política. Um caminho nada ortodoxo pareceu-me antevisto no prefácio de Gilberto Freyre, escrito em 1947 para o livro de Mário Filho, "O Negro no Futebol brasileiro". Cheguei a "Escritos sobre a Guerra e a Morte" e "O Mal-Estar da Civilização", textos profundamente políticos, escritos por Freud, nos termos das pulsões tributárias às "forças racionais e irracionais" que Freyre, naquele prefácio, considera mobilizáveis pelo futebol ainda em seus primeiros passos, ou na adolescência, que adiante, já maduro, nos daria Raul, Leandro, Marinho, Mozer e Junior; Andrade, Adílio e Zico; tita, Nunes e Lico, a enumeração do Melhor Time do século passado.

SRN

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

SRN, Jaime

Por Máximo




O Flamengo decidiu começar pela história. Jaime foi um zagueiro correto, campeão carioca de 74, ao lado de Cantareli, goleiro, também campeão daquele ano na reserva de Renato, e, adiante, ocupando intermitente a camisa 1 até a chegada de Raul, em 78, o maior goleiro Rubro-Negro do Melhor Time do século passado. Constituem hoje a nossa comissão técnica. Mais do que isso, fazem parte da imaginação extensa em que nos reconhecemos e que dispensa, por afetação desnecessária, treineros "delfin boys" do milagre econômico da bola, blatter, marin e vírus anexos. 

Drummond dizia que a grande dificuldade é ser simples. Jaime não necessitou data-show nem laptop para o time organizado, as linhas bem postadas, compactas, atrás da bola do Coritiba, a saída rápida com a eficácia possível de um time limitado, de Carlos Eduardo a Paulinho.

 2 x 0. 

SRN, Jaime