quarta-feira, 31 de agosto de 2016

E a salvação era o Meirelles...



Fiz História, mas do que gosto mesmo é Ciência Política, embora, no fundo, não haja separação. E da bibliografia que tenho lido, básica, em Política Contemporânea, com a democracia transformada em método pela “poliarquia’ decorrente de grupos de interesse em sociedades cada vez mais complexas que cancelam a noção clássica, ligada aos fins, de bem comum, é possível concluir a inviabilidade do que temos combinando sistema de governo com determinada tipologia de regime de poder. Presidencialismo está mais afim à “democracia majoritária”, ao invés da “democracia consensual” de partilha do poder. Não à toa que o nosso “presidencialismo de coalizão” não pode ser senão corporação e cooptação. Grupos de interesse convenientemente enquistados e protegidos no Estado. Foi a escolha do Lulismo, com a “carta aos brasileiros”, em 2002. E quem acabou cooptado foi o PT. O impeachment demonstra como somos retrógrados. A coalizão do Lulismo teve espaço pra operar o indispensável: salário mínimo valorizado, moradia popular, inclusão das massas ao consumo, ou seja, tornar o brasileiro consumidor foi apresentado como um ato revolucionário, com direito há pouco de chorumela tributária ao conteúdo da Carta Testamento de Vargas. Certo, a disputa em torno da gerência da ruptura do Contrato Social da Constituição de 88 ganha com Temer um ritmo acelerado de privatização de tudo. Mas, é bom não nos esquecermos de que o Meirelles era a solução que o Lula levaria pra Fazenda se tivesse sido nomeado na Casa Civil. Daí, o humor com que vejo gente de esquerda, que fazia até outro dia todas essas críticas, agora panfletária, reivindicando a luta armada pra defender o “governo popular da companheira Dilma”. 

Não me levem a mal, mas já estou muito longe da adolescência, quase avô.


SRN