quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Governador_Técnico

Por Máximo

Picasso dizia que, pra conhecer alguém, precisava desenhá-lo. 

De fato. 

Desenhando, reparei como o governador e o técnico ficavam cada vez mais parecidos.

SRN



terça-feira, 29 de janeiro de 2013

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Dor Não Tem Hierarquia


Por Máximo



O drama de Santa Maria me lembra o que li faz tempo a respeito da diferença entre dois intelectuais muito relevantes, cujos nomes não vêm ao caso. Diante de uma criança agonizando na calçada, os dois intelectuais presentes, um dos quais, entretanto, retira do bolso um bloco, uma caneta e começa a interpretar o fato à luz da manipulação midiática pela espetacularização. Leva escrevendo exatamente o tempo em que o outro intelectual procura prestar os primeiros socorros, ligar pro bombeiro, afastar os curiosos.

 A espetacularização sensacionalista não cancela o fato terrífico que sensibiliza quem não está preocupado em hierarquizar, em uma lista, tragédias e catástrofes. 

Os jovens mortos em Santa Maria não ocupam o espaço do luto que cabe à atenção dos mecanismos reacionários que mataram Cícero Guedes, líder do MST, por lutar pela reforma agrária. 

Minha impressão é a de assistir um campeonato macabro pelo cadáver merecedor de maior legitimidade.

De resto, prefiro o pensamento do historiador Edward Thompson que nunca acreditou no poder de manipulação absoluta da razão iluminista. Podemos ser sujeitos de nossa própria história. E sofrer, ter sentimentos, sem medo de parecermos piegas ou manipuláveis.

SRN

sábado, 26 de janeiro de 2013

Aniceto Moscoso

Por Máximo


Secretária eletrônica foi um aparelho muito útil quando ainda se vivia na era analógica. Por detestar e não usar celular,laptop, nem sequer relógio, 28 ainda conserva a secretária eletrônica. E quem atende é uma gravação com o latido do seu cachorro, Macau, que escrevo com letra maiúscula pelo seguinte:


"Aí, Máximo, Macau é melhor do que muita merda que anda por aí defendendo a natureza. Só morde mesmo filho da puta."

Liguei pra saber do que achou do empate com o Madureira. Deixei o recado na secretária eletrônica. Acabou de me responder por e-mail:

"Só me dou ao trabalho de responder porque tive de pegar a perna que pendurei no prego perto do computador. Meu irmão, é o seguinte: sou tão anacrônico, quanto a perna que eu perdi. Pra mim, o Flamengo é Raul, Leandro, Marinho, Mozer e Junior; Andrade, Adílio e Zico: tita, Nunes e Lico. E copia tita, assim mesmo, em caixa baixa. O cara aporrinhava. Queria o lugar do Zico, que quase não se machucava. Por isso, quando conseguia a 10, uma vez na vida, outra na morte, jogava pra arquibancada. Creio que a expressão veio do cara. Com caixa baixa, porque depois foi jogar na segunda divisão onde se desmanchava em chorumela. Outra coisa: pra que essa copa? Vila Isabel correrá o risco de ser interditada pelo blatter passear com suas muambas importadas. Vê se só liga agora no ano novo. valeu. SRN"


SRN, 28


sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

KKKBMW


Sorria para o navio negreiro que aporta na Barra

Por Tadeu dos Santos, graduado em Direito e Ciências Sociais pela UERJ







Circula pela internet a máxima consistente em afirmar que “preconceito racial não é mal-entendido”. As inúmeras postagens e adesões prestam-se à exteriorização de repúdio ante o acontecido na concessionária da BMW – Barra da Tijuca. Na ocasião um vendedor teria se dirigido ao filho adotivo de um casal e afirmado : “Você não pode ficar aqui dentro. Aqui não é lugar para você. Saia da loja. Eles pedem dinheiro e incomodam os clientes'".

Despiciendo afirmar que o casal (Ronaldo e Priscilla) é branco e o menino, que conta 7 anos de idade, é negro.

Recentemente constatamos as inúmeras manifestações de racismo suportadas pelo ministro do STF Joaquim Barbosa. Também nos chocamos diante das imagens em que um homofóbico quebra uma lâmpada fluorescente no rosto de um homossexual na madrugada de São Paulo.

Não faz muito tempo que a paulista Mayara Penteado Petruso lançou mão de uma rede social para incitar o ódio aos nordestinos afirmando que: “Nordestisto (sic) não é gente. Faça um favor a Sp: mate um nordestino afogado!”. Em meio às Olimpíadas de Londres a judoca brasileira Rafaela Silva teve a oportunidade ler nas redes sociais manifestações explícitas de racismo após a sua eliminação. As frases seguiam o padrão dos trogloditas de sempre: “lugar de macaco é na jaula” e/ou “vá pra selva que lá é o seu lugar”.

Acaso resolvamos voltar um pouco mais e constataremos que o preconceito também fazia morada junto aos nazistas e que era companhia inseparável dos inquisidores católicos.

O ser preconceituoso carrega consigo além de uma gigantesca dose de ignorância, a inabilidade/incapacidade de conviver com a diferença. É o pensamento que não logrou superar a infância.

Dentre nós ele assume feições verdadeiramente monstruosas. É camuflado, cínico e nem mesmo a superação dos entraves econômicos possui o condão de afastá-lo (vide o caso do Ministro Barbosa).

Por ocasião da promulgação da Constituição de 1988, festejamos a inclusão no texto da lei maior do artigo 5º, que em seu inciso XLII, previa que: “XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei”.

Nos dias que seguem somos obrigados a admitir que o legislador ficou aquém do esperado. Preconceito é figura mais abrangente que racismo. Preconceito é gênero do qual o racismo é espécie. Inaceitável, a toda evidência o gradualismo ínsito à conduta da assembleia constituinte.

De igual maneira e aqui somos obrigados a render loas aos que afirmam que penalidades pesadas são de todo inócuas ao enfrentamento de questões repudiadas pelo corpo social. Percebam que a imprescritibilidade, a inafiançabilidade e, de quebra, a pena de reclusão restaram insuficiente à inibição do crime de racismo. O que vem denotar o quanto há de entranhamento do racismo em nossa sociedade.

É a velha história do Direito que ignora a realidade e esta, por vingança, também ignora o Direito. Por ora temos apenas o acirramento das penas no combate ao racismo. Por óbvio que esta ferramenta é insuficiente, mas ainda assim, devemos utilizá-la.

A educação, claro, é a saída de longo prazo. A criação de uma disciplina quiçá denominada “convivendo com as diferenças” talvez ensejasse nas crianças a que se destinaria a aceitação (e mais do que isso, a celebração) das diferenças. Nesse contexto algo utópico, a sala de aula seria o locus primevo da convivência pacífica entre diferentes.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Racismo em concessionária bmw na Barra.

Por Máximo



"Essa loja não gosta de crianças, mãe?" 

Uma pergunta como esta ainda é possível no Rio, feita por uma criança simplesmente por conta da cor da pele. Negra e filha de brancos, que entraram pra comprar um carro, a criança ficou vendo televisão enquanto os pais faziam a compra. Uma criança de 7 anos. A mãe interpelou o vendedor da espelunca, cujo nome revela bem o arrivismo emergente, Autokraft :


— Ele disse: “porque eles pedem dinheiro, incomodam os clientes. Tem que tirar esses meninos da loja.” Quando meu marido disse a ele que o menino negro era nosso filho, ele ficou completamente sem ação, gaguejando desculpas atrás de nós enquanto saíamos indignados da concessionária.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/familia-abre-campanha-no-facebook-para-acusar-concessionaria-de-preconceito-racial-7379006#ixzz2IptR5Mg4 




"Braços Abertos sobre a Guanabara"/Tom Jobim


terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O Econauta de All Star

Por Máximo


O radicalismo de butique do Econauta de All Star é praticamente revolucionário. Percorre, sôfrego, as escadas rolantes do Rio Sul. Numa vitrine, um tipo mais ecológico de mochila. Na outra, um incenso, cujo cheiro parece saído do brinde que ganhou no lançamento que fora de um mago. 

E sobre o tombamento da Aldeia Maracanã?

SRN




Tombar a Aldeia Maracanã

Por Máximo


Indispensável tombar a Aldeia Maracanã.

A mobilização que ocorre é uma prova de que sempre  podemos ser sujeitos de nossa própria história, forçando os limites da ação.

A copa do blatter é um anacronismo que não interessa a ninguém (qual ninguém cara-pálida?).

SRN



Gladiadorim

Por Máximo

Acaso esquecemo-nos do que esse camarada fez naquele jogo em São Paulo, desrespeitando uma regra não escrita, porém inviolável, que é devolver a bola por retribuição ao gesto de solidariedade com o adversário caído e contundido em campo?
 
Pois muito bem: o "gladiador", na esperteza mesquinha, sórdida, ao invés de devolvê-la, partiu em direção à área Rubro-Negra. 

Falso malandro não deveria vestir o Manto Sagrado.

SRN


segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

"Eu Tenho um Sonho"


Por Máximo

O símbolo tem a força de contribuir para eliminar a violência. E sua apropriação, na descontinuidade do desenrolar da história, repõe sentidos. Rubro-Negro, também tenho um sonho, que é um desejo, justo também uma das dimensões do símbolo sobre a razão e análise. Aqui permito-me até a boa vontade, que não se confunde com a ingenuidade. Quantas consequências significativas não podemos aspirar da mão afetiva de Obama sobre a bíblia de Martin Luther King?

SRN




"Eu digo a vocês hoje, meus amigos, que embora nós enfrentemos as dificuldades de hoje e amanhã, eu ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano. 


Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais. 



Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos desdentes dos donos de escravos poderão se sentar junto à mesa da fraternidade. 



Eu tenho um sonho que um dia, até mesmo no estado de Mississippi, um estado que transpira com o calor da injustiça, que transpira com o calor de opressão, será transformado em um oásis de liberdade e justiça. 



Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje! 



Eu tenho um sonho que um dia, no Alabama, com seus racistas malignos, com seu governador que tem os lábios gotejando palavras de intervenção e negação; nesse justo dia no Alabama meninos negros e meninas negras poderão unir as mãos com meninos brancos e meninas brancas como irmãs e irmãos. Eu tenho um sonho hoje! 



Eu tenho um sonho que um dia todo vale será exaltado, e todas as colinas e montanhas virão abaixo, os lugares ásperos serão aplainados e os lugares tortuosos serão endireitados e a glória do Senhor será revelada e toda a carne estará junta. 



Esta é nossa esperança. Esta é a fé com que regressarei para o Sul. Com esta fé nós poderemos cortar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé nós poderemos transformar as discórdias estridentes de nossa nação em uma bela sinfonia de fraternidade. Com esta fé nós poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, para ir encarcerar juntos, defender liberdade juntos, e quem sabe nós seremos um dia livre. Este será o dia, este será o dia quando todas as crianças de Deus poderão cantar com um novo significado. 



"Meu país, doce terra de liberdade, eu te canto. 



Terra onde meus pais morreram, terra do orgulho dos peregrinos, 



De qualquer lado da montanha, ouço o sino da liberdade!" 



E se a América é uma grande nação, isto tem que se tornar verdadeiro. 



E assim ouvirei o sino da liberdade no extraordinário topo da montanha de New Hampshire. 



Ouvirei o sino da liberdade nas poderosas montanhas poderosas de Nova York. 



Ouvirei o sino da liberdade nos engrandecidos Alleghenies da Pennsylvania. 



Ouvirei o sino da liberdade nas montanhas cobertas de neve Rockies do Colorado. 



Ouvirei o sino da liberdade nas ladeiras curvas da Califórnia. 



Mas não é só isso. Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Pedra da Geórgia. 



Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Vigilância do Tennessee. 



Ouvirei o sino da liberdade em todas as colinas do Mississipi. 



Em todas as montanhas, ouviu o sino da liberdade. 



E quando isto acontecer, quando nós permitimos o sino da liberdade soar, quando nós deixarmos ele soar em toda moradia e todo vilarejo, em todo estado e em toda cidade, nós poderemos acelerar aquele dia quando todas as crianças de Deus, homens pretos e homens brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão unir mãos e cantar nas palavras do velho spiritual negro:



Livre afinal, livre afinal. 



Agradeço ao Deus todo-poderoso, nós somos livres afinal." 



Discurso de Martin Luther King, 28 de agosto de 1963

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

A Copa do Blatter é História Morta

Por Máximo

A copa do Blatter seria uma recidiva anacrônica, linear, factual: o sepulcro caiado de uma história morta.

SRN


quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Com que Roupa?

Por Máximo

Noel, que sempre detestou panegírico, heroísmo e mobilizações ufanistas, sempre me ocorre quando passo em frente ao Maracanã e vejo as obras, a placa indicando os 800 milhões gastos na copa.

Com que roupa Noel iria à copa do Blatter?

SRN 


domingo, 13 de janeiro de 2013

Rubro-Negros, amamos o futebol, mas dispensamos a copa do Blater

Por Máximo



O problema dos meios de comunicação é sempre espinhoso na dicotomia recorrente: interlocução (massa como sujeito, portanto, capaz de recusar, selecionar, reinterpretar) e manipulação (massa passiva, dócil, manipulável).

Entretanto, há historiadores que sabem que "as coisas não são tão simples como parecem ser." Esta, aliás, é uma frase do historiador Jorge Ferreira, da UFF, na resenha, Propaganda política estatal: comparando ditadurasem que comenta o livro de outra historiadora, da USP, Maria Helena Capelato, Multidões em Cena. Propaganda Política no Varguismo e no Peronismo. São Paulo. Papirus. 1998.

No inventário das ideias do livro, Ferreira assevera a importância da História Comparada (sempre problemática), quando compara "o que pode ser comparado". Forço a analogia, para além do objeto da resenha (Varguismo e Peronismo), alargando o  recorte da "propaganda política estatal", para os limites do poder da mídia. Refiro-me à campanha pela "copa é nossa". 

Rubro-Negros, amamos o futebol. Vimos a seleção de 82. Leandro, Junior, Falcão, Sócrates e Zico, sem esquecermo-nos das bombas em banca de jornal, na OAB, matando a secretária Maria Lídia, na Câmara Municipal Carioca, aleijando, no Riocentro que, felizmente, explodiu sobre quem deveria, de fato. 

Rubro-Negros, vimos a Democracia Corinthiana, Sócrates, Vladimir, Casagrande, na liderança de um movimento inédito no mundo escravagista da bola, em que todos, do roupeiro ao presidente, passando pelos jogadores, tinham um voto pra decidir o que fazer, como fazer e quando fazer. 

Rubro-Negros, víamos o fusca velho da ditadura, alguns dos fuscas dados com dinheiro público de presente para os tricampeões por Maluf, prefeito de São Paulo, em 70, pingando óleo e batendo o motor, em face de um movimento coletivo de esperança das Diretas, em 84, a despeito dos bastidores que - sabíamos - torcer contra. 

Rubro-Negros, amamos o futebol, mas dispensamos a copa do Blater. 


Acesse o link e leia a resenha na íntegra:
Propaganda política estatal: comparando ditaduras

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Maradona by Kusturica

Por Máximo

Faltava pouco pro flime terminar no MGM. Mas, a identificação necessita sempre de pouco:


 O Mais Genial Canhoto, o jogador que mais me surpreendeu resolvendo jogadas com soluções que só sua canhota conseguia enxergar, no drama humano verdadeiro, porque sem panegírico. 

Maradona quando crescer nunca virará Pelé, que já nasceu anacrônico, circunstancial, no roteiro escrito sob medida pro ufanismo. 

O Genial Canhoto não teme a ridicularia, expõe-se, critica e ataca a imprensa, esta freira de prostíbulo. 

O Genial Canhoto vai na veia:

"Havelange fornece as armas e Blatter, as balas."

SRN



Sarriá