sábado, 30 de abril de 2016

Aparar a Constituição...

O que preocupou ontem, na longa sessão do Senado, foi o que disse o Ministro da Fazenda. Nelson Barbosa falou que o nó górdio do problema está nas obrigações orçamentárias, inscritas na Constituição, que limitam a autonomia da gestão pública.

Parece que há um consenso...


SRN


quarta-feira, 27 de abril de 2016

Brincadeira de criança

Leio no Valor que Temer pensa em Meirelles na Fazenda, Jucá no Planejamento e Gedell na articulação política. 

Todos nomes que integraram o Lulismo. 

Meirelles, ao que parece, também voltaria à Fazenda, caso Dilma sobrevivesse ao impedimento. Curioso, não?

SRN.



terça-feira, 26 de abril de 2016

A última fronteira?

Lenin escreveu que o expansionismo do capital encontraria seu limite quando alcançasse a China, a última fronteira a ser conquistada. Acaso a experiência de Varginha não nos diz nada? Haverá mais-valia a ser explorada na galáxia?


SRN


domingo, 24 de abril de 2016

Dez anos sem o Diretor da Grande Arte de 82


Dez anos sem o Diretor de Arte da melhor seleção brasileira que vi jogar, na síntese espetacular: Leandro, Junior, Falcão, Sócrates e Zico. 

A Grande Arte de 82, demonstrando a falácia produtivista de que o que importa é ganhar, ao lado da Holanda Revolucionária, de 74, de Rinus Michels, Cruyff, Neeskens, Rensenbrink.

SRN


quinta-feira, 21 de abril de 2016

O ET do Ibope


Caso o Ibope bata a sua porta e lhe pergunte se é favorável à candidatura de um ET à Presidência da República, qual seria a sua resposta? Se positiva, acha que, eleito, o Presidente deveria dispensar o carro oficial e deslocar-se em seu próprio OVNI?

A doutrina dos Direitos Humanos pode ser considerada uma elaboração histórica pela sua atualização permanente aos contextos de sua aplicação. Como fica a população alienígena ainda sem o estatuto de humanidade, condição indispensável à cidadania, base dos Direitos?


SRN

Vale tudo na guerra?

É preciso deixar claro se vale tudo na guerra. Se vale, não cabe ser seletivo, reclamando, como neném-dodói, quando o inimigo nos ataca com a mesma arma (e, se se reclama, evidente que faz parte da estratégia, o que nada tem com moral). Seguinte:


Uma coisa é a postura reacionária da Veja, apresentando um tipo ideal de mulher que não há Weber de botequim que justifique. Aí, cabe a resposta com mulheres que fizeram e fazem o que quiseram e querem, e vida que segue. 

Outra completamente diferente é atacar o São Januário, que tem de ser demolido politicamente e impedido de governar, fazendo insinuações sobre a moralidade de um cara ter uma mulher 43 anos mais nova. Qual o problema?

SRN


quarta-feira, 20 de abril de 2016

Recatada


Capitular é resistir?


A demonstração de que a direita domina o discurso é o esforço em que muitos dos que corretamente faziam críticas a esse presidencialismo de capitulação apressam-se em abandoná-las por medo de se verem vinculados ao circo de horrores do parlamento que o Fernando Henrique pretende usar para o "semipresidencialismo". Quer exemplo melhor de sucesso do que capitulação virar sinônimo de resistência?

SRN


Senso? Comum?


segunda-feira, 18 de abril de 2016

“Experiência”, de Benjamin


Há um trecho do texto "Experiência', de Walter Benjamin, em que ele diz o seguinte:
"Num de meus primeiros ensaios mobilizei todas as forças rebeldes da juventude contra a palavra 'experiência'. E eis que agora essa palavra tornou-se um elemento de sustentação em muitas de minhas coisas. Apesar disso, permaneci fiel a mim mesmo."

Na veia. Depois do que vimos ontem, muita gente que criticava, com justa razão, esse reformismo insípido, um presidencialismo de coalizão que não escondia a natureza de classe desse governo, agora inunda as redes sociais como freiras de puteiro, com sentenças, cujo início é mais ou menos o seguinte:

"Você, que ajudou a direita etc"

É melhor ser fiel nos termos de Benjamin. O curioso é que a maior parte da bancada do centro-oeste, vinculada ao agronegócio, parece que não liga pro "pacto de governabilidade". Nem com o assentamento da Kátia Abreu no latifúndio do Ministério da Agricultura.

Acho que oportunismo não é só "pela família e pelo Brasil".

SRN


Meu caro amigo

Meu caro amigo nós nos lembramos de que, logo após a saída articulada dos militares para a "Nova república", que só não deu Tancredo, porque ele morreu e assumiu o notório Sarney, não havia mais direita no Brasil. Éramos um país praticamente à esquerda, como se a ditadura tivesse sido obra de ETs. Não fizemos nenhum trabalho de memória, prevalecendo o que ficou acertado na anistia-amnésia de 79. Como não havia conivência, tampouco cumplicidade, o tempo passou. Bolsonaro, recentemente, para o pior Congresso que eu já vi, deputado mais votado na nossa Guanabara, minha e sua que tão bem a conhecemos e que a operação do Geisel com o Célio Borja nos suprimiu, em 75, a fim de eliminar a crítica mais radical da República. As ruas cheias de um verde-amarelo da nossa adolescência que tão bem sabemos o que representa, numa atualização anacrônica do "Brasil: ame-o ou deixe-o". A ditadura militar-empresarial absolvida, comprovando sua condição de produto social, com amplo apoio, finalmente sem o constrangimento da máscara envergonhada dos anos 80, e não o deslocamento de sentido de que a sociedade havia sido exclusivamente vítima, resistente.

O papo do cara ontem na delegacia é um exemplo.


SRN


O bolsonaro que nos representa


Moro na Gonzaga Bastos, uma rua que liga Tijuca a Vila Isabel (começa no terrífico quartel da PE de triste memória da ditadura, em frente à praça Lamartine Babo, local onde foi instalado o busto de Rubens Paiva, torturado e morto naquele quartel e termina na 28). Minha filha estava com o namorado no portão de entrada da vila de casas onde nasci, me criei etc. Entrou correndo pra me dizer que haviam sido assaltados por dois camaradas numa moto. Alívio, apenas o celular. Fomos à delegacia na Luis Mattos, perto da UERJ. Logo em seguida, entraram mais outras jovens, também vítimas dos mesmos caras, acompanhadas do pai pra também dar queixa. Enquanto minha filha e o namorado faziam o B.O., eu esperava. O cara virou pra mim e disse:

"Bolsonaro é que tá certo. Tinha de ter pena de morte, matar todos esses filhos da puta. De 1000, iam morrer 10 inocentes, mas é um preço justo."

Não respondi. Levantei. Fui pra porta da delegacia, esperar na rua, pensando:

"Ainda bem que a Carolina é uma inocente que está viva." 

Isso foi quase de madrugada. O impeachment já havia acabado. Eu e a Catia já íamos deitar. Saí da delegacia quase às duas horas. De fato, temos o Congresso que merecemos. 

Foda.

domingo, 17 de abril de 2016

Tantas emoções pelo Brasil

"Pela Família
Pelo Brasil
Contra a cor marrom
São tantas emoções..."


O que nos aguarda no "semipresidencialismo"


A forte dose de emoção, que caracteriza a política, hoje tem uma demonstração do que nos aguarda o semipresidencialismo do Fernando Henrique. Mas, isso não ameniza o significado deste governo. Basta ver como votaram vários deputados vinculados ao agronegócio, cuja representante está confortavelmente assentada no Ministério da Agricultura.

SRN

Qualquer coisa


sábado, 16 de abril de 2016

Mal menor...


Como isso é difícil. E como é fácil se esconder, pra jogar pra arquibancada, como fazia o Tita, querendo a camisa 10,  nas poucas vezes em que o Zico não jogava.
Como é difícil defender aquilo que, em ações, tem de ser derrotado, cujo exemplo último é o PL 257/16.
Como é difícil a palavra de ordem vazia diante de uma boa leitura. Em “Poder Político e Classes Sociais’, Poulantzas escreve que o materialismo dialético não é a simples epistemologia do materialismo histórico. O que isso quer dizer? Que o materialismo dialético não é a mera teorização da experiência vivida? Nele pode-se ir além, formular hipóteses, propostas de luta, de superação e transformação do que foi vivido?
“O econômico, o político, o ideológico não constituem essências prévias que entrem em seguida em relações externas de acordo com o esquema ambíguo da base e da superestrutura. A articulação, própria à estrutura do todo de um modo de produção, comanda a constituição das instâncias regionais” (POULANTZAS, 1977:16)
É preciso acompanhar o movimento imbricado dessas instâncias pra se saber o papel, a importância que têm em determinado momento. Hoje, por exemplo, 16/4/16, véspera da votação do impedimento no plenário da Câmara: que sentido há no argumento jurídico, na retórica da legalidade, quando contradizem as instâncias predominantes no momento que são as do político e do ideológico?
Não fode. O Rio está fritando em pleno outono...
SRN

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Polia retífica

Como a História há muito não é mais mestra da vida e porque, de resto, nossa historicidade é saturada pelo presente que nunca acaba, seria muito acreditar na crença de que, na crise, as contradições da dominação – neoliberal x neodesenvolvimentistas – sempre se arranjam, convergindo à direita.
E vida que segue, como dizia o grande Saldanha

SRN    


quinta-feira, 14 de abril de 2016

Tá na rua

A política foi pras ruas colocada pela direita. Um palhaço vestido de Tio Sam, o cartum de mangá do MBL, o velhote torturador – tipos, enfim, com financiamento certo e objetivo explícito. Missão cumprida, vão sumir, por inúteis e falta de verba.
Todavia, não é o caso da classe média paulistana. E aí vale o verbete de Bobbio, em seu “Dicionário da Política”. Uma das explicações para o fascismo italiano, em seu início, era a classe média tanto contra o proletário, quanto contra o burguês. O fenômeno não se desenvolveu em plenitude em virtude da II Guerra.
Em todas as explicações, de caráter generalizante, há um consenso: o autoritarismo é um truísmo da sociedade industrial moderna. Não escapamos nem ao  fascismo como uma expressão da classe média. A direita não precisa mais da rua. O Parlamento bastará. Mas, a política continuará nas ruas, no melhor exemplo que já tivemos recentemente que é a ocupação das escolas pelos estudantes em ondas progressivas, mobilizando e articulando novos movimentos, novas demandas, A Secretaria de fazenda do Estado já foi tomada pelos funcionários atacados pelo atraso, pela falta de pagamento, pelo ajuste fiscal.
A política não pode mais sair das ruas, e quais os agentes sociais que irão ocupá-las?
Duvido que a classe média paulistana insistirá na ladainha, com camisa da CBF, “mais ordem, mais deveres, menos direitos.”

SRN

Dilma...


Acabei de ler no Dia reportagem sobre entrevista da Dilma em que, em meio à confusão típica pra diferenciar o secundário do que importa, ela, ao menos, fala da estratégia pro futuro, caso se salve. Diz que proporá um pacto. Não aprendeu nada, além de ficar claro que o que vale é salvar o mandato. Pacto, nas condições precárias em que se encontra e que não se modificarão imediatamente se sobreviver, significa, de novo, rendição. Como poderá impedir o ataque aos direitos sociais frágil e tendo de fazer concessões em nome da “governabilidade”?


SRN

Não terão paz na terra


Temer, Cunha & Fernando Henrique Associados procurarão tirar a política das ruas e limitá-la ao parlamento mais regressivo do nosso passado recente.
Não terão paz na terra, nas ruas, acossados pela força dos Caboclos em todas as encruzilhadas.

SRN


quinta-feira, 7 de abril de 2016

O papel do Estado: policial?

Passando por cima da pequena política, de resto, muito conveniente à confusão, o que temos é mais uma crise de conjuntura do capitalismo. David Harvey tem um nome para este novo ciclo: “acumulação flexível” – designação também dita, mais ou menos de outro modo, como fez Armínio Fraga ,há meses, no “Estadão”: o contrato social da Constituição de 88 não cabe mais no PIB nacional.

São inúmeros os exemplos de que o problema não tem apenas um caráter doméstico. Manifestações recentes na França evidenciam a estratégia global. Parece que o fluxo desregulado de capitais, uma característica do neoliberalismo das três últimas décadas, levando à crise de 2008, ensejou reflexões e ajustes que não ficam muito claros, mesmo entre a crítica mais aguda. Certo, nada se espera de quem precisa da confusão. E, por isso, vale arriscar uma interpretação com base nas informações articuladas aqui e ali:

O ajuste liberal que se divulga não merece este nome. A “acumulação flexível” de Harvey fornece a chave: talvez estejamos na ante-sala, nos preparativos da configuração de um Estado Policial, ao consenso da hegemonia do “semipresidencialismo” sendo sucedido pela coerção em grau inimaginável, pois que é o que pode garantir, no aprofundamento do neoliberalismo das últimas décadas, a extração de lucro num ambiente de completa precarização da força de trabalho.

Talvez, a manutenção do decurso de prazo deste governo de portaria da coalização estropiada seja necessária à organização de forças de resistência.


SRN

Reitor da UFRJ sabe o que está em jogo

Diagnóstico na veia. O reitor da UFRJ sabe o que está em jogo. Este governo só não deu certo porque não se habilitou como deveria pra cumprir a agenda de ataques aos Direitos Sociais, indispensável às condições de acumulação após a crise de 2008. Uma agenda que está explicitada em seus pontos fundamentais no artigo que Armínio Fraga escreveu no ano passado no "Estadão".
Diante dessa "estratégia para o futuro", talvez seja recomendável o mal menor da manutenção do decurso de prazo.
SRN

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UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro fez uma transmissão ao vivo.
15 h
Roberto Leher, reitor da UFRJ

segunda-feira, 4 de abril de 2016

O problema da precarização dos trabalhadores e da classe média enraivecida

Reparem como a hegemonia da direita restringe a luta política. O “semipresidencialismo” golpista, coordenado por Fernando Henrique, em regresso notório por tornar ao Parlamento o monopólio da política, desprezando e criminalizando o ativismo social, pode ser uma prévia da agudização da recidiva fascista. Curiosamente, um “mal menor”. Daí a importância de valorizar a política, ao invés de desqualificá-la, contra todo tipo de esvaziamento proveniente do discurso “técnico”’ e de “gestão’ do regime. Classe média enraivecida e trabalhador precarizado, hegemonizado pela direita, termina no fascismo.


4/4/16, uma data cujo valor simbólico contempla uma luta permanente contra o regresso


Hoje faz 48 anos do assassinato de Martin Luther King. E o terrífico do seu sacrifício aparece na futilidade com que aparenta revestir-se pela força do retorno da direita no espaço global.

Em seu “Dicionário da Política”, Bobbio, no verbete “fascismo”, faz um resumo das suas principais vertentes teóricas explicativas. Escolho a marxista. Nela o fascismo aparece como a forma mais extremada de ditadura burguesa, em que a coerção alcançou seu grau máximo. Não apenas um instrumento do grande capital, mas também com a função contra-revolucionária de ataque aos trabalhadores. Denunciariam os pós-modernos o caráter teleológico. Pouco importa. Até pela pouca importância a que se reduziram.

Importante do verbete de Bobbio são dois aspectos da gênese do fascismo que se perderam em virtude da homogeneização da II Guerra.

O primeiro deles, a expressão, na Itália de Mussolini, de um movimento de classe média, tanto contra o proletariado, quanto contra a burguesia.

O outro, presente em setores do próprio proletariado, que o enxergavam como uma espécie de “bonapartismo”, “cessão temporária do poder político  a uma terceira força  e por uma relativa autonomia  do executivo em relação às classes dominantes, tornadas possíveis graças a uma situação de equilíbrio entre as principais  forças de classe em ação.”

Não vale uma reflexão, na medida em que o tempo histórico, do assassinato de King até os dias de hoje, já está mais do que evidente não ser linear, factual, muito menos evolutivo?

domingo, 3 de abril de 2016

Se Fernando Henrique é contra, vale pensar ser a favor


Hoje, no “Estadão” ( já que paulista cultiva tanto suas elites, haja vista o pato plagiado da Fiesp, por que não uma forma superlativa mais sintética, elegante, por que não, ao invés de "Estadão", "Estadíssimo"? E campeonato brasileiro, por exemplo, “brasileirão”, por que não "brasileiríssimo" (mas, aí, não condiz com o pato plagiado da porta da Fiesp)?), Fernando Henrique, após historiar suas posições passadas a respeito do impeachment de Collor - em que só se decidiu quando comprovado o “malfeito” do Fiat Elba, embora temesse o resquício autoritário da ditadura recente -  e da tentativa sobre Lula, ainda no primeiro mandato, a propósito do “mensalão” – em que temeu criar um mito derrubado pelas “elites” -, agora está com a consciência tranqüila pelo tempo que passou do lulopetismo e que o convenceu de que se trata da “corrupção da democracia sob os auspícios de governos petistas.” Nenhuma novidade analítica do sociólogo do truísmo. O problema não está em uma eventual contribuição acadêmica, cujos efeitos, de resto, não alteram a vida. Cumpre atenção à malandragem política que esconde a preocupação que demonstrou com a eventualidade de eleições diretas pra resolver o impasse político. Brandiu logo o respeito à Constituição, logo ele o fomentador do “semipresidencialismo”.
Será que só, por isso, não vale a pena pensar nas eleições diretas como uma alternativa?
SRN

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Pra que o sobrinho de Napoleão se temos Fernando Henrique?

Não vivemos uma crise de hegemonia. Não há um impasse decorrente de um equilíbrio de forças. O trabalho não ameaça o capital. Longe disso: a recidiva liberal produziu, sobre a erosão da institucionalidade da proteção da força de trabalho, greves defensivas contra o avanço da predação, somadas ao ressentimento de uma massa de trabalhadores jovens, confusa, que saiu às ruas em junho de 2013, exposta a opções de atividades desqualificadas, mal remuneradas, voláteis, sem quaisquer garantias. A terceirização afirma-se um truísmo. Afinal, mais ordem, mais deveres, menos direitos.

Em tais condições, dispensa-se o bonapartismo. A política pode resolver o problema, isolando o poder. "Semipresidencialismo".

SRN