sábado, 28 de fevereiro de 2015

Stedile na Carta capital

"Infelizmente, o governo Dilma começou mal, pois deu sinais de aceitar as pressões da direita e a agenda neoliberal. Errou ao compor um ministério com representações conservadoras e ao anunciar cortes de direitos dos trabalhadores. Ao aceitar o projeto de lei que abre para o capital estrangeiro a área de saúde. Errou ao demorar em tomar uma atitude mais incisiva e demitir a diretoria da Petrobras, instalar uma comissão da sociedade para uma auditoria e salvar a empresa da sanha de quem quer privatizar o acesso ao pré-sal. Tudo isso leva à perda da base social que a havia apoiado no segundo turno. Espero que o governo se recupere. Da nossa parte, nos mobilizaremos para reverter essas medidas equivocadas."

"O anúncio do impeachment é uma tática da direita para pressionar e acuar o governo. Para que ele tenha medo de fazer as mudanças que o povo votou e quer no segundo mandato. A tática é sangrar o governo, desgastá-lo para colher os frutos em 2018. O processo de impeachment não tem base legal. Não há responsabilidades da presidenta em nenhum crime. É uma tática burra, inclusive, pois daria motivos para a sociedade se mobilizar em defesa da democracia e da legalidade. E daria aos movimentos o direito de pedir o impeachment de todos os governadores acusados de fraudes, de todos os prefeitos. Ninguém sabe no que daria."

SRN

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Caricatura dos Irmãos Roberto

A caricatura dos irmãos Roberto, que,aliás, nunca chegaram perto de uma prancheta, mas queriam lotear o Jardim Botânico em estúdios de televisão.

SRN



sábado, 21 de fevereiro de 2015

Brizola x Cartel de ônibus


Um percurso pelas edições do Globo, disponíveis no acervo digitalizado do jornal, a partir de 11 de dezembro de 1985, quando Brizola encampa as 16 empresas de ônibus do Rio, é um exercício interessante pra se conhecer a construção de uma campanha de desestabilização de um governo legítimo, eleito por voto popular, na primeira eleição direta pra governador em quase 20 anos de ditadura. Da perplexidade inicial, pela encampação com que, preparada em sigilo, Brizola surpreende, ao ataque contumaz de porta-voz dos empresários, são edições sucessivas que expressam um tipo de poder que já passou da hora de ser enquadrado.

14 de dezembro de 1985: “Ex Donos Vão Pedir 10 Vezes mais pelas empresas Encampadas’

Uma primeira página que é um primor de vilania. A nota da Firjan afirma que o Governo não demonstrou competência pra operar serviços públicos, como se as empresas privadas a tivessem. No mesmo parágrafo, logo a seguir, o jornal, querendo ratificar a nota, diz que o governo do Estado agora passará a ser dono de um motel, em Nova Iguaçu, “Motel Paradise”, que pertencia à Viação Mageli, também encampada. Será que os leitores do Globo eram tão estúpidos que não percebiam o péssimo disfarce arranjado pelo editor. Quem lê aquilo, de imediato se pergunta: o que faz um motel entre os bens de uma empresa de ônibus?

Porém, a cereja do bolo ainda estava por vir. No último período do parágrafo: funcionários da empresa encampada, aos berros:

“Queremos o patrão.”

SRN


quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Doutor Sócrates: a incoerência coerente

Quando veio pro Flamengo, no meio da década de 80, já não era mais o "Doutor Sócrates", do passe perfeito, o calcanhar único de ante-visão. Queria viver o Rio e virar o carioca em que todos se transformam venham de onde for. Merecia o Rio, assim como o Brasil mereceu a "Democracia Corinthiana' que ajudou a implantar num dos ambientes mais reacionários e obscurantistas que é o mundo da bola. Uma experiência simbólica, em que não havia distinção de "classe", presidente, diretor, jogadores, roupeiros todos tinham um único e igual voto pra decidir a vida do Corínthians (pra desgosto do goleiro Leão, como era típico), num momento de transição política que nos daria o maior movimento de massas da história do país: as 'Diretas Já", em 84, que se frustaria, num Congresso que se sabia viciado pela ditadura rumo a um colégio eleitoral para a "Nova República" (a sorte de Tancredo foi ter morrido e assim poder entrar pra história). 

Talentoso também com as palavras, escrevia bem expondo-se com todas as suas contradições, que, ao contrário das dos oportunistas, era o próprio fígado. Pois as contradições dos oportunistas não têm risco e logo resolvidas com a oferta disponível, ao passo que contraditórios como Sócrates são daqueles que, mudando a realidade, mudam o discurso, aparentando apenas incoerência. É, por isso, que o mesquinho prega a coerência a todo custo. Reparem.


SRN aos 61 anos do Doutor


Mira Descalibrada

Está errado o enfoque sobre a disputa de inocência. Ninguém é puro, aliás, não há vestal na vida. O cerne da discussão é a inadequação de se premiar uma escola cujo enredo exalta uma ditadura, sobretudo nesses tempos de recidiva reacionária.

SRN


"Cabralice e o bilhão das empreiteiras no paraíso do maracanã de Blatter, marin e vírus anexos"

Qual escola seria perfeita pra desfilar com este enredo no ano que vem?

SRN


Latifúndio quer grilar um pedaço de terra pra aumentar a quadra da Beija-Flor


quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

A Freira e a Fauna

Tenho lido que é um exagero as críticas ao título da Beija-Flor, pois que, no mundo do carnaval, não há freiras nem padres, tampouco pastores. Graças a Deus.  De qualquer modo, não se trata de atestado de inocência, pois que ninguém é puro nem mesmo nós que somos impolutos e exemplos de caráter, sem nunca ter cometido um deslize na vida.Trata-se, porém, de uma questão simbólica, num contexto de recidiva reacionária, que nos deu o morto-vivo Bolsonaro, passeatas de lobos idiotas e caricaturas de roqueiros pedindo a volta da ditadura, além de ajustes econômicos de perfil neoliberal dos anos 90. Agora, a cereja do bolo:

Um enredo premiado, com o maior patrocínio da história do carnaval, pra exaltar uma ditadura. É, por isso que a Beija-Flor tem de ver este título criticado e desmoralizado à exaustão. 

SRN


Sugestão de enredo pra Beija-Flor campeã - é certo - de 2016


"A Revolução Redentora no Reino Anedótico do Papagaio D'Além Mar."

SRN


Dito Popular

"Quem só fala muito dá bom dia a cavalo."

SRN


Portela x Mr. M High Tech

Águia da Portela corta o cordão de isolamento com que Mr. M High Tech quer apartar o samba.

SRN


segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Caprichosos de Pilares

Hoje de madrugada, no sambódromo, no Grupo de Acesso, a Caprichosos de Pilares retomando uma característica histórica: a crítica de humor com um carro alegórico que é uma maravilha.

SRN


sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Feliciano desarquiva projeto criacionista para escolas

SRN

http://mauriciotuffani.blogfolha.uol.com.br/2015/02/12/feliciano-desarquiva-projeto-criacionista-para-escolas/?cmpid=%22facefolha%22




quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Racismo: agora no Catete

Na agência do Banco do Brasil. Cliente, 70 anos, irritado por esperar o atendimento igualmente prioritário de quem lhe estava à frente, reclamou que a caixa, uma moça negra, tinha de, ao invés de estar ali, “varrer o chão da rua.” Com toda a tranquilidade, a caixa saiu, chamou a polícia e a prova de que o racista também envelhece foi levado à delegacia que, espero, sofra as conseqüências, sem chorumela. 

Nada de lei Scollari, pra quem “isso é coisa do jogo”.

SRN


Pré-Sal


Múmia de lá, Múmia de cá


terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Doutor

Faz falta, até pelas suas contradições.

SRN




Com quantos anos deixamos de acreditar em Papai Noel?

A despeito da existência do prelo de Guttenberg, a imprensa só pode se tornar um fenômeno de massas a partir do que Hobsbawm chama de “Revolução Dual”. De fato, indústria e Estado-Nação. Os meios estavam disponíveis para a socialização da língua e dos símbolos pátrios. Parece que a História, como disciplina universitária, também se inscreve neste processo do dezenove, a serviço de uma narrativa política da nação conveniente aos interesses do Estado.

 A imprensa não é um carro coreano, nada tem de valor de uso, atuando, ao contrário, justo no campo dos valores, do simbólico, da identidade. O que acham do que se verifica hoje, quando, sob o argumento de liberdade de imprensa, que mais parece – aliás, mais do que aparência, substância – liberdade de empresa, do seu comportamento em face da regulação da mídia?


A imprensa, por seu alcance de massas, constrói discursos, atribui sentidos. A seleção passa a ser a pátria de chuteiras. Cartunistas passam a ser a vaca sagrada da liberdade. A própria imprensa, aliás, torna-se um tabu. Atingi-la é ferir as liberdades públicas. Não já passamos da idade de acreditar em Papai Noel?

SRN


segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Os Canônicos da Lei Rouanet

Tudo que uma empresa investe em projeto cultural é abatido integralmente no imposto de renda. Parece uma maravilha. Ocorre que capital não aceita desaforo, vive pra se reproduzir e tem mesmo, por isso, de investir no simbólico, fundamental hoje no estágio do capitalismo. A roda da fortuna só não é tão espetacular porque renúncia fiscal é interesse público, exige explicação pública. Como se trata de marketing puro, os beneficiados são sempre os mesmos, os artistas de grande visibilidade e boas relações que podem “fazer a imagem da empresa."

Outro dia, aqui no rio, no Viva Rio, um espetáculo pavoroso, de colonização mental, indigente, um musical da Cláudia Raia transpondo literalmente uma situação caipira do interior dos EUA. Ora, renúncia fiscal não é pra beneficiar mercadoria da indústria cultural, barata, fuleira como qualquer outra. É pra experimentação de linguagem, pra quem não faz parte da roda da fortuna midiática.

SRN


domingo, 8 de fevereiro de 2015

Quem Acredita no Mito do Cartunista Iconoclasta Libertário?

Faz um mês do assassinato dos cartunistas franceses. E não cabe considerar nem argumentos de “fatura compensatória”, uma espécie de troco do Oriente ao Imperialismo Ocidental, tampouco desqualificar quem procura tentar entender o que ocorreu como cúmplice de assassinos. Idiotas e hipócritas, de resto, continuam sempre a postos.

Entretanto, uma das conseqüências é refletir sobre o mito do suposto cartunista iconoclasta libertário, como se fôssemos todos portadores de uma pureza à que nada nem ninguém pode macular na sua perfeição. Certo, ler ‘O Humor’, de Freud, talvez canse. Mas, ver as charges da época do golpe de 64, publicadas na grande imprensa, certamente, não. Aliás, ler o texto do historiador Rodrigo Patto sobre as representações verbais e visuais da grande imprensa, entre 64 e 69, também não.

A propósito, como havia cartunista reacionário e golpista: Hilde, Brigante, Orlando Mattos. 

Havia?

SRN




sábado, 7 de fevereiro de 2015

Jango, o Golpe e a Analogia

Os estudos históricos sobre o golpe de 64, bem como sobre a ditadura (há diferenças, acreditam alguns), ganharam complexidade na última década. São vários – e de abordagens teórico-metodológicas distintas – os grupos acadêmicos nas universidades públicas. Sob a Nova História, a perspectiva relacional, revalorizando a autonomia da política e dos agentes, abriu-se também pra toda sorte de revisionismo, até os que justificam determinadas interpretações do golpe e da ditadura em favor dos golpistas e ditadores.

Daniel Aarão Reis, historiador e professor da UFF, vive no olho do furacão acadêmico e, em entrevista recente, falou da necessidade de se investigar a apatia da resistência ao golpe, haja vista a popularidade do governo Jango, com 70% de apoio, conforme fontes de pesquisas de opinião pública da época, depositadas na Unicamp. Por outro lado, reconhece que, para época, reformas como o voto do analfabeto e a lei de remessa de lucros eram inassimiláveis pela direita. Era, nesse contexto, que se disputava a opinião pública.

Calculem o que não significam hoje as reservas do pré-sal e a regulação da mídia?

SRN




quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Revista Maracanan / UERJ


Minha ilustra na Revista Acadêmica da UERJ, Maracanan, cujo tema é "O Golpe de 1964 e seus desdobramentos: lutas, artes, repressão e memória".


SRN

http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/maracanan/issue/current/showToc





Ilha Fiscal


domingo, 1 de fevereiro de 2015

"O Cometa Itabirano"

Quem desenha e faz história tem sorte dobrada. Quando o historiador Fábio Kuhn, redigindo seu projeto de doutorado, encontrou num casarão antigo, sede do Arquivo Público Municipal, em Laguna, Santa Catarina, inventários e testamentos do século XVIII, tive a sorte de fazer a ilustração em que ele conta a aventura pra página “A História do Historiador” da Revista de História da Biblioteca Nacional.

Agora, de novo, num sebo da Praça Tiradentes, fico sabendo, através de um dos donos da “Academia do Saber”, parente do Grande Artista Itabirano, Genin Guerra, da relação que este manteve com Drummond, o Monstro Sagrado Itabirano. A explicação vem do próprio Genin:


“A história é longa, começou em 1979. Itabira, minha cidade natal, fica a 100 km de Belo Horizonte e na minha época (e ainda hoje), muitos estudantes completavam os estudos na capital. Foi o meu caso. No final dos anos 70 ainda vivíamos a ditadura militar e muitos de nós militávamos no movimento estudantil. Uma turma de amigos e eu, insatisfeitos com os jornais que circulavam em Itabira com conteúdo fútil das colunas sociais, resolvemos criar um jornal inspirado no Pasquim, jornal Movimento, Opinião etc. O jornal se chama (ele ainda existe) O Cometa Itabirano e um dos objetivos era divulgar a obra do nosso conterrâneo mais famoso: O Drummond. Na época, muita gente torcia o nariz por causa dos versos: " Itabira é apenas um retrato na parede, mas como dói".

SRN