sábado, 29 de dezembro de 2012

Mário Filho, Grande Rubro-Negro

"Por que o Flamengo tornou-se o clube mais amado do Brasil?

 Porque o Flamengo se deixa amar à vontade."

SRN


quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

"No Mar Estava Escrita Uma Cidade."

Por Máximo

"No mar estava escrita uma cidade", Carlos Drummond de Andrade, a quem perguntei, como podem ver, qual outro poema significaria bem o Rio. 


Aproximei-me e ele me disse:


"Raul, Leandro, Marinho, Mozer e Junior;
Andrade, Adílio e Zico;
tita, Nunes e Lico.

SRN


quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Cobrança de Aluguel

Por Máximo


Indispensável cuidado com o anacronismo. 


Leandro, o grande Peixe Frito, foi craque - o maior lateral - de um contexto distinto. Mas, impossível passar incólume quando lembro o que este Monstro Sagrado fazia no Maracanã, a precisão refinada, diante da loteria que o empresário da mercadoria Wellington Silva andou fazendo no leilão que, ao que parece, acabou em tricolagem. 

A Gávea deveria cobrar da unimed o aluguel pelo uso da camisa do grande Peixe Grito.

SRN


segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Peru Pasteurizado


 Por Máximo



Companheiro de peladas nas ruas de Vila Isabel, soube que 28 estava diabético, procurei-o, mas, irascível, preferi deixá-lo em paz. Sua filha pretendeu desculpar-se, dizendo que eu já deveria saber como era o pai: "o diabetes só piorou o que já estava ruim". Calculo 28 pulando numa perna só, a muleta pendurada no prego da parede, Macau, o cachorro ("escreva o nome dele direito, porra, com letra maiúscula!"), alguns livros, o Flamengo na televisão sem som, porque 28 sempre gostara de ouvir a narração pelo rádio, além de não suportar o Galvão. 

Tentei de novo:

E aí Vinte?

"Sabia que era você, Máximo.  Não ia perder a chance da chorumela. Já preparei até o improviso.  Está aqui enrolado na muleta. Seguinte:
Balanços de fim de ano são indefectíveis. Entretanto, nunca os fiz. A ironia silenciosa diante da propaganda que nos traz famílias pasteurizadas, sem nenhuma contradição, ou em face de revisões em que a crítica sempre tem o outro como alvo, que é sempre o filho da puta, afinal somos bons, perfeitos, somos "do bem". Aliás, "do bem", "meio que", "assim" são expressões da moda em relações às quais não tenho a menor paciência. Como vê, o ranzinza sou eu, social e praticamente inviável. A vantagem é que fico livre pra vincular-me a quem gosto. Só sobrou, então, a minha filha. Gosto muito dela, dela não querer nunca mais me afastar. Este ambiente aqui parece que só se completa quando ela aparece. Por falar nisso, Máximo, não quer fazer um desenho pra mim?"

Faço.

"Ou o Michael Jackson ou Bob Marley. Ela se amarrra. Um abraço e Saudações Rubro-Negras."

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

TVFLA #32 - ESPECIAL 1981 - ÍNTEGRA

Por Máximo

Hobsbawm, que gostava de futebol, deve ter sabido que o Flamengo inverteu seu raciocínio historiográfico, com verdadeiros mitos fundadores de um Estado-Nação Rubro-Negro: 

Raul, Leandro, Marinho, Mozer e Junior; Andrade, Adílio e Zico; tita, Nunes e Lico.

Este vídeo é uma pintura à memória que instala a lembrança no sagrado em vermelho e preto. 

SRN





terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Obama poderia embarcar no Zeppelin

Por Máximo

A maior banda de todos os templos. Plant, Page e Jones, para não falar do grande Bonzo ( o maior baterista que houve, morto engasgado por álcool).
Quem sabe, nos limites que cabem ao homem de fazer a própria história, Obama não poderia aproveitar esses monstros sagrados e mudar a nota do imperialismo country?

SRN



http://bit.ly/Vgt9BB

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Valeu Zagueiro, Campeão Brasileiro de 80

O ex-jogador do Flamengo Alberto Gonçalves, o Manguito, de 59 anos, morreu na noite deste domingo, na Lapa, região Central do Rio. Ele participava de um evento no local quando passou mal e teve um infarto fulminante.

Leia mais: http://extra.globo.com/esporte/flamengo/morre-manguito-ex-jogador-do-flamengo-que-participou-da-conquista-do-campeonato-brasileiro-de-80-7070268.html#ixzz2FKKNildi



sábado, 15 de dezembro de 2012

Eric Hobsbawm e o Futebol


 Por Máximo

Recebi o texto abaixo num e-mail que me me enviou o filósofo e professor da UFRJ, Marildo Menegat. A companhia de Hobsbawm é excelente, sobretudo para quem - se isso ainda é possível -  tem preconceito em relação ao futebol - o que, de resto, não implica cancelar a crítica e ter de aturar platitudes: "futebol eficaz", "empreendedorismo da bola", "auto-ajuda do pensamento positivo de um campeão", típicas de quem, embora reprovado no concurso para o Banco do Brasil, teria adquirido o hábito da leitura, aperfeiçoado a capacidade crítica para evitar igualmente rançosas platitudes como a de que Pinochet prendeu, matou, torturou, mas também fez boas coisas. 

SRN




Para Hobsbawm, o futebol bem praticado não era apenas um esporte. Era arte e paixão popular, ou culto proletário de massa. O comentário é de Raul Milliet Filho, doutor em História pela USP, professor, pesquisador e especialista em políticas sociais na área pública em artigo publicado pelo blog de Juca Kfouri, 21-10-2012.


Eis o artigo


Eric Hobsbawm, um dos maiores historiadores do século XX, falecido em 1º de outubro último, trilhou caminhos pouco frequentados pelo mundo acadêmico. Dentre tantos outros temas, conhecia jazz, artes plásticas e futebol, jogo que está, por exemplo, no seu A Era dos Extremos: “O esporte que o mundo tornou seu foi o futebol de clubes, filho da presença global britânica… Esse jogo simples e elegante, não perturbado por regras e/ou equipamentos complexos, e que podia ser praticado em qualquer espaço aberto mais ou menos plano do tamanho exigido… tornou-se genuinamente universal.”


Tomei contato e conhecimento do interesse de Hobsbawm pelo futebol em 1976. Para minha alegria de botafoguense apaixonado e historiador recém-formado, soube do seu gosto pelo futebol. Torcedor do Arsenal, ele não só gostava como entendia do jogo. E isto era raro.



Afinal, como disse certa vez Edgar Morin: “o estudo dos fenômenos desacreditados é igualmente desacreditado”. E, naquela época, nos meios universitários do Brasil e de todo o mundo, nada mais desacreditado que o futebol. Os professores doutores, salvo raras exceções, eram típicos intelectuais de laranja, cunhados por Nelson Rodrigues, que não sabiam bater nem um reles escanteio. Olhavam o futebol com o nariz em pé.



Assim que soube da novidade, recorri ao amigo e sociólogo Luciano Costa Neto, que começara a traduzir A Era do Capital para o português. Encaminhei, por Luciano, algumas perguntas por escrito a Hobsbawm em um dos encontros que tiveram para ajustar pontos da tradução.



Na resposta, devidamente anotada por Luciano, Hobsbawm falava que não só o futebol era um assunto de relevo para os historiadores, mas contava da sua admiração pela seleção brasileira e por dois jogadores em particular: Gerson e Tostão. E ia além, relembrando dois jogos da Copa de 70: Brasil x Itália e Brasil x Inglaterra. Deste último jogo retinha na memória a trama do gol brasileiro feito por Jair.



E não foram citados apenas Tostão GersonHobsbawm disse a Luciano da sua decepção em nunca ter visto Garrincha atuar em campo.



Quase 20 anos mais tarde deixaria registrado: “…e quem, tendo visto a seleção brasileira em seus dias de glória, negará sua pretensão à condição de arte?…” (A Era dos Extremos), Para Hobsbawm, o futebol bem praticado não era apenas um esporte. Era arte e paixão popular, ou culto proletário de massa.



Autor de livros que inovaram a compreensão do mundo contemporâneo: A Era das Revoluções (1789–1848); A Era do Capital (1848–1875); A Era dos Impérios (1875–1914) eA Era dos Extremos (1914– 1991), encantou leitores e críticos de várias correntes do pensamento, independente de filiação ideológica ou político-partidária.



Marxista, avesso a análises reducionistas e dogmáticas, Hobsbawm foi um estilista erudito e original, senhor de uma narrativa leve e sofisticada, respeitado até mesmo por críticos contundentes, como Tony Judt.



Em um dos seus textos afirmou que um historiador social não podia negligenciar nem a economia nem Shakespeare. Deveria analisar não somente os aspectos econômicos da vida em sociedade como as idéias, a linguagem e o imaginário coletivo.



Foi exatamente isto que ele fez em seus escritos. O contraponto entre as relações econômicas e culturais está presente em sua vasta obra, inclusive quando aborda o futebol, como nesta passagem de Mundos do Trabalho, recuando ao período de profissionalização/popularização do futebol inglês.



“O futebol como esporte proletário de massa – quase uma religião leiga – foi produto da década de 1880, embora os jornais do norte já ao final da década de 1870 houvessem começado a observar que os resultados de jogos de futebol, que eles publicavam somente para preencher espaço, estavam na verdade atraindo leitores. O jogo foi profissionalizado em meados da década de 1880…”



O surgimento dos Esportes Modernos (dentre os quais o futebol) na segunda metade do século XIX foi analisado por Hobsbawm em sintonia à consolidação do Estado-Nação da era moderna.



Em A Invenção das Tradições (escrito com Terence Ranger), o futebol é identificado como uma entre muitas formas de expressão e símbolo da nacionalidade, como mais um modo de coesão necessário à nação moderna.



Discorrendo sobre as décadas de 1880 e 1890 na Inglaterra, Hobsbawm reafirma a importância do tema: “Pela história das finais do campeonato britânico de futebol podem-se obter dados sobre o desenvolvimento de uma cultura urbana operária que não se conseguiram através de fontes mais convencionais.” (A Invenção das Tradições).



Ainda em A Invenção das Tradições, Eric Hobsbawm volta seu olhar para o vestuário operário, associando a utilização do boné como meio de identificação e expressão de classe fora do trabalho. E mais uma vez, o futebol é mencionado: “Na Grã-Bretanha, ao menos, segundo indícios iconográficos, os proletários não eram universalmente relacionados ao boné antes da década de 1890, mas no fim do período eduardino – como provam fotos de multidões saindo de jogos de futebol ou de assembléias – tal identificação era quase completa. A ascensão do boné proletário ainda está à espera de um cronista. Ele ou ela, supostamente, descobrirá que sua história tem relação com a do desenvolvimento dos esportes de massa, uma vez que este tipo específico de chapéu surge a princípio como acessório esportivo entre as classes alta e média.” (A Invenção das Tradições)



O vínculo entre o boné, o futebol e o vestuário dos trabalhadores ingleses é ainda mais forte e estreito do que Hobsbawm supunha. Pelo regramento do futebol inglês, a presença do juiz data de 1863. Mas por 21 anos o poder do juiz ficaria subordinado aos capitães das equipes. E os capitães ou “reclamadores” utilizavam um bonezinho para se diferenciarem dos demais. Boné que em inglês é cap. De cap para capitão foi um pulo. O fato é que o reclamador ficou conhecido como o capitão do time, produto deste antigo costume britânico. Assim, é possível depreender que a utilização do boné (cap) pelo capitão (ou reclamador) no futebol foi um dos fatores que contribuiu para a disseminação do boné entre as classes populares inglesas e, posteriormente, em quase toda a Europa Ocidental. 



Para Hobsbawm, não apenas a história do vestuário proletário não foi escrita mas também a da cultura do futebol na transição do século XIX para o século XX, na Inglaterra: “A natureza da cultura do futebol neste período – antes de haver penetrado muito nas culturas urbanas e industriais de outros países – ainda não foi bem compreendida. Sua estrutura socioeconômica, porém, é mais compreensível. A princípio desenvolvido como esporte amador e modelador do caráter pelas classes médias da escola secundária particular, foi rapidamente (1885) proletarizado e portanto, profissionalizado; o momento decisivo simbólico – reconhecido como um confronto de classes – foi a derrota dos Old Etonians pelo Bolton Olympic na final do campeonato de 1883.” (A Invenção das Tradições).



Entre 1890 e 1914, a popularização do futebol inglês registrou um crescimento avassalador. Os jogadores de futebol eram oriundos das fábricas, escolhidos entre os operários mais habilidosos, ao contrário do que acontecia no boxe, onde o critério de escolha levava mais em conta a força e o tamanho dos futuros atletas.



Em A Era dos Impérios, Hobsbawm identifica a existência de cerca de 1 milhão de jogadores de futebol na Inglaterra antes de 1914 frente a uma população geral de cerca de 31 milhões de habitantes.



Abordando o período entre guerras (1918-1939), destaca o papel do esporte e do futebol em particular, representando cada vez com mais força uma expressão de luta nacional e identificação dos indivíduos com a nação, tendo como símbolos mais próximos os atletas: “A imaginária comunidade de milhões parece mais real na forma de um time de onze pessoas com nome. O indivíduo, mesmo aquele que apenas torce, torna-se o próprio símbolo de sua nação.” (Nações e Nacionalismo desde 1870, p. 171).



Uma lembrança do então menino Eric Hobsbawm, é descrita: “O autor se lembra quando ouvia, nervoso, à transmissão radiofônica da primeira partida internacional de futebol entre a Inglaterra e a Áustria, jogada em Viena em 1929, na casa de amigos que prometeram descontar nele se a Inglaterra ganhasse da Áustria, o que, pelos registros, parecia bastante provável. Como o único menino inglês presente, eu era Inglaterra, enquanto eles eram Áustria. (Por sorte a partida terminou empatada). Dessa maneira crianças de 12 anos ampliavam o conceito de lealdade ao time para a nação.” (Nações e Nacionalismo desde 1870).



Mas, para quem, como Hobsbawm, toda História é História contemporânea disfarçada, o futebol globalizado, controlado por empresas transnacionais não poderia ficar de fora do alcance de sua pena.



O intrincado jogo de interesses entre a FIFA e os grandes clubes internacionais, com seus conflitos de grandes proporções, à primeira vista inconciliáveis, foi abordado em Globalização, Democracia e Terrorismo: “… a lógica transnacional da empresa de negócios entrou em conflito com o futebol como expressão de identidade nacional…



… Do ponto de vista dos clubes, provocaram um considerável enfraquecimento da posição de todos aqueles que não estão no circuito das superligas internacionais e dos supertorneios e em especial nos clubes dos países exportadores de jogadores, notadamente nas Américas e na África. A crise dos outrora altivos clubes de futebol do Brasil e da Argentina o comprova…” (Globalização, Democracia e Terrorismo).



Apesar da importância e da prevalência dos superjogadores e dos superclubes sobre os interesses nacionais, o historiador assinala que os objetivos de poder da FIFA têm tido força para manter, impor e ampliar a realização das Copas do Mundo como evento mais importante do futebol mundial.



Assinalaríamos apenas, ampliando e aprofundando as conclusões de Hobsbawm, que a lógica econômico-financeira das Copas do Mundo acabou por entrelaçar-se com os objetivos do grande capital internacional. Isto foi possível graças à aliança da FIFA com os mesmos interesses que dirigem os superclubes, para a realização das Copas do Mundo. Até mesmo a escolha de países como a África do Sul , Brasil e Qatar, mais maleáveis a negócios extra-campo, demonstra isso.



Não se sabe até quando este equilíbrio instável e contraditório de forças no futebol mundial poderá ser mantido, tendo em vista que não está em jogo apenas a sobrevivência dos interesses nacionais e dos clubes, mas do próprio futebol como cultura popular.



Em a “História Social do Jazz”, talvez o seu melhor livro sobre cultura popular, Hobsbawm questiona a pasteurização da cultura pré-industrial pelo rolo compressor da sociedade contemporânea, citando o jazz como exemplo de resistência e manutenção de suas origens: “O jazz é o mais importante desses exemplos. Se eu tivesse de fazer um resumo da sua evolução em uma só sentença eu diria: é o que acontece quando a música popular não sucumbe, mas se mantém no ambiente da civilização urbana e industrial”. (A História Social do Jazz).



Aqui cabem duas indagações: será que o futebol atual, em particular o brasileiro, tal como o jazz, também não sucumbiu diante das pressões da civilização urbana e industrial? Ainda é possível falarmos do futebol como arte e cultura popular?

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Vale Ser Brasileiro


Por Máximo

Quais são as palavras? 

Todas são suficientes. 

Quem veio dos anos setenta, viveu os oitenta, sabe do novo significado do que poderá ser dito sobre a maravilha que representa esta foto. 

De fato, vale a pena ser brasileiro.

SRN.

Mãe do Presidente do STF na posse do filho



quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Estado-Nação Rubro-Negro: 117 anos rijos


Por Máximo


É sabido que o nacionalismo é uma espécie de Geni. Vai com qualquer um, à direita, ao centro, populista, positivista, até à esquerda, quando convém à estratégia. Hobsbawm escreveu que o Estado precede a nação, e a pós-modernidade, pelo menos em discurso já menos hegemônica, sujeita à crítica, tentou diluir o Estado-Nação. 

Somos Rubro-Negros e a identidade que construímos possui até seus mitos fundadores: 


Raul, Leandro, Marinho, Mozer e Junior; Andrade, Adílio e Zico, tita, Nunes e Lico.


SRN


terça-feira, 13 de novembro de 2012

Uma fossa séptica para as fezes impressas

Por Máximo


O "Meia Hora" talvez seja a síntese da imprensa nacional. 

Francamente, há muito mais dignidade na rua Ceará do que em qualquer metro linear dessa tubulação de esgoto que escoa os detritos mentais de quem faz uma capa desse tipo. Acham que são engraçados. 

Deveriam, ao menos, ser babacas, do tipo do CQC paulista ou do Casseta daqui. Mas nem isso.

Se há no Brasil alguém que mereça panegírico, basta a legenda, em caixa alta: 

OSCAR NIEMEYER.

SRN






segunda-feira, 12 de novembro de 2012

domingo, 11 de novembro de 2012

Paradigma Rubro-Negro

Por Máximo

Rubros-Negros somos epistemologicamente distintos. É uma espécie de paradigma do mundo da bola, uma forma de conhecer que nada tem a ver com títulos de circunstâncias. Ser Rubro-Negro é o que basta para ver o que acontece: de um Lado, Rubro-Negros, Patrimônio Imaterial Carioca, do outro o resto, resto do Rio.

SRN


sábado, 10 de novembro de 2012

Se a Vila canta o Brasil, a cantada é lamentável


Por Máximo



Andando pela VINTE OITO, passo em frente à quadra da Vila. E o carro de som:

"Depois da feijoada, o nosso enredo: a Vila Canta o Brasil."

Cantada barata. Lamentável. Lembrei-me da "Paixão de Cristo", indefectível, toda a Semana Santa no "poeirinha" onde hoje é um supermercado. Aquele antigo cinema aqui da Vila talvez não vacilasse, como apregoava Noel, sobre "quem nasce lá na Vila nem sequer vacila." Logo, a Vila. Mas, de resto, seria diferente a Vila?

A multinacional Monsanto patrocina o carnaval da escola. E o Brasil, rei das comoditties. Pelo menos nisso a Vila é útil, num arremedo do anti-panegírico que nos caracteriza, bem como a Noel, e nos faz lembrar da espécie de recidiva da antiga divisão internacional do trabalho colonial na qual, organizados para atender ao exterior, vivíamos de exportar primários. 

Certo, carnaval é economia. Pode-se dizer então modalidade da indústria cultural? É cultura enredo ufanista e interesseiro pra pausterizar lucro de multinacional em claro conflito com interesse efetivamente popular? A crítica cultural, que não necessita demolir, mas analisar e compreender, ainda é possível no carnaval cada vez mais caro do sambódromo? Em poucas palavras: existe produto cultural crítico?

SRN

Rede Social


segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Carne Moída

Por Máximo


O moleque acaba a brincadeira.

Querer o controle, apertá-lo da cadeira.

Mas, tem de fazer sua própria história
que pensa a glória pela alheia,
da qual resultam seus desejos, sua visão
apensa na palheta.

Seria não apenas um prazer, atitude? Ilude?

Embora muito conhecido anacronismo
da ideia de alternativo dos sessenta.

No mundo da mercadoria, alternativa é niilismo.
E tudo acaba: o moleque, o pai, a ferida puída,
forma ou outra, em relações com o sistema.

De que modo quero minha carne moída?



SRN




quinta-feira, 1 de novembro de 2012

A tricolagem é sempre por tabela

Por Máximo


A tricolagem não perde o hábito de só conseguir satisfação através do prazer Rubro-Negro. Andava serelepe até o nosso jogo contra o frango com farofa. Uma crise de nervos atroz a acometeu: cravaram as unhas afiadas na própria verruga apenas porque ontem não lhe demos a satisfação suficiente. Vida que segue, como dizia o Grande Saldanha, que não teve tempo para tornar-se, honrada e merecidamente, Rubro-Negro.

SRN


SRN


terça-feira, 30 de outubro de 2012

Ratatá pra Cracudo


Por Tadeu dos Santos, graduado em Ciências Sociais e Direito pela UERJ



Há uma considerável quantidade de filmes a tratar dos zumbis. E são diversos os tratamentos. Zumbis são perfeitamente adaptáveis à comédia, ao terror apocalíptico e ao drama, dentre outros. O traço comum a caracterizar os zumbis é a despersonalização. Sim, zumbis não tem nome, não tem amigos e também não tem família. O andar é comum, pesaroso, arrastado. As expressões também são idênticas. A boca escancarada e nos olhos um misto de terror e vazio existencial.

No período anterior à transformação, a personagem tem nome, família, CPF e identidade. No momento seguinte, contudo, é apenas mais um na multidão. Convola-se então em carne pronta pro abate. Alvejado por bala, fogo ou algo perfurante, o zumbi não se faz destinatário sequer de um enterro mais ou menos cristão. Também não se faz depositário da piedade de quem quer que seja. Afinal de contas ele é apenas e tão somente um zumbi.

Entre nós ganha corpo a comparação cracudo/zumbi.

Os olhos seguem postos no chão à procura de algo que possa ser trocado por pedrinhas. O andar também é arrastado, os olhos, de igual maneira, se fazem desertos de esperanças.

Há homens e mulheres. E há velhos, jovens, adolescentes e crianças. E esses desvalidos não tem nome, nem família e tampouco amigos. São números, meros dados estatísticos. E ainda que soe tão cruel quanto a contagem que se aproxima do dez ao mesmo tempo em que há um corpo sem rosto caído no chão, a conclusão inelutável é que sim, são zumbis. E que o nocaute que se avizinha põe-nos todos, sem exceção, à lona.

Nesse passo, trago à tona o manifesto antiinternação de adultos em que são signatários................

Em apertas linhas, arvora-se o manifesto na defesa da dignidade dos habitantes da rua, dentre eles, claro, os cracudos, afirmando ser de todo inaceitável a internação compulsória.

Separar os cracudos/zumbis por categorias do tipo criança, adolescente e adulto é negar-lhe o nome, a origem e suas relações de parentesco. A ideia ínsita ao adulto é a de alguém que é senhor de sua vontade e livre para decidir o destino que melhor lhe pareça.

Conferir ao cracudo/zumbi o mesmo tratamento dispensado aos adultos, digamos assim, normais, é olvidar-se, ás inteiras, da realidade circundante.

Para quê e a quem serve esse discurso?

Decerto, ao comércio paralelo que viceja à volta da cracolândia. Ali tudo convola-se em mercadoria. Desde panela velha até enxoval antigo. Ouro e bijuterias também servem. Qualquer quinquilharia desde que adquirida por preço vil.

Esse discurso também se faz bálsamo aos ouvidos do traficante. O atendimento é 24 horas e a entrega é em domicilio, haja vista que já estão todos ali pela rua.

Desnecessário dizer que o tráfico envolve a parte podre da polícia e as milícias.

Pois bem, a todos esses segmentos esse discurso se faz música aos ouvidos. São seus grandes beneficiários.

Sim! Eles também se fazem música aos ouvidos de seus próprios prolatores. É uma puta massagem no ego. Eis-me aqui Quixotescamente investindo contra o Estado personalizado na figura pública do Prefeito. Defendo adultos cujos nomes e filiação desconheço. Também não sei se eles tem filhos ou amigos. Dizem que vivem na rua, os dentes andam aos pedaços, trazem o deserto no olhar e os mais céticos dizem que são zumbis. Mais ainda há, decerto, em meio a tudo isso, algum resquício de honra que a mim cabe defender.


Irônico, não? Faz parte da pregação de esquerda o estado multifuncional. Ele é grande. É tentacular. Ocupa-se da saúde, da educação, da segurança, distribui bolsas, organiza o sistema de cotas, legisla acerca do petróleo e é, sobretudo, protecionista. Cheguei a ouvir de gente muitíssimo bem intencionada que preferia a cadeira de uma estatal petrolífera ocupada pelo paletó de um funcionário fantasma do que a exploração do petróleo entregue à iniciativa privada.

Os adultos que não serão internados compulsoriamente estarão mortos em seis meses. A família não terá, nesse momento, condições de arcar sequer com o enterro. Fica, pois, a sugestão:

É de bom alvitre que a par da coleta de assinatura para o nobre manifesto, role também uma vaquinha para o fim de bancar os futuros enterros. Talvez essa atitude não se revista lá da dignidade propalada pelos signatários do documento, mas será de uma utilidade e tanto.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Manifesto Cracudo


Por Máximo

Nas cracolândias, a história que se vê não é baseada nem na raridade nem na abstração. Cracudos estão em quantidade. Cracudos precipitam a exploração. Cracudos estimulam a disputa pelo excedente. Cracudos são um estorvo. Pra que conhecer a realidade, suja, desagradável, limpa de fetiches? Cracudos podem ser moídos. São livres, completamente livres, absolutamente livres: não precisam mover-se entre a sintaxe e a ordem política e social, conforme escreveu Graciliano em "Memórias do Cárcere". Liberdade absoluta só desfrutam os espíritos; em breve, o que serão os cracudos, agora apenas zumbis.

SRN