Por Máximo
O sotaque lusitano na boca de uma negra linda cantando "Morna":
"Se m'sabia
M'k tava ama
Ess morna"
A televisão vira uma moldura, audiovisual que se justifica em pintura, ou pintura que encontra a forma justa do movimento. As veias abertas pelo Atlântico ligando Vila isabel a Lisboa, passando Açores, passando Cabo verde, Lambendo a África.
"Se m'sabia
M'k tava ama
Ess morna"
A televisão vira uma moldura, audiovisual que se justifica em pintura, ou pintura que encontra a forma justa do movimento. As veias abertas pelo Atlântico ligando Vila isabel a Lisboa, passando Açores, passando Cabo verde, Lambendo a África.
"Morna" se dilui, devagar, em vermelho, mais vermelho, praticamente Rubro-Negro agora o sucede "Homenagem à Amália Rodrigues", cujo atavismo está antes da memória, marca do útero úbere da mãe, da avó, na travessia emigrante do Atlântico. A mulher que tanto fascina - a quem o mundo um dia será só seu - não fala feminina na voz sentimental, cantilena de uma fadista. O que dá pra ouvir é o português cuja fala, analfabeta, ainda estaria muito longe de virar brasileiro, como diria Noel Rosa.
A Revolução dos Cravos, imagens de arquivo:
"Todos nós herdamos, lusitanos, seus filhos, uma boa dose de lirismo, além da sífilis, é claro".
Chico Buarque agora canta a linda mulata num fado para avisar, irônico, que "esta terra ainda irá cumprir o seu ideal, ainda vai tornar-se um imenso Portugal".
SRN
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