quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Cidade de Lata



Do sítio www.historiadoesporte.wordpress.com

Por Rafael Fortes

Dura menos de meia hora. 29 minutos e 47 segundos, para ser preciso. Traduzo o título por “Cidade de Lata” e o subtítulo, “O custo irresponsável da Copa do Mundo de 2010″. Tudo que está entre aspas neste texto foi retirado do filme e traduzido por mim.

O roteiro e o conteúdo revelam o que relativamente poucos sabem (e, destes, menos ainda estão dispostos a discutir, divulgar e tentar mudar).

Por exemplo, a repressão a trabalhadores informais de feiras livres sob a alegação de que as ruas precisam ser transformadas em espaços “amigáveis para o turista”. Ou seja, o espaço da rua e da cidade não são para quem vive nela. A preocupação da Prefeitura não é com os cidadãos/moradores – aqueles que a elegeram. A prioridade é a imagem. Você, leitor(a), conhece alguma cidade com dirigentes assim?

Ou a remoção (melhor seria dizer expulsão) de 10 mil pessoas para a cidade de lata, a 35km da Cidade do Cabo, onde viviam. Ao ver as primeiras imagens, pensei: parece um campo de concentração. Pouco depois, um entrevistado diz, acabando com qualquer dúvida: “isto é um campo de concentração”. Vemos a casa de lata de oito metros quadrados em que vive o personagem central. Vemos o banheiro de uso coletivo sem água. Um deles é uma cabine de cerca de um metro quadrado. No meio, um balde – isso mesmo, usa-se um balde para fazer as necessidades.

Ou o seguinte comentário: “saímos de uma opressão para ser oprimidos de novo? Isso não é justo.” Velhas e novas formas de segregação na terra que introduziu o termo apartheid no vocabulário global.

Ou as condições “opressoras” de trabalho e a “exploração” a que foram submetidos os operários das obras do Mundial, como baixos salários e contratos temporários.

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