Fiz
História, mas do que gosto mesmo é Ciência Política, embora, no fundo, não haja
separação. E da bibliografia que tenho lido, básica, em Política Contemporânea,
com a democracia transformada em método pela “poliarquia’ decorrente de grupos
de interesse em sociedades cada vez mais complexas que cancelam a noção
clássica, ligada aos fins, de bem comum, é possível concluir a inviabilidade do
que temos combinando sistema de governo com determinada tipologia de regime de
poder. Presidencialismo está mais afim à “democracia majoritária”, ao invés da “democracia
consensual” de partilha do poder. Não à toa que o nosso “presidencialismo de
coalizão” não pode ser senão corporação e cooptação. Grupos de interesse
convenientemente enquistados e protegidos no Estado. Foi a escolha do Lulismo,
com a “carta aos brasileiros”, em 2002. E quem acabou cooptado foi o PT. O
impeachment demonstra como somos retrógrados. A coalizão do Lulismo teve espaço
pra operar o indispensável: salário mínimo valorizado, moradia popular,
inclusão das massas ao consumo, ou seja, tornar o brasileiro consumidor foi
apresentado como um ato revolucionário, com direito há pouco de chorumela
tributária ao conteúdo da Carta Testamento de Vargas. Certo, a disputa em torno
da gerência da ruptura do Contrato Social da Constituição de 88 ganha com Temer
um ritmo acelerado de privatização de tudo. Mas, é bom não nos esquecermos de
que o Meirelles era a solução que o Lula levaria pra Fazenda se tivesse sido
nomeado na Casa Civil. Daí, o humor com que vejo gente de esquerda, que fazia
até outro dia todas essas críticas, agora panfletária, reivindicando a luta
armada pra defender o “governo popular da companheira Dilma”.
Não me levem a mal,
mas já estou muito longe da adolescência, quase avô.
SRN
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