domingo, 8 de outubro de 2017

Presente!

50 anos do assassinato de Che Guevara nas matas da Bolívia. De tudo o que que se sabe e escreveu à exaustão, até sobre a mercadoria em que se transformou em camisetas de grife, Che Guevara é uma imagem incoagulável, à disposição sempre pra qualquer esforço libertári0. Até bateu uma bola com o Madureira, aqui do subúrbio carioca, quando o legítimo tricolor carioca foi a Cuba, no início dos anos 60, numa excursão internacional inimaginável hoje em dia prum clube pequeno.
Presente, Che! 

SRN




Vamos ao que importa


Agora falando de coisa que, realmente, importa: Muralha é uma mão de paçoca. Não há o que discutir. Mesmo antes, quando convocado pelo Tite, eu me lembro de que perdemos a disputa do brasileiro no ano passado graças aos frangos que tomou lá no sul contra o Internacional. Ali, naquele jogo, nos distanciamos do palmeiras. Mas, o Diego Alves também não está com essa moral toda. Tomou um gol contra o Corinthias, lá em São Paulo, num chute perfeitamente defensável do Jô. Agora, contra a Ponte Preta, demorou uma semana pra chegar na bola naquele chute vindo lá do meio da rua do primeiro gol. Defendeu o penâlti, tudo bem, afinal, este é o seu "marketing"...

SRN


sábado, 7 de outubro de 2017

O Porquê


No aspecto institucional na análise da Ciência Política da “autonomia do político” para o encaminhamento de crises, o “cálculo do conflito”, a fim de se evitar a “paralisia decisória”, encontrou, afinal, na “cooptação” o meio de superar a dispersão dos “recursos de poder” que levam ao isolamento de posições radicalizadas, constituindo “conjunturas polarizadas”, como a que tivemos em 64. Analisar processos pelo resultado fica fácil. Modelos, sobretudo excelentes, como o de Wanderley Guilherme dos Santos desenvolvido nos anos 70 pra explicar o golpe de 64, estão à disposição, integram o aporte teórico com a validade de um clássico: a carência absoluta de política, responsável pela “paralisia decisória” em 64; em substituição, o excesso dela, na institucionalidade radical, no presidencialismo de “coalizão” ou de “cooptação” (como prefere Fernando Henrique), cada vez mais amadurecido.

À “paralisia decisória” sucede, no modelo, a era da “cartelização”. Foi o que me veio ao ler no Estado de São Paulo (6/10) a entrevista da cientista política, Mara Telles, da UFMG, sobre a “reforma política”(segundo Mara Telles, “eleitoral” e mais um reforço à “cartelização dos partidos que já concentram poder”):

“Partido cartelizado é aquele que já tem bancada, máquina: só precisa governar, não precisa de representação. É o que acontece com o PMDB. Ele já ocupa postos no governo há décadas. Muito embora a preferência entre os eleitores pela sigla seja baixíssima, ele continua fazendo repetidamente as maiores bancadas, porque tem recursos. E, com isso, pode alocar cargos de confiança, se aliar a prefeituras e criar uma rede de ‘clientela’. O maior problema da cartelização é que isso aprofunda o fosso com o eleitorado, o partido não precisa aprofundar seus vínculos.”

A crítica dos historiadores à Sociologia e à Ciência Política está na falta de diacronia e particularidade. A padronização caberia no livro, mas, não resistiria à rua, além de não considerar suficientemente o ritmo e os limites do tempo inscrito no processo histórico. A profundidade comprometida pela funcionalidade. Contudo, os historiadores também têm problemas. A retomada da História Política, que vem com a controversa História do Tempo Presente, está na fronteira do jornalismo e padece do crivo do testemunho  de quem viveu o que ela expõe – o que gera uma disputa de memória em que o pau come, sobretudo agora em que é preciso parar de demonizar o que acabei de ler numa reportagem da Folha de São Paulo sobre uma pesquisa feita em parceria do Datafolha com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, uma fonte razoável: jovens entre 16 e 24 anos são admiradores do Bolsonaro e a favor de um golpe militar. Intelectuais não gostam disso. Mas, não é mais inteligente tentar entender o porquê?


SRN

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Marcos Napolitano, historiador, ao Café História, em 2014, sobre o golpe de 64 e a ditadura (o que diria hoje sobre o esgotamento do “caráter messiânico” das Forças Armadas pela experiência da ditadura?)

Marcos Napolitano é um historiador cujas pesquisas sobre o golpe de 64 e a ditadura que se lhe seguiu devem ser lidas com atenção. Destaco dois pontos da entrevista de 2014, www.cafehistoria.com.br/regime-militar-brasileiro-uma-historia-de-muitas-batalhas/:
A crítica ao argumento da conjuntura de então esgotar o golpe, bem como não autorizar inferências à ditadura adiante; a ambigüidade incômoda das Forças Armadas quanto ao regime que executaram, explicitamente, até 1985.
“O golpe de 64 foi uma das batalhas da Guerra Fria na América Latina”, palavras de Napolitano, sem prejuízo da componente circunstancial interna, do ambiente polarizado em que estava imerso o governo Jango, sem esquecer, todavia, de mobilizar, concomitante, o aporte teórico que o justifica como historiador, ao falar das múltiplas temporalidades no acontecimento decisivo do golpe que não pode ser compreendido como mero dado, mas, produção social para cuja narrativa indispensável considerar “o golpismo da direita udenista (...) desde 1950, bem como a desconfiança dos militares da capacidade de mobilização popular de tradição getulista e trabalhista.” Napolitano ressalta ainda o modelo como projeto de Estado a servir para os golpes vizinhos posteriores, entre os quais o que sofre Allende, no Chile, em 1973, aliás, a 11 de setembro de 1973: propaganda de desestabilização, aliança de classes superiores com a direita militar (da qual não se exclui – penso eu, no caso brasileiro, com alguma distinção do chileno – a nacionalista autoritária, não alinhada com os EUA, embora visceralmente anticomunista), segurança sob um Estado indutor do desenvolvimento em uma economia de mercado.


Já o segundo ponto diz respeito à chamada “transição democrática”. Menos por pressão insuportável da frente de oposições do que pela ameaça representada à unidade e à hierarquia militares pela “politização da oficialidade durante a ditadura”. Ainda não li o livro de Napolitano, “1964 – História do Regime Militar Brasileiro”. Nele, certamente a “politização da oficialidade” pode também encontrar um viés de expressão significativo na autonomia que ganharam as “comunidades” de informação, segurança e repressão. Estas ameaçaram, de fato, os cânones militares de hierarquia e unidade. Eis a ambigüidade: embora ressentidos  por não terem o reconhecimento que acham que mereciam por salvar a pátria cristã do ‘perigo vermelho”, sabem os militares que, dentre as razões para o afastamento da política por período de tempo inédito como o que temos desde 1985, está o constrangimento incômodo, difícil de admitir num trabalho de memória, das torturas, repressão e censura enquanto política de Estado, entregues, de resto, sem escrúpulos, a órgãos, aos intestinos da subversão militar, pois que não foram outra coisa as “comunidades” de informação, segurança e repressão: subversão interna da ordem militar.
Esta postagem já está longa. Mas, como os dois pontos excederam, vale apontar mais dois:
Napolitano afirma que o “caráter messiânico” das Forças Armadas esgotou-se pela experiência da ditadura. A entrevista é de 2014. Hoje, penso que o historiador pararia pra pensar e enfatizar um outro ponto da entrevista, aquele em que se refere ao amadurecimento do debate historiográfico relativamente “a um exame mais profundo sobre os processos sociais da construção da memória sobre a ditadura.” Não acham?

SRN