quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Um Rio Disponível: Rubro-Negro

Por Paulo Teodoro da Silva



Ontem à noite, exatamente no horário do jogo do Brasil, estava com a Preta Helena dentro do teatro do Centro Cultural dos Correios, naquele perímetro urbano de nossa gênese. Uma beleza a passada sobre paralelepípedos, como se o tempo, entre o CCBB , a Casa França Brasil e o próprio Centro Cultural dos Correios, estivesse parado pra que se pudesse namorar. Um Rio disponível, sem pressa, como deveríamos cultivar. Uma cidade  que só se inviabilizou pela escala incompatível a uma urbe cujo terreno, mais do que ocupado, conquistado, construído sobre pântanos, lagos e lagoas e terras movediças, espremido entre o mar e a montanha. A topografia de um perfil feminino, de uma cidade que se abre lânguida,  descurando de sua geologia, suas entranhas.

A peça de uma singeleza em torno da vida de Chopin. Apenas Chopin e a condessa que o sustenta. Chopin era um chato. O perfil exato da caricatura do grande artista, caprichoso, egoísta, cheio de vontades e idiossincrasias. A condessa uma mulher forte, praticamente sua mãe e provedora, além de romancista "por produção". Chamou-me a atenção a dicotomia, ainda em questão, de valores e práticas aristocráticas em conflito com a lógica do lucro, a razão instrumental voltada para a produção que transforma quaisquer formas de resistência, mais do que num ancronismo, um escombro incômodo, um resto de estorvo. 

Impressionou-me a a combinação de beleza e singela da iluminação. Nenhuma parafernália, apenas a luz de valor.

A noite termina  em frente ao Paço. Lembrei-me de Noel: "se você continuar limpando a mesa..."

Infelizmente, a praga dos telões que infestam qualquer noite. E o que é pior: telão pra ver tricolor.

SRN

Por que o resto do Rio nos Odeia?

Por Plácido Gonzaga Bastos



Há na literatura das ciências sociais o seguinte pressuposto: a rivalidade contém um componente de inveja ou de temor, quando não  simultâneos.


Não é dificil a dedução. Embora saibamos das limitações do resto do Rio, é provável que entre os bambis das laranjeiras, os de segunda de são cristóvão e os amarelos ali perto do Pinel, não haja necessidade de explicar o que seja dedução. Mas, por via de segurança, apresentemos ao resto as modalidade de raciocínio lógico. Prestem atenção que é simples: indução, dedução e dialética.


Ficou claro a razão da escolha. Não iríamos complicar as coisas, gastando tinta de impressora, em usar a dialética em material tão irrelevante. Ademais, porque não há nada pra ser negado, muito menos a ensejar  uma nova realidade que contemple algum futuro a esse resto.


Algumas consultorias econômicas, relacionadas ao Nação, constataram em relatórios, também divulgados à imprensa, que não caberão muitos clubes de porte econômico em condições de manter um campeonato brasileiro no mínimo viável. Suas previsões, algo cataclísmicas, contemplam, no máximo, de 6 a 8 grandes clubes brasileiros.


Reparem como a história às vezes pode ser útil. Muito poucos dos que me lêem conheceram um América impecável, formado por craques, disputando com o Flamengo o título de campeão carioca.


Um moleque e  vi, do lado esquerdo da tribuna de honra, um time, cujos jogadores fariam hoje a festa de qualquer seleção brasileira:


Rogério, Orlando, Alex, Geraldo, Álvaro; Ivo, Bráulio e Edu: Flecha, luisinho e Gilson Nunes.


Este era o time do América derrotado em 74 pelo Manto Sagrado. Logo, na dedução nem tão óbvia para a obtusidade que por ventura leia, se é que sabem ler, ou se sabem, se já superaram a condição de analfabetismo funcional; logo, o determinismo é cristalino.


Mediocridades como esses times que andam por aí no Rio não têm outra alternativa senão nos odiar, tanto por inveja, pela falta de grandeza de quem sabe de que nada lhe resta a não ser depreciar o que lhes é inalcançável, quanto por temor, um pavor que lhes vêm do útero em face da perspectiva do Manto Sagrado em seu destino bíblico. Pois é isto: recentes pesquisas arqueológicas, também disponíveis ao Nação, revelaram em técnicas químicas aplicadas aos papiros bíblicos recentes do Mar Morto que os cadáveres encontrados à beira e ao largo expunham ainda marcas da gárgula que os espaventou, furos de diâmetro na caixa craniana pouco mais ou menos do tamanho do que teria hoje uma bola de futebol. O sexo era indistinguível, haja vista os fios de trapos decompostos disponíveis nas cores grená, verde e branca. Porque o preto e branco dos que estavam ao lado já era. Nem sequer restos mortais.


A inveja do resto do Rio, como se vê, já era do conhecimento de Moisés. Não foi à toa que  mandou quebrar o Zico.