domingo, 26 de abril de 2015

Mészáros

"Não pode haver algo como “inevitabilidade histórica” em direção ao futuro. História é um destino aberto para o bem ou para o mal. Ressaltar a necessidade do “fenecimento” do Estado foi, em primeiro lugar, um meio de contestar a ilusão anarquista de que a “derrubada do Estado” pode resolver os problemas em disputa. O Estado em si não pode ser “derrubado”, tendo em vista o seu profundo entranhamento no metabolismo social. As relações capitalistas de propriedade privada de determinado Estado podem ser derrubadas, mas isso por si só não é uma solução. Tudo que pode ser derrubado pode também ser restaurado, e tem sido assim, como o destino da “Perestroika” de Gorbachev demonstrou amplamente. Capital, trabalho e o Estado estão profundamente interligados no todo orgânico do metabolismo social historicamente constituído. Nenhum deles pode ser derrubado sozinho, nem ser “reconstituído” separadamente."

domingo, 19 de abril de 2015

Quem Será o Lacerda de São Januário hoje?

A vitória hoje do vasco ilustra à perfeição o moralismo de fancaria em que vivemos. À parte as bobagens de associar à globo uma paixão nacional de mais de 40 milhões, construída historicamente, o penalti inventado agora há pouco serve pra mostrar o grau de farisaísmo que atacou o título Rubro-Negro no ano passado, num gol de impedimento (este sim, difícil de marcar pela rapidez do lance). 

O barulho dos morteiros, a alegria reprimida pelo complexo de rotina constituem força muito maior do que lembrar de qualquer achaque de udenismo da bola. 

Uma dúvida: quem será o Lacerda de São Januário hoje?

SRN




Vice de Lágrimas


Vice de Lágrimas


quinta-feira, 16 de abril de 2015

Grande Jaime de volta

Seja bem-vindo, de volta, Grande Jaime. Você e Luxemburgo, cujo trabalho, aliás, tem sido impecável.


SRN


terça-feira, 14 de abril de 2015

Chega de Terceirização em Qualquer Nível

Ricardo Antunes, sociólogo da Unicamp, é um dos melhores estudiosos do mundo do trabalho. Nesta entrevista ao "Portal Forum", fala sobre o ataque coordenado aos fundamentos dos direitos trabalhistas como consequência da pauta pública ocupada hoje pelo discurso de direita. 

Felizmente, o fiasco do último domingo. 

Agora não há mais desculpa pra Presidente não recuar das MPs do fim do ano e não jogar todo seu governo num esforço de proteção ao trabalho. Está na hora de sair da defensiva. Movimentos sociais, sindicatos, estudantes, professores, redes sociais, devemos todos não apenas exigir o veto ao PL 4330, mas ir adiante: exigir o fim da própria terceirização que precariza o trabalho em qualquer nível. 

SRN



segunda-feira, 13 de abril de 2015

As veias da América Latina estarão sempre abertas a sua Memória



Morreu Eduardo Galeano. Além do clássico, libelo anti-colonial, bibliografia de referência em qualquer curso de Ciências Humanas, "As Veias Abertas da América Latina", Galeano tinha um lado pouco conhecido,mas com a mesma combatividade crítica e elegante: era um apaixonado por futebol e seu livro 'Futebol ao Sol a à Sombra" em que traça pequenos perfis de grandes craques da história do futebol é outro libelo contra a mercadorização do mundo da bola sob controle da Fifa. 

SRN, Grande Galeano

sábado, 11 de abril de 2015

A Coerência de FHC



FHC continua absolutamente coerente. Sua presidência não foi de surpreender, pois sempre acreditou na conciliação sob tutela conservadora. E, a despeito do bom estudo, no início dos anos 60, sobre a situação da população negra no sul do país, parece que não concluiu como seu mestre, Florestan Fernandes, que, em “A Situação do Negro na Sociedade de Classes”, disse que se errasse, intelectualmente, a favor de tal população, não veria nenhum mal, tantas as injustiças, muito mais deletérias, contra ela cometidas na história brasileira. Agora, em palestra pra empresários, em São Paulo, critica o bolsa família por transferir renda:

“Não foi um modelo de incentivo ao trabalho, de engajamento e de criação de novos campos de prosperidade. A transferência de renda é necessária como estímulo, mas não como resultado final. Se mantiver no Brasil a tendência vai criar uma camada de funcionários públicos que não são funcionários públicos, mas que dependem do Tesouro — afirmou — Uma camada dependente, que é crescente, que se veste, come, está melhor alimentada, mas não é isso que se deseja numa sociedade moderna e dinâmica.”

Entretanto, acerta quando critica a Presidente por ter perdido o comando do país, referindo-se à presença de Levy na Fazenda, “fechando o cofre”, e a política agora nas mãos de Temer pra dar um ultimato nos achacadores do PMDB.

Esta é a prova maior de que não adianta nada a Presidente buscar “governabilidade’ agradando à direita, cuja investida, por se sentir fortalecida na pauta pública, mostra que, sempre que encontra o campo livre, não tem limites na sua capacidade reacionária.

O PL 4330, aliás, recebeu muita inspiração das MPs de ataque ao mundo do trabalho, - restringindo o acesso ao seguro desemprego, diminuindo seu benefício etc -, que a Presidente lançou no final do ano passado. Não lhe resta senão vetá-lo, jogando todo o peso do seu governo pra que não passe de um infeliz registro do pior Congresso de nossa história.

SRN

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/brasil/fh-diz-que-dilma-perdeu-capacidade-de-lideranca-entregou-governo-15840964#ixzz3X2fbAjyF 
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quarta-feira, 8 de abril de 2015

Salvem a Luta de Classes


Benjamin Steinbruch, da Fiesp, tem um argumento lapidar para defender o PL4330:

"Nos EUA, o trabalhador almoça com um sanduíche numa mão e, com a outra, opera a máquina."

Também no século XIX um dos grandes problemas era a construção do Estado-Nação, processo no qual também estava inscrita a Guerra Civil norte-americana de meados do mesmo século.

SRN


quinta-feira, 2 de abril de 2015

Bandeira de Mello pode ser a Bandeira da Nação Livre



O futebol é uma patente internacional e seu proprietário, a Fifa, dispõe do direito de reconhecer quem pode e quem não pode praticá-lo, assim como sua estrutura, em organizações como a UEFA, CBF, federações etc.

Impressiona como nada é tão soberano quanto a Fifa. Aqui já tentamos, através do Congresso nacional, a célebre “CPI da Nike”. Era um esforço de submeter à soberania nacional o que cabe a toda prática, atividade ou forma de organização dentro do território sob controle do Estado Brasileiro. Ficou parecida com o Tita, obsecado pelo lugar do Zico, sempre procurando jogar pra arquibancada quando o Galo, muito raramente, não jogava.

Como Rubro-Negro, vejo com bons olhos a atitude de Bandeira de Mello de não querer mais submeter o Flamengo às injunções da federação carioca. Somos uma Nação de 40 milhões apaixonados pelo Manto Sagrado. Somos uma espécie de China, cujo mercado interno, se desenvolvido, dispensa o resto. A força Rubro-Negra poderia ser melhor aproveitada para além do capital. Evidente, sou um torcedor meio idiota. Minha preocupação prende-se ao Mito Fundador que testemunhei:

Raul, Leandro, Marinho, Mozer e Júnior;
Andrade, Adílio e Zico;
Tita, Nunes e Lico.

A lembrança do Milionários da Colômbia, para a Fifa,  permanece como a Revolução do Haiti,  para o eurocentrismo colonial. Até no silêncio que se seguiu. Porém, as condições hoje são completamente diferentes. O próprio futebol colombiano, que, à época, primeira metade da década de 50 do século passado, experimentou a ousadia de uma “liga pirata’, a División Mayor (Dimayor), contra a Adefútbol. A Dimayor era como se reunisse Flamengo, Corínthias, Internacional, Cruzeiro etc contra o Arapiraca, Princesa do Solimões e por aí vai. E o Milionários, aproveitando então a crise do futebol argentino que contava com jogadores que decidiram ser sujeitos da história da bola, contratou ninguém mais ninguém menos do que Di Stefano. Além de Pedernera.

Temos hoje na América do Sul condições objetivas de ser mais do que meras fontes de craques pro mercado internacional da bola. Sou meio idiota justo por isso, por não pregar nenhuma revolução no mundo da bola, mas apenas um mercado com as especificidades do capitalismo que temos na região. Ou não seria economicamente forte um Mercosul da Bola?

Certo, há a Copa do Mundo, os contratos astronômicos tributários ao monopólio da Fifa sobre o futebol. Também os latino-americanos não poderíamos mais jogar com os clubes europeus nem disputar mais nada que fosse organizado pela Fifa. Mas, e daí? Aliás, já está mais do que na hora de meter a pá de cal nessa Copa de Blatter, Marin e vírus anexos.


SRN

Golpe de 64 era o padrão norte-americano pra América Latina



Conforme Fico, o golpe de 64 se inscrevia no padrão norte-americano  do golpismo para a América Latina: a extirpação de um governo hostil, em substituição a ele um títere. Mas, não havia apenas Castelo Branco. Do “Plano de Contingência”, fazia parte, como de hábito, a banda cúmplice, papel que coube a Magalhães Pinto, governador de Minas, reformando seu secretariado, às vésperas do golpe, e nomeando figuras nacionais que lhe conferiam um caráter de Ministério federal. Se houvesse resistência, os golpistas receberiam apoio imediato – político, logístico, militar – dos EUA, que dividiriam, provavelmente o país, com o Brasil de Magalhães Pinto como chefe do governo reconhecido por Washington.

Ainda segundo Fico, Afonso Arinos, um dos convidados por Magalhães Pinto, num prurido de consciência tardia, procurou San Thiago Dantas, Ministro de Jango, avisando do plano. De posse dessa informação, pesando o desequilíbrio de forças, Jango decide não resistir, embora dispusesse de apoio militar.

Para outros historiadores, como Nelson Werneck Sodré, já falecido, também ex-militar nacionalista, os golpistas surpreenderam-se com a ausência de resistência, e explicava que o que a impediu foi a derrota política das forças populares – o que aponta a importância do confronto ideológico, da disputa no campo das representações: símbolos, imagens, valores. Daí, abstraído o contexto completamente distinto,  não há nenhuma ingenuidade, tanto ontem, quanto hoje, em manchetes como a que o Globo publicou, em sua edição de 16 de março, acerca do circo de horrores ocorrido na véspera:  “Democracia tem novo 15 de março”.

SRN



Primeiro de Abril de 64, começando em 62