quinta-feira, 2 de abril de 2015

Golpe de 64 era o padrão norte-americano pra América Latina



Conforme Fico, o golpe de 64 se inscrevia no padrão norte-americano  do golpismo para a América Latina: a extirpação de um governo hostil, em substituição a ele um títere. Mas, não havia apenas Castelo Branco. Do “Plano de Contingência”, fazia parte, como de hábito, a banda cúmplice, papel que coube a Magalhães Pinto, governador de Minas, reformando seu secretariado, às vésperas do golpe, e nomeando figuras nacionais que lhe conferiam um caráter de Ministério federal. Se houvesse resistência, os golpistas receberiam apoio imediato – político, logístico, militar – dos EUA, que dividiriam, provavelmente o país, com o Brasil de Magalhães Pinto como chefe do governo reconhecido por Washington.

Ainda segundo Fico, Afonso Arinos, um dos convidados por Magalhães Pinto, num prurido de consciência tardia, procurou San Thiago Dantas, Ministro de Jango, avisando do plano. De posse dessa informação, pesando o desequilíbrio de forças, Jango decide não resistir, embora dispusesse de apoio militar.

Para outros historiadores, como Nelson Werneck Sodré, já falecido, também ex-militar nacionalista, os golpistas surpreenderam-se com a ausência de resistência, e explicava que o que a impediu foi a derrota política das forças populares – o que aponta a importância do confronto ideológico, da disputa no campo das representações: símbolos, imagens, valores. Daí, abstraído o contexto completamente distinto,  não há nenhuma ingenuidade, tanto ontem, quanto hoje, em manchetes como a que o Globo publicou, em sua edição de 16 de março, acerca do circo de horrores ocorrido na véspera:  “Democracia tem novo 15 de março”.

SRN



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