O
futebol é uma patente internacional e seu proprietário, a Fifa, dispõe do
direito de reconhecer quem pode e quem não pode praticá-lo, assim como sua
estrutura, em organizações como a UEFA, CBF, federações etc.
Impressiona
como nada é tão soberano quanto a Fifa. Aqui já tentamos, através do Congresso
nacional, a célebre “CPI da Nike”. Era um esforço de submeter à soberania
nacional o que cabe a toda prática, atividade ou forma de organização dentro do
território sob controle do Estado Brasileiro. Ficou parecida com o Tita,
obsecado pelo lugar do Zico, sempre procurando jogar pra arquibancada quando o
Galo, muito raramente, não jogava.
Como
Rubro-Negro, vejo com bons olhos a atitude de Bandeira de Mello de não querer
mais submeter o Flamengo às injunções da federação carioca. Somos uma Nação de
40 milhões apaixonados pelo Manto Sagrado. Somos uma espécie de China, cujo
mercado interno, se desenvolvido, dispensa o resto. A força Rubro-Negra poderia
ser melhor aproveitada para além do capital. Evidente, sou um torcedor meio
idiota. Minha preocupação prende-se ao Mito Fundador que testemunhei:
Raul,
Leandro, Marinho, Mozer e Júnior;
Andrade,
Adílio e Zico;
Tita,
Nunes e Lico.
A
lembrança do Milionários da Colômbia, para a Fifa, permanece como a Revolução do Haiti, para o eurocentrismo colonial. Até no silêncio
que se seguiu. Porém, as condições hoje são completamente diferentes. O próprio
futebol colombiano, que, à época, primeira metade da década de 50 do século
passado, experimentou a ousadia de uma “liga pirata’, a División Mayor (Dimayor),
contra a Adefútbol. A Dimayor era como se reunisse Flamengo,
Corínthias, Internacional, Cruzeiro etc contra o Arapiraca, Princesa do Solimões
e por aí vai. E o Milionários, aproveitando então a crise do futebol argentino
que contava com jogadores que decidiram ser sujeitos da história da bola, contratou
ninguém mais ninguém menos do que Di Stefano. Além de Pedernera.
Temos
hoje na América do Sul condições objetivas de ser mais do que meras fontes de
craques pro mercado internacional da bola. Sou meio idiota justo por isso, por
não pregar nenhuma revolução no mundo da bola, mas apenas um mercado com as
especificidades do capitalismo que temos na região. Ou não seria economicamente
forte um Mercosul da Bola?
Certo,
há a Copa do Mundo, os contratos astronômicos tributários ao monopólio da Fifa sobre
o futebol. Também os latino-americanos não poderíamos mais jogar com os clubes
europeus nem disputar mais nada que fosse organizado pela Fifa. Mas, e daí?
Aliás, já está mais do que na hora de meter a pá de cal nessa Copa de Blatter, Marin
e vírus anexos.
SRN
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