Não voltará ao Congresso. Mas, deve continuar como boa fonte, sobretudo para jornalistas como Bernardo Mello Franco. As citações curtas de Alencar são resumos exatos do que ocorreu.
"O voto raivoso", no qual se traduziu a antipolítica associada às contradições do período do Lulismo, acabou por generalizar-se à esquerda. "A esquerda ganhou pecha de corrupta. A extrema-direita conseguiu canalizar a indignação da sociedade."
Quem entendeu bem os novos tempos, com movimentos de massa destitutivos, via redes sociais, produziu um personagem cuja função era capturar as consequências na hora em que fossem institucionalizadas. Novamente as palavras precisas de Alencar: "a esquerda perdeu as disputas de ideias na sociedade." Concordo também com ele que nada é definitivo. Aliás, a história acaba de provar que continua viva. Seu fim, anunciado quando da queda do muro de Berlim, com missa de sétimo dia para a dissolução da URSS, não encontrou a paz de espírito na democracia representativa, paradoxal e ironicamente ameaçada pelo reencantamento do mundo numa espécie de Jesus trumpista com versões ramificadas e específicas.
Aqui, no que nos diz respeito, teremos uma versão farisaica, cujos sinais já são mais do que evidentes. Do "baixo clero" à presidência, Bolsonaro poderia ser qualquer coisa, bastava-lhe o roteiro adequado, desenhado justo no traço que figurasse a antipolítica percebida como o maior ressentimento popular. O achado da extrema-direita foi tatuar as contradições do Lulismo nas costas da esquerda e satanalizá-la. Bolsonaro, como se vê, é uma seita, ungida em plebiscito antipetista e versão abençoada pelo bispo Macedo, enquanto Lula, do outro lado, preso, é uma ideia.
A questão é saber quanto tempo durará a capacidade da seita de sustentar a imagem do ídolo. É bom lembrar que neopentecostal costuma quebrar imagens...
SRN
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