segunda-feira, 16 de julho de 2012

Dipirona

Por Tadeu dos Santos



Como já devidamente enfatizado em sua postagem o IASERJ será demolido para que viabilize a ampliação do Instituto Nacional do Câncer (Inca), que fica ao lado.

O intenso clamor dos familiares e funcionários fornece prova cabal de que os seus interesses não foram levados em conta, seja pelo “preclaro e festivo” governador, seja pelo prolator da decisão que deferiu o pedido de liminar.

Tudo isso me remete às questões levantadas por Foucault acerca da desconsideração do discurso (fala) do louco.

A razão gerara sua contraparte, a desrazão, e assim retirou qualquer sentido ao discurso dos ditos alienados.

O outro viés passa pela pela exigência de uniformidade ínsita ao capitalismo. Fazia-se necessária a homogeneidade, haja vista que, em derradeira análise, esta viabilizaria a massificação da produção. Tudo o que escapava a esses ditames era atirado à marginalidade.

Penso, pois, que a desumanização e marginalização do louco estende-se nos dias que seguem aos doentes em geral, sobretudo aqueles atendidos pelo SUS.

Os abarrotados corredores de “nossos” hospitais públicos são idênticos àquelas alas dos hospícios onde os alienados vagavam sem rumo à espera do fim.

Nos dias que seguem os hospitais públicos são destinados à desmontagem desses outrora seres produtivos.

A higidez física dos pacientes é o objetivo derradeiro perseguidos pelas ditas “autoridades médicas”.

Precedem-lhe as concorrências fraudulentas e a carreira dos membros do corpo médico.

Aqui e ali amontoam-se seres de lerdos movimentos e embaçados olhos. A perda da saúde fez-se caudatária da cassação da cidadania. Pouco importa o discurso que pensem ter ou os interesses que entenda defender. Ela já não é pessoa, é objeto. Mera carcaça, repise-se, à espera da desmontagem.

Tenho cá pra mim (tenho uma tia que inicia todas as frases dessa maneira) que um dia irá a Biologia demonstrar que não somos dados a qualquer resquício de representatividade.

Todo o nosso sistema político repousa nessa canhestra ideia, ou seja, escolho meus representantes de acordo com os pontos em comum abarcados por nossa visão do que seja ou possa vir a ser, o sistema de saúde, a segurança, a educação e por aí vai.

Eleito o representante e lá vai o tipo a defender apenas os seus interesses e alguns daqueles que lhe são próximos. E não há fidelidade partidária ou ameaça de perda de mandato que lhe faça cumprir o prometido.

Jean Jacques Rousseau (O Contrato Social), Thomas Hobbes (O leviatã) e John Locke (Primeiro Tratado sobre o Governo Civil ), são os criadores das chamadas teorias contratualistas que em apertada síntese tratam da criação dos estados nacionais. Sua base de sustentação é a ideia de representatividade.

Olho à volta e concluo que se há de reinventá-la ou mesmo subvertê-la.

Há por aí alguém que se sinta devidamente representado?

No mais, sossegue meu amigo nas questões que dizem respeito à Vila Isabel. Ela está na rota da Copa, bem como das Olimpíadas. Algo há de ser feito para que também estes sítios tornem-se aprazíveis aos olhos dos estrangeiros.

Não se terá em mira a satisfação dos que circulam pelas ruas de Noel. Na dicotômica e antagônica relação que reúne representante e representado, você é aquele destituído de relevância e é de bom alvitre que disso não te olvides.

Quiçá reformem todo o Pedro Ernesto. Talvez façam sumir as macas que infestam os corredores, no auge de meu otimismo chego a crer que até aos doentes dedicarão algum tipo de atenção.

Vês? Hordas de estrangeiros virão ter a esses inóspitos domínios. Lançaremos ao corpo a roupa de domingos e pregaremos no rosto o melhor e mais largo sorriso.

Seguiremos à risca a lógica da justiça Aristotélica e teremos direitos às nossas brilhantes quinquilharias. E eles... bem eles...

E quanto ao futebol resta a triste constatação cuja repetição não tem o condão de modificar seus tristes contornos.

A arte não se fez mercadoria. Na realidade, as vertentes mutuamente excluíram-se. O vil metal colocou a arte pra escanteio.

O futebol é um grande negócio, os jogadores meras mercadorias e a torcida o público consumidor de camisetas e coisas afins. Em meio a tudo isso, a crônica esportiva é o grande balcão onde as negociatas são concretizadas. Reles classificados, vis anunciantes.

Se resta ainda algum romântico em meio a tantas mazelas, eles certamente estão apeados nas gélidas arquibancadas espalhadas país afora.

Já não somos torcedores, somos resistentes, somos heróis. Somos guardiões da memória que se pretende calar. De lá já não entoamos o grito de gol, mas o RESISTO de Prometeu.

domingo, 15 de julho de 2012

A Remoção do IASERJ Revela Implicância com Vila Isabel

Por Máximo




Emitir opinião talvez seja adequado em botequim a respeito, ademais, de futebol. Talvez nem isso, com a "tecnocracia" que infesta o semi-português dos nossos "professores", antigos treineros, distribuidores de camisa, neste arrivismo neófito típico do espetáculo pós-moderno. 


Prefiro fazer charge não é à toa. 


Pedia ao meu amigo e colaborador do Nação , Tadeu dos Santos, sempre bem informado, uma postagem sobre essa remoção, ao que parece abrupta e repentina, dos  pacientes do IASERJ.

Parece que se trata de uma questão juridicamente resolvida, desde 2008, pela qual o Estado cederia ao Hospital do Câncer o terreno onde funcionava o IASERJ. Se é assim, por que tal remoção - repito - abrupta e repentina, a ponto de mobilizar a polícia?

A surpresa é ainda maior, quando leio que haverá  distribuição dos seus serviços por diversas unidades hospitalares do Estado. Meço, perplexo, o tamanho da minha ignorância, pois não imaginava que já dispomos de especializações complexas por hospital. Em Campo Grande, o que cuidará de idosos, um outro, para infectologia, o terceiro, para neurologia e neurocirurgia. Uma sucessão de maravilhas que me faz concluir que a implicância é com Vila Isabel, particularmente com o Pedro Ernesto, de forte vinculação afetiva de minha memória, conforme Nora.

As manifestações também são divergentes. O antagonismo, segundo o que leio na imprensa ( o que quer dizer pouco), fica evidente entre os funcionários, além  das famílias dos pacientes quanto à posição do governo do Estado, amparada por sentença judicial.

Poderia, Tadeu, meu irmão e grande Rubro-Negro, se se dispuser, escrever a respeito para o Nação, fazendo, se possível, uma analogia com o futebol, ao estilo, sobretudo, deste último, "Zizinho Nora", que é um primor de revivescência da memória?

SRN

sábado, 14 de julho de 2012

Zizinho Nora

Por Tadeu dos Santos

"Memória é vida. Seus portadores sempre são grupos de pessoas vivas, e por isso a memória está em permanente evolução. Ela está sujeita à dialética da lembrança e do esquecimento, inadvertida de suas deformações sucessivas e aberta a qualquer tipo de uso e manipulação. Às vezes fica latente por longos períodos, depois desperta subitamente. A história é a sempre incompleta e problemática reconstrução do que já não existe. A memória sempre pertence à nossa época e está intimamente ligada ao eterno presente: a história é uma representação do passado."

Pierre Nora, 1984




O “assaz engraçado” Alex Escobar fazia as costumeiras entrevistas no intervalo do clássico centenário, quando Paulo César Caju , tal e qual o menino que insistia em apontar a nudez real, emendou:
  • Sinto falta da criatividade que sempre se fez presente quando essas duas equipes se encontravam.
Escobar que além de “assaz engraçado” também é um velho adepto do jornalismo mentira, logo consertou:
  • Deixe estar que no segundo tempo melhora.
Não melhorou e convenhamos que não há sequer resquício de luz no fim do túnel.

A ciência afirma que gostamos de músicas pretéritas não porque elas sejam melhores que as atuais, mas sim porque a sua simples audição faz com que nos transportemos à juventude e seus momentos de descoberta.

No primoroso “Meia-noite em Paris” Woody Allen lança loas aos tempos que sequer viveu. É a síndrome da Era Dourada que faz com que louvemos um passado que sequer nos pertence.

Quiçá ocorra o mesmo com o futebol. Repudiamos o presente apenas e tão somente porque o passado nos remete aos nossos melhores momentos.

Não vi Zizinho jogar, mas trago no mais afastado tugúrio de meu cérebro as maravilhas que ele fazia com a bola. Ainda não nascera por ocasião do famoso tento de Valido mas já fiz-me rouco por tanto comemorá-lo.

Pra variar talvez esteja o meu cérebro a brincar com minhas certezas. Convença-se homem, passado e presente são equivalentes. Mudou apenas as rugas que trazes no semblante e a lentidão que carrega no andar. No mais tudo é igual. Não vês?

Com os olhos postos nesse belo escólio de natureza científica, assisto impassível a convocação que meu cérebro faz de um célebre mantra: Raul, Mozer, Marrinho, Leandro e Junior; Andrade, Adílio, Tita, Zico, Nunes e Lico.

E prossegue:

Rondinelli, Zizinho, Índio, Perácio, Valido, Dr. Rubens, Aldair, Domingos da Guia, Reyes, Biguá, Bria, Jaime, Dequinha, Tomires, Cláudio Adão, Paulo César, Dida, Doval, Leonardo, Zinho, Manguito, Tadeu Ricci, Eduzinho, Rogério, Silva, Liminha, Geraldo.

Que não me acuda a certeza e tampouco algum ponto no alto do confortável muro

Em algum momento a mercantilização matou a magia. Já vi coisas melhores. Na realidade, vi a magia em sua mais pura manifestação, mas nada sabia de sua finitude. Que pena!


quinta-feira, 5 de julho de 2012

Ô Louco!

Por Máximo



Uma boa diversão, a caricatura paulista, ajuda a passar o tempo.

Rubro-negros divertimo-nos sem dispensar a solidariedade com o fenômeno de massa que nos é similar sob a garoa paulista.

Os morteiros podiam ser ouvidos aqui em Vila Isabel em solidariedade ao título corinthiano.

Valeu.

SRN