domingo, 11 de agosto de 2013

Velho_Junho_1965

Por Máximo




A paciência com o moleque já começava na hora de tirar fotos. Irascível, o moleque também forçava as pernas arcadas dentro das botas, muito usadas à época - junho de 65 - a fim de corrigir "pé chato". Estávamos na Califórnia, numa experiência que o Velho, o espírito aventureiro açoriano, havia buscado contra a vontade de minha mãe, filha de português do "continente", nascida em Vila Isabel da qual não queria se fastar de jeito nenhum. A volta pela insistência da minha mãe, infeliz como latino-americana, brasileira, para quem os norte-americanos achavam que, ao lado dela, havia jacarés desfilando pelas ruas do Rio. O Velho se rendia, voltou pro açougue na Silva Pinto, em Vila Isabel, é óbvio. E sempre aos domingos, após o moleque encher-lhe o saco várias vezes pela manhã em ligações sucessivas: "tá na hora do jogo, Pai, tá na hora!". No Maracanã ( longe ainda do blatter, marin e vírus anexos), o Flamengo sempre jogava às 5 da tarde. E o Velho, com o moleque aos ombros, na arquibancada, perto da Charanga, ao lado da Tribuna de Honra. 


Uma vontade de chorar do cacete.


SRN

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Costumes ainda em Comum, de Thompson

Por Máximo




Se compreendi direito, em "Costumes em Comum", Thompson explica a "economia moral" como um consenso popular articulado ao paternalismo das autoridades, produzindo uma ação que passa por cima do medo e da deferência. Era um pressuposto social tão forte quanto a privação material, influenciando a Inglaterra do século XVIII. Trazendo o argumento para as manifestações que experimentamos, estas deixam de ser "ações espasmódicas"? As manifestações que retornam, agora mesmo na Alerj, são um sintoma da "economia moral" atingida em seu cerne? O fim do pacto social, que é um bom resumo para "economia moral"?


SRN

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

"Costumes em Comum", de Thompson

Por Máximo



Leio este livro de um dos historiadores da Santíssima Trindade do marxismo inglês, ao lado de Hobsbawm e Perry Anderson. Imprevisível, no melhor humor inglês, expondo um estudo dos costumes dos trabalhadores no século XVIII. Estariam nas "necessidades" e "expectativas" os elementos da "cultura plebeia" que estabelecem o marco entre tradição, o pré-industrial e o mundo moderno. A geração seguinte não tem mais o que aprender com a que a precedeu nessa organização e tempo novos do ritmo industrial. Transformações profundas nas categorias espaço e tempo. Como a "economia moral", "não econômica", pode ser a crítica à racionalidade da industrialização. Thompson fala do "picaresco", do burlesco, utilizados pela "cultura plebeia" como resistência. Leitura excelente, sobretudo quando vemos o humor tirante ao fascismo disfarçado de vanguarda visual sertaneja.

Esse CQC é o Adam Smith com que o fascismo caboclo se diverte. Parece Hitchcok.

SRN

domingo, 4 de agosto de 2013

Apocalipse de Encruzilhada

Por Máximo




Na recidiva de encantamento em que vivemos, o número 3, no caso do frango mineiro, é, certamente, cabalístico. O recorte temporal do garnizé compreende décadas que também não dispensam o três. Há mais ou menos três décadas que perdem de 3x2, no primeiro brasileiro que ganhamos no Maracanã (assim mesmo, com letra maiúscula, antes, pois, de blatter, marin e vírus anexos), 3x2, novamente no Mineirão, em 87, quando deixamos o frango na encruzilhada mineira, voltando pro Rio, pro quarto brasileiro. E hoje...

Fim de papo, pois é gastar vela demais com defunto barato, quer dizer, frango...

SRN

Prato do Domingo


sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Memória Laica de um Monstro Sagrado

Por Máximo




1978. Era o final do jogo. Zico bate o escanteio, a bola cai nas costas do Abel, da "barreira do inferno" dos viceínos, mais ou menos no bico da pequena área do segundo pau. Rondineli, o Deus da Raça, fulmina com uma cabeçada o ângulo do Leão. Era o início do Maior Time do Século XX. 


SRN