domingo, 11 de agosto de 2013

Velho_Junho_1965

Por Máximo




A paciência com o moleque já começava na hora de tirar fotos. Irascível, o moleque também forçava as pernas arcadas dentro das botas, muito usadas à época - junho de 65 - a fim de corrigir "pé chato". Estávamos na Califórnia, numa experiência que o Velho, o espírito aventureiro açoriano, havia buscado contra a vontade de minha mãe, filha de português do "continente", nascida em Vila Isabel da qual não queria se fastar de jeito nenhum. A volta pela insistência da minha mãe, infeliz como latino-americana, brasileira, para quem os norte-americanos achavam que, ao lado dela, havia jacarés desfilando pelas ruas do Rio. O Velho se rendia, voltou pro açougue na Silva Pinto, em Vila Isabel, é óbvio. E sempre aos domingos, após o moleque encher-lhe o saco várias vezes pela manhã em ligações sucessivas: "tá na hora do jogo, Pai, tá na hora!". No Maracanã ( longe ainda do blatter, marin e vírus anexos), o Flamengo sempre jogava às 5 da tarde. E o Velho, com o moleque aos ombros, na arquibancada, perto da Charanga, ao lado da Tribuna de Honra. 


Uma vontade de chorar do cacete.


SRN

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