segunda-feira, 30 de julho de 2012

Fígado Comido por Prometeus

Por Tadeu dos Santos




Ao nascermos há já uma miríade de armadilhas nos aguardando.

Você será compelido a optar por uma religião. Sua família é religiosa, seus professores e amigos também. E assim todos os seus referenciais serão erigidos tendo por norte os dogmas inerentes a toda e qualquer religião.

Ela definirá os contornos de sua personalidade, os seus quereres, os rumos de sua vida e até mesmo sua visão da morte. Será uma influência diuturna a fornecer as respostas para todas as questões que lhe surgirem pelo caminho.

Ainda que um dia você adira a uma ideologia que afirma que a religião é uma venda que nos lançam aos olhos a impedir a visão do tanto que há de essencial, haverás de evocar o “princípio da individualização das coisas”, a saber “uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa” e dizer:

- Ora, bem sabes que religião é uma coisa e Deus é outra. Não me venhas com truísmos e não mistures o imisturável.

Outra arapuca pronta a fechar-se tão logo ponhas o pé em seu interior é o nacionalismo. Com espeque na oposição do “nós e os outros”, cresceremos firmemente convencidos de que, é óbvio, somos melhores do que os demais. Nossa música é a melhor do mundo, somos criativos, temos molejo e as nossas mulheres... Ah! As nossas mulheres...

E a noção de contrários, claro, vem acompanhada de toda a sorte de estereótipos. E assim alguns povos são cruéis: Árabes, Mexicanos. Outros tantos não são afeitos à democracia: Russos. A pecha de desonestos recai, exemplificativamente, sobre os Turcos (pergunte a qualquer Grego ou Italiano) Argentinos (é o que dizem os Uruguaios).

Mas não só de preconceitos e estereótipos vive o nacionalismo. Ele também se alimenta do ódio recíproco e entranhado. Daqueles que nem mesmo o passar do tempo tem o poder de amainar. É o que se passa entre Argentinos e Ingleses, Poloneses e Russos, Chineses e Japoneses, Palestinos e Israelenses, dentre tantos outros.

Confesso que jamais pus as vestimentas da armadilha religiosa, mas claudico no que tange ao nacionalismo. Fujo, tanto quanto posso, das armadilhas; mas sou fustigado e tentado por elas incessantemente e a vigilância que se faz necessária é, confesso, bastante cansativa.

A vitória da judoca Sara Menezes é um evento limite.

Impressionava a autoconfiança que ela trazia no semblante. A cabeça erguida o tempo todo como a dizer que bem sabia que por aqui atleta que não seja jogador de futebol, precisa construir o pódio com as próprias mãos.
E a adversária, a Romena, era, na ocasião, a campeão olímpica.

Sara é do Piauí. Terra prenhe de latifundiários e miséria à farta. Traz, pois, em seu DNA, a coragem e um incomum senso de sobrevivência.

Nascida num país que tem o 6º maior PIB do mundo, a 5ª maior extensão territorial do planeta (8.514.877 km²) e uma delegação olímpica pífia, faz-se, em consequência, depositária de todos os mitos.

É verdade. Somos todos Sísifos a subir com a pedra apeada às costas, ainda que o castigo divino, quiçá a gravidade, a devolva incessante ao pé do morro. Somos todos Prometeus a esquecer o fígado comido na véspera e lançar-se à resistência já no dia seguinte.

Sim! Sara Menezes é uma figura mitológica. Tinha sangue nos olhos e ainda que selados os lábios indagava à Romena:

- Quem disse que essa medalha é tua?

sábado, 28 de julho de 2012

Copa e Banheiro

Por Tadeu dos Santos






Vi um programa na ESPN onde o cara dizia que os países-sedes não deveriam ficar atrelado ao modelo de olímpiada e/ou copa do mundo ditado pelo comitê olímpico internacional e a FIFA. Disse ainda que nos jogos panamericanos realizados em CUBA o modelo foi ditado pelos cubanos levando em consideração as especificidades do país e seu modesto poderio econômico. Seria esse o modelo a ser seguido. Concordo.

O que ele, contudo, esqueceu de dizer é que nem o COI e tampouco a FIFA obrigar a qualquer país a sediar seus eventos. Ao contrário, eles previamente se submetem a uma série de exigência para, apenas e tão somente, ver aceita sua candidatura. Não é simples? Basta que não sediemos nada. 

A desigualdade no país, mesmo com o bolsa-família, é ainda vexatória. Como pode um país tão desigual, com problemas históricos a aguardar solução gastar a fortuna que gastaremos pra sediar a copa e posteriormente as olimpíadas? É a maldita propaganda do governo. Aliás, meu amigo, você conhece algum país sério que tenha verba destinada à propaganda? Gastam uma fortuna pra alardear que fizeram aquilo a que estão moral e legalmente obrigados. Mostraremos ao mundo que sim, podemos organizar esses eventos megalomaníacos, mas que não conseguimos distribuir adequadamente a renda, acabar com o analfabetismo, proporcionar saúde digna à toda a população e que nossa segurança só funciona pra inglês ver. 

quinta-feira, 26 de julho de 2012

...que se...


Por Tadeu dos Santos



Em comentários expendidos ontem pela TV, Galvão Bueno, o Acéfalo, dizia de sua enorme esperança de que Thiago Silva fosse escolhido o melhor jogador das olimpíadas. Também se referiu ao fato de que o jogador fosse conhecido pela bambizada como o Monstro. Acreditem ou não, a alcunha decorria do “enorme futebol” jogado pelo atleta. Há por aí um outro que atende pelo apelido de Mito. Vejam a grandeza dos apelidos e a pequenez do futebol praticado por ambos e tirem as cabíveis e pertinentes conclusões acerca dos tempos tortuosos que nos são dados a viver.

Ouço os comentários de Paulo César Vasconcellos e fico a maquinar as cifras percebidas por aquele senhor para que diuturnamente surja na televisão a falar o óbvio. Que coisa maçante.

As últimas notícias dão conta de que a Diretoria do Clube de Regatas do Flamengo cogitou contratar o meia argentino Riquelme. Inexitosa a tentativa partiram para a tentativa de levar para os seus quadros o igualmente meia Felippe.

Por ocasião de sua passagem pelo Flamengo, Felippe jogava o primeiro tempo e arrastava-se pelo campo no segundo. Riquelme segue no mesmo diapasão.

Não conseguimos aprender com os erros praticados no passado, algo que alguns mamíferos menos aquinhoados sob o ponto de vista do tamanho do cérebro logram alcançar.

Contratem (não deve ser muito caro) o excelente zagueiro egípcio Regazi. Quem sabe assim nossa zaga deixe de ser uma zona franqueada a quem queira entrar.

Aproveitem a oportunidade e contratem o atacante Salah (nº 11), também egípcio. Canhoto, rápido, habilidoso, corajoso e responsável por todos os pesadelos que o lateral Marcelo, decerto, terá hoje à noite.