Por Máximo
O Flamengo acaba de ganhar a vigésima Taça Guanabara de sua história. E o modo como isso ocorreu é o melhor exemplo da importância particular da História no campo das chamadas ciências humanas. A ausência do troféu, a dúvida do Grande Jaime se voltava pro campo, se ficava no vestiário, sem saber se haveria comemoração, os jogadores indecisos sobre a volta olímpica em frente a número pequeno de Rubro-Negros nesse maracanã de blatter, marin e vírus anexos.
O caráter histórico da Taça Guanabara fica nítido quando retornamos no tempo, aos adolescentes da segunda metade da década de 70. Ganhar o carioca era uma conquista, após dois turnos muito disputados com pequenos que, de fato, eram o Olaria, o Bonsucesso, Madureira, São Cristóvão, Campo Grande da memória afetiva, seletiva, de um Rio ainda muito carioca, com quase todos nascidos ainda na Guanabara, pois a fusão, parida a fórceps, em 75, pela ditadura que queria calar aquela, por incômoda. O primeiro turno, a Taça Guanabara, e o campeão de uma final entre os vencedores do primeiro e do segundo turnos, com o acréscimo posterior que incluiria um terceiro, o time com maior número de pontos nos dois turnos.
A particularidade da História, tão evidente, que ainda tínhamos o América, um dos grandes e que acabava por ser a única concessão de um Rubro-Negro. Gostávamos do América, que, de resto, tinha um timaço, entre outros, Orlando Lelé (do desenho abaixo, vítima predileta do endiabrado Uri Geller), Alex, Ivo, Bráulio, Flecha, Luisinho, que jogaria no Flamengo. Um recorte tão histórico que até o América acabou, seu campo, aqui na Teodoro, vendido, virou mais um shopping, permanecendo apenas na memória daqueles adolescentes que subiam a escadaria da Igreja de Santo Antônio, desciam a encosta pra cair na arquibancada de ferro e madeira pra ver alguns jogos. A última vez que um desses adolescentes fez isso já iniciava a vida adulta, um ano antes da copa de 86, quando o diretor de arte, Telê, levou prum treino naquele campo a seleção brasileira que disputaria a copa do México do Canhoto Genial Maradona.
SRN
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