terça-feira, 27 de maio de 2014

Pelé e uma Espécie de "Fenômeno" no PROFHISTÓRIA

Por Máximo



Acabo de tomar uma porrada que paralisa. Pelo meu desempenho na objetiva, fui conferir a lista de notas do ProfHistória achando que, certamente, estaria entre os primeiros. De fato, dentre 20 questões, meus 18 acertos na prova objetiva me colocavam entre os dez primeiros. Fui conferir a nota discursiva e a porrada foi de inutilizar: nota zero. Certamente, a explicação está na inadequação. Devo ter feito alguma coisa imprópria, um texto dissertativo sob a forma de debate historiográfico conforme os conceitos e os autores que utilizei, Chartier, Ginzburg e Beatriz Sarlo, ao invés de um plano de aula que foi o pedido. Um plano de aula com tema fundamentado em conceitos historiográficos ocorreu-me o seguinte:

"Pelé e Edson: 'entende'?" - a partir do bordão que o caracteriza, Pelé, na distinção que sempre faz do registro que recebeu no nascimento, permite a problematização dos campos imbricados da história, memória e identidade. Usei Chartier, Ginzburg e Beatriz Sarlo, respectivamente: a apropriação como fundamento do conceito de representação e afirmando-se como relação dependente da leitura e da autonomia possíveis dos sujeitos envolvidos, caracterizando o conflito na representação e não no social, ou seja, há diferenças sociais tão legítimas quanto a condição de classe; a ambiguidade do conceito, porém, é superada por Ginzburg através do referente na matéria factual, independente do modo de representação, sempre se parte de alguma coisa presente na realidade, afinal é narrativa historiográfica, não é ficção nem memória. De Beatriz Sarlo, a noção de memória, a partir do uso da terceira pessoa, recurso que permite a voz de terceiros, até de inimigos, em que o testemunho não esgota o contexto histórico. 

A dicotomia Pelé e Edson era perfeita, pois permitia falar também de cultura popular, da dimensão temporal da ditadura e o anacronismo recidivo deste ufanismo muito semelhante ao "Ame-o ou Deixe-o", expresso, até por ironia, num personagem típico do período como é o caso do Marin. 

De qualquer modo, se compreendi corretamente os conceitos expostos, então,não basta dispor de conteúdo. Estou me convencendo de que, além disso, preciso aprender a fazer prova de mestrado . ZERO é foda, meu irmão. 

E, sem me valer de trocadilhos maliciosos, sobretudo tratando-se do "Fenômeno", o que serve de consolo é olhar pro lado e ver que o craque de representação, tirante a Chartier, também pensa e chega à conclusão de que tem vergonha de ser brasileiro.

SRN

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