quinta-feira, 30 de outubro de 2014

O Alguidar do Luxa

Com a gentrificação infeliz que sofre Vila Isabel, não se encontra mais despacho com tanta frequência. Havia uma esquina em que era na veia, a esquina aqui da Gonzaga com a Negrão de Lima ("rua do rio", do rio Joana). Com o quiosque iluminado instalado, agora só mesmo indo no sobrado do Caboclo Sete Flechas, ali na 28. Mas, Luxemburgo está voando, embora tenha colaborado com o alguidar decisivo em que despachamos o frango com farofa ontem. 

SRN


quarta-feira, 29 de outubro de 2014

"Quem joga no Flamengo não sente falta de seleção"


Raul foi o maior goleiro que vi vestir o Manto Sagrado. Mas, o Paulo Vitor tem sido de uma grandeza impressionante: elástico, preciso, ágil. Hoje foi tudo isso, novamente.Merece uma vaga na seleção do Dunga. Aliás, é melhor ficar de fora desse time do Marin e vírus anexos. Como dizia o próprio Raul:


"Quem joga no Flamengo não sente falta de seleção." 

SRN


Golpismo de Facebook


Após o Fla-Flu da campanha, em que o argumento é abafado pela emoção, parecia, pelos pronunciamentos, tanto de Dilma, quanto do próprio Aécio, no domingo, que a próxima etapa do debate político seria muito boa, com a explicitação do dissenso. Entretanto, o que se verifica agora é a caricatura do que houve de pior na nossa história, com arremedos de golpismo facilitados pelo facebook. E a crítica que teria de ser feita dentro do próprio governo, entre outros temas, como o da copa do mundo, em que a própria Dilma aparecia visivelmente constrangida ao lado de Blatter, Marin e vírus anexos. Mas, como fazer isso, se o Fla-Flu continua, transformado em caricatura de pelada do Aterro?

A grande intelectual argentina, Beatriz Sarlo, em "Tempo Passado: cultura da memória e guinada subjetiva", na crítica que faz à ordem baseada no anacronismo testemunhal, afirma que não cabia criticar os erros dos que eram abatidos pela ditadura argentina, pois isto significava contribuir à repressão, mas que, agora, no modelo de justiça de transição adotado na Argentina, o terrorismo de Estado sendo punido, cabia o exame, a reflexão:

"(...) para dar um exemplo: nas décadas de 1960 e 1970, não existia nos movimentos revolucionários a ideia de direitos humanos. E, se é impossível (e indesejável) extirpá-la do presente, tampouco é possível projetá-la intacta para o passado."

SRN


terça-feira, 28 de outubro de 2014

"Cidadão Boilesen"

Ontem, no canal Curta, assisti ao excelente documentário "Cidadão Boilesen", de Chaim Litewski. O empresário dinamarquês, presidente da Ultragas, um dos articuladores entre o empresariado paulista do financiamento da terrífica Oban, centro de tortura no início dos anos 70, em São Paulo, sob comando do coronel Ustra. No documentário, Delfin, Ministro da fazenda de Medici, do chamado 'Milagre econômico", aparece, em imagens da época, todo lampeiro circulando entre os empresários e fazendo prosélito do regime. Nessas reuniões, Delfin passava a sacolinha de contribuição, a reboque de Boilesen. O gringo morre feio. Mas, o que interessa é que hoje, contribuindo pra proposta da Dilma, vale discutir esse episódio, a relação do empresariado paulista com o financiamento da repressão, tema que sempre, por razões óbvias, foi empurrado pra baixo do tapete. O contexto hoje é outro e o próprio Delfin, inteligente como é, compreende o tempo em que vive, e não à toa aproximou-se de Lula. Por que não interpelá-lo, a fim de contar o que sabe, sua versão sobre este episódio do qual foi um dos protagonistas? 

SRN


Seminário "A Grande Guerra 100 Anos Depois: Memórias e Significados"

Meu amigo, o jovem historiador e professor da UERJ, Marcus Dezemone, convida. Só a visita ao Memorial já é uma maravilha.

SRN


terça-feira, 14 de outubro de 2014

Benjamin Pensa com Imagens de um Crime

A História, para Walter Benjamin, é pensada com imagens que remetem à cena de um crime. O que se esconde naquela rua vazia na fotografia de Atget? Agora é preciso dizer alguma coisa e, por isso, a legenda no jornal. Pouco importa se é falsa, manipulada. Importa que este é o caminho da disputa política. 

A propósito, quando dizem em programa eleitoral que defendem a redução da maioridade penal, o que pensam sobre a Candelária Netinho & Roger Rabbit? 

SRN


Narração Possível em Sociedades Pós-Traumáticas

Contribuindo pro debate:

"Um desafio que o grupo de intelectuais envolvidos com o projeto editorial das revistas [Beatriz Sarlo, 'Punto de Vista' (Argentina, 1979-2008) e Nelly Richard, 'Revista de Crítica Cultural' (Chile, 1990- 2008)] aborda é a questão da possibilidade de narração em sociedades pós-traumáticas. Uma tese forte presente em tal grupo é a de que nosso período pós-ditatorial é parte do processo de constituição de nossa pós-modernidade cultural (AVELAR, 2003). Haveria portanto nas sociedades do cone sul latino-americano uma estreita relação entre pós modernidade e pós-ditadura que portaria ao menos dois grandes vetores de forças avessas ao trabalho de narração: o trauma ditatorial e o presentismo das sociedades de consumo midiático pós-modernas."

"Um teórico alemão na periferia do capitalismo: Walter Benjamin e os Estudos Culturais britânicos no Cone Sul da América Latina" / Silvia Karina Nicacio Cáceres, doutoranda no Programa de Pós-Graduação em História Social - UFRJ

SRN


domingo, 12 de outubro de 2014

Netinho e a Goleada que o Cruzeiro Quase Tomou

A segunda casa de todo mineiro é o Rio. E, Rubro-Negros, recebemos o Cruzeiro com toda a generosidade histórica que sempre nos coube, através de um brilhante 3 x 0, quase uma goleada, quase a goleada que o Netinho toma em casa dos próprios mineiros. 

SRN


Estado Mínimo ou "Culto à Austeridade"


quarta-feira, 8 de outubro de 2014

"Thriller"

http://youtu.be/hG6oy46qKE4


Tudo Vice

O Vasco assumiu, como era de se esperar, a vice liderança da segunda divisão do Brasileiro. Café Filho, vice de Vargas, também era outro com vocação irresistível à segunda divisão. E o que era pior, golpista. A fonte abaixo é do CPDOC da FGV.



SRN



"Quando Vargas foi reeleito em outubro de 1950, Café Filho obteve a vice-presidência. Além disso, também foi reeleito deputado federal pelo Rio Grande do Norte. Em 22 de agosto de 1954 um grupo de oficiais da Aeronáutica liderados pelo brigadeiro Eduardo Gomes, lançou um manifesto, assinado também por oficiais do Exército, exigindo a renúncia do presidente que, mesmo assim, manteve sua posição de permanecer no cargo. No dia seguinte Café Filho discursou no Senado comunicando a negativa de Vargas em aceitar a renúncia conjunta, e seu pronunciamento foi considerado um rompimento público com o presidente.

A situação se agravou com a divulgação, no dia 23, de um manifesto assinado por 27 generais exigindo a renúncia de Vargas. Na madrugada seguinte, Café deixou clara sua disposição de assumir a presidência, ao mesmo tempo que Vargas comunicava a seu ministério a decisão de licenciar-se. Procurado por jornalistas e líderes políticos, Café mostrou-se disposto a organizar um governo de coalizão nacional caso o presidente se afastasse em caráter definitivo. Nas primeiras horas do dia 24, depois de receber um ultimato dos militares para que renunciasse, Vargas suicidou-se. A grande mobilização popular então ocorrida desarmou a ofensiva golpista e inviabilizou a intervenção militar direta no governo, garantindo a posse de Café Filho no mesmo dia.

Procurando diminuir o impacto produzido pela divulgação da Carta Testamento de Vargas, Café Filho emitiu logo sua primeira nota oficial, afirmando seu compromisso com a proteção dos humildes, "preocupação máxima do presidente Getúlio Vargas".

No início de 1955 recebeu do ministro da Marinha um documento sigiloso assinado pelos ministros militares e por destacados oficiais das três armas, defendendo que a sucessão presidencial fosse tratada "em um nível de colaboração interpartidária" que resultasse em um candidato único, civil e apoiado pelas forças armadas. Tratava-se, indiretamente, de uma crítica à candidatura de Juscelino Kubitschek. O presidente apoiou o teor do documento e, diante dos comentários da imprensa sobre sua existência, obteve a aprovação dos signatários para divulgá-lo na íntegra pelo programa veiculado em cadeia radiofônica nacional A Voz do Brasil. Apesar dessa demonstração da oposição militar à sua candidatura, Kubitschek prosseguiu em campanha e seu nome foi homologado pela convenção nacional do Partido Social Democrático (PSD) em 10 de fevereiro."

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Os Ossos do Armário do Morto-Vivo Bolsonaro e as "Políticas de Desmemória"

A votação do morto-vivo Bolsonaro propiciará a franqueza do debate que a transição política de mais de 30 anos impediu ao produzir a "política de desmemória". Quando o morto-vivo atua em seu "Thriller", sai em busca das vítimas para satanizá-las: "quem era direito não foi incomodado pelos militares". É aí que a caricatura cabocla Moonwalker tropeça nas próprias pernas, na verdade, as abre para que se introduza o que importa: 

As "medidas de memória" (concretas: indenizações; simbólicas:monumentos, memoriais, eventos), embora importantes, acabam por esgotar-se na vítima, na reparação do que sofreu e na punição dos que a fizeram sofrer. Esquece-se da política de terror que propiciou tanto um, como os outros, e a respeito de cuja responsabilidade deve-se localizar no Estado. Por que em determinado contexto histórico o Estado perseguiu, torturou, baniu, matou? 

"Dessa forma, há outro processo de omissão em relação às responsabilidades políticas e sociais de reparação destinadas ao conjunto da cidadania." (BAUER,2014,p.156) Fonte: "Quanta Verdade o Brasil Suportará? Uma Análise das Políticas de Memória e de Reparação implementadas no Brasil em Relação à Ditadura Civil-Militar" / Caroline Silveira Bauer, Doutora em História pela Universidade Federal do Rio grande do Sul e pela Universitat de Barcelona. Professora de história contemporânea na Universidade Federal de Pelotas. 

SRN


segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Beatriz Sarlo Não Usa Maquiagem

A pós-modernidade, segundo Beatriz Sarlo, em "Tempo Passado: cultura da memória e guinada subjetiva", é uma "operação de apagamento' do passado, impondo-se a ditadura do presente sobre os demais tempos, passado e futuro. Mas, uma das ironias deste presente perpétuo é que, muitas vezes, o passado nele pega carona, conservando-se vivo, com todo potencial de conflito. Certo, Bolsonaro é o discurso revisionista favorável à ditadura, mas, ao mesmo tempo, a possibilidade de retomada crítica do que representa o próprio morto-vivo Bolsonaro. A herança da ditadura com suas implicações incômodas, como a cumplicidade da sociedade brasileira, poderá ser feita agora de cara limpa, sem vergonha de assumir posições.

SRN


Bolsonaro e o Novo Uso do Caixote da Feira

Em "Ditadura, Anistia e Reconciliação", Daniel Aarão Reis, historiador e professor da UFF, procura levantar algumas questões, nos termos conflituosos entre História e Memória, sobre a revisão da Lei de Anistia. Uma delas a de que a população brasileira nela, na revisão, não está nem um pouco interessada. Este é um texto de leitura muito útil. Afinal, a julgar pelos últimos dados divulgados, Bolsonaro parece despontar como o deputado federal mais votado no Rio. Pezão, Crivela, Garotinho, Malafaias, Jesus de cabo eleitoral, agora a ditadura absolvida (o que comprova a sua condição de produto social, com amplo apoio, e não o deslocamento de sentido de que a sociedade havia sido apenas vítima, resistente), a lei do cão como legítima política de Estado. Mais do que nunca, a necessidade do espaço público, por todos os meios, redes sociais, engradados de cerveja, latões de tinta, caixotes de feira - qualquer tribuna serve na luta contra essa recidiva obscurantista que nos assola. E o que é mais triste, justo no Rio.

SRN


quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Voo Livre

Luxemburgo está voando, recuperando-se de suas desastradas temporadas recentes. Já havia feito uma grande demonstração no jogo contra o São Paulo, em que organizou o jogo pelo lado esquerdo através do Everton, que, aliás, voltou outro, amadurecido. Caminho espero parecido caberá ao Gabriel, ainda muito moleque vindo da Bahia. Ontem, Luxemburgo voltou pro segundo tempo, compreendendo bem o adversário, disposto a liquidar o jogo, abafando a saída de bola e abrindo o Gabriel. A bola veio limpa e livre pro moleque, com habilidade, bater na rede, junto à trave.

SRN