terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Jaime Antunes, um profissional impecável sacrificado na cota anti-impeachment

Jaime Antunes foi meu professor de arquivística e paleografia na minha graduação de história na UERJ. Um professor correto, impecável, justo e atencioso. Eu e a Catia, que também fez história na mesma turma, participamos de vários eventos no Arquivo nacional em que a excelência técnica era a marca. Não entro no cerne do problema da renovação na gestão pública. Não tenho formação na área nem conhecimento político do assunto. Apenas lamento que o excelente profissional e professor Jaime Antunes seja substituído da direção do Arquivo Nacional por conta da cota política de que este governo dos 'trabalhadores" precisa pra evitar o impeachment. E o que é pior, por um político muito próximo à bancada evangélica. Já não basta o triste Ministro da Saúde, inepto e ridículo, escolhido pela Presidente, também por conta da cota anti-impeachment.

S
RN

ANPUH
2 h
CARTA ABERTA EM DEFESA DO ARQUIVO NACIONAL
Excelentíssimo Senhor
Dr. José Eduardo Cardozo
DD. Ministro da Justiça - Ministério da Justiça
Exmo. Senhor
O meio acadêmico, cientifico e cultural brasileiro acompanha, com extrema preocupação, o recente anúncio da mudança na direção do Arquivo Nacional. A renovação dos quadros dirigentes em órgãos da esfera pública do poder Executivo constitui-se em prática necessária e salutar. Entretanto, o Arquivo Nacional é uma instituição com características bastante peculiares e sua gestão requer formação acadêmica e técnica de alto nível, tendo em vista a extrema complexidade e os desafios que se colocam para instituições do gênero em âmbito internacional.
Nas últimas décadas, o Arquivo Nacional, principal instituição do país no campo da arquivística, desenvolveu uma série de parcerias com entidades nacionais e internacionais e se constituiu em principal referência para a salvaguarda da documentação histórica do país. Os diversos projetos de cooperação, tais como o Programa Memória do Mundo e o Centro de Referência das Lutas Políticas Memórias Reveladas, são apenas algumas de suas mais bem sucedidas iniciativas, reconhecidas no meio acadêmico e na sociedade civil. Ademais, o Arquivo Nacional atua como órgão central de um dos nove sistemas estruturantes da Administração Pública Federal, o Sistema de Gestão de Documentos de Arquivo (SIGA), além de ter a incumbência de acompanhar e implementar a Política Nacional de Arquivos, conforme definida pelo Conselho Nacional de Arquivos (CONARQ).
É fundamental que a escolha do gestor de tão importante instituição, responsável pelas políticas arquivísticas do Brasil, no que concerne à gestão, preservação e ao acesso aos documentos, paute-se unicamente pela competência e experiência, de modo a assegurar a manutenção e a ampliação das políticas de interesse público e a reafirmação de seus compromissos com a sociedade brasileira.
A Associação Nacional de História (ANPUH), que tem entre seus objetivos a proteção, aperfeiçoamento, fomento, estímulo e desenvolvimento do ensino e pesquisa da História, em seus diversos níveis, e das demais atividades relacionadas ao ofício do historiador, reitera a importância da escolha de quadros altamente especializados na gestão de instituições públicas, como é o caso do Arquivo Nacional.
Profa. Dra. Maria Helena R. Capelato
Presidente da Associação Nacional de História (ANPUH-Brasil)

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