sexta-feira, 8 de março de 2013

CNV pede rigorosa apuração de explosão e ameaça contra OAB-RJ


Por Máximo

Quem viveu as bombas que mataram a secretária Lydia Monteiro, da própria OAB, aleijaram na Câmara dos Vereadores, estouraram bancas de jornal, pra não falar da bomba "bumerangue" do Riocentro, não pode aceitar impassível essa recidiva. Tem de ser combatida na origem. Toda força será necessária pra cortar na raiz quaisquer tentativas que insinuem a instalação de um ambiente semelhante, estupidamente anacrônico.

SRN


Edifício sede da OAB-RJ, alvo de atentado e ameaça de bomba na tarde hoje. Foto: Marcelo Oliveira / ASCOM - CNV

A Comissão Nacional da Verdade emitiu nota na noite de hoje em solidariedade à subseçãofluminense da Ordem dos Advogados do Brasil, cujo prédio foi evacuado à tarde após uma ameaça de bomba e a explosão de um artefato no oitavo andar do edifício Sobral Pinto, sede da entidade, localizada no Centro do Rio.

Leia a seguir íntegra da nota:

Há três décadas o Brasil e o povo brasileiro decidiram superar o período de violência e medo gerados pelo golpe civil-militar imposto em 1964. A população apostou na democracia e nas liberdades para enfrentar o desafio de construir um país justo e próspero, que gere oportunidades para todos.
Hoje um explosivo foi detonado na sede da OAB, no Rio de Janeiro. Trata-se de um tardio ato de terror dos que não querem viver num país democrático. Criando um clima de confronto e desatino "eles" afetam adversários e a si próprios.
A Comissão Nacional da Verdade, que visa investigar e reconstituir as graves violações de direitos humanos ocorridas em nossa história política recente, repudia com veemência o ato intimidatório cometido na sede da Ordem dos Advogados do Brasil-RJ, e a ameaçadora mensagem recebida no local afirmando que o ato visava matar seu ex-presidente, Wadih Damous, a ser nomeado Presidente da Comissão Estadual da Verdade, na segunda-feira, pelo governador Sérgio Cabral.
A democracia não se constrói com bombas, nem se sustenta com violência. A coragem de defendê-la deve superar o nosso medo do terror.
No ano de 1980 uma bomba matou Lyda Monteiro e feriu outra pessoa na sede da OAB no Rio de Janeiro. Felizmente agora não houve vítimas. Precisamos, contudo, estar atentos aos acontecimentos e solidários na resistência.
As autoridades competentes estão sendo mobilizadas para adotar as providências cabíveis. A Comissão Nacional da Verdade espera que se apure a autoria e se puna os que pretendem negar ao Brasil o caminho da democracia e das liberdades.

Rio de Janeiro, 7 de março de 2013

Rosa Maria Cardoso da Cunha
Coordenadora Pro Tempore da CNV
Comissão Nacional da Verdade
Assessoria de Comunicação
Mais informações à imprensa: Marcelo Oliveira
(61) 3313-7324 | comunicacao@cnv.presidencia.gov.br

8 de Março de Vila Isabel

Por Máximo



Orestes Barbosa escreveu de seu amor que ela "pisava nos astros distraída". Noel, também aqui perto, enamorava a língua dizendo que "já havia passado de portuguesa, é brasileira".

Muitas vezes, observando-a, Meu Amor, vejo a síntese: os pés pequenos não podem pisar firme pela altura da beleza esguia, e a língua, de fato, além de portuguesa, passou de brasileira, é a de Vila Isabel sempre presente no recorte da fachada do Boulevard, da antiga fábrica Confiança:

"Gosto sempre de vir ao Boulevard. Só por vir, pela beleza."

Poderia ali desenhá-la. Melhor não aprisioná-la na linha, sob qualquer linha ainda que a maviosa com que Niemeyer delineou feminina a arquitetura do ângulo reto. É que havia visto uma moça na praia.

Eu a vejo em Vila Isabel.

SRN 

Carta Aberta das Mães Sem Terra

Acabei de receber esta carta, por e-mail, da historiadora e professora da UERJ, Beatriz Vieira.  Indispensável a divulgação.

SRN
Máximo








"Todas temos origem humilde. Muitas de nós gostaríamos de ter podido sentar nos bancos de escola e assim entender melhor o mundo em que vivemos. Não nos foi dado esse direito. 


Em nosso país leis são justiça para os ricos e punição para os pobres. Parecem não ter alma. Parecem não ter carne. Preocupação social. 

Sabem os senhores, quantas crianças estão em nosso meio? Sabem o que fazíamos antes de conseguirmos abrigo e sonhos aqui embaixo de lonas pretas? Sabem da fome? Sabem do choro de nossas crianças, frente às ameaças de violência? Sabem da dor de ver os nossos filhos pisoteados, feridos à bala, mortos, como as mães de nossos companheiros de Eldorado de Carajás? Sabem os senhores o que é dor? 

Devem saber. Devem saber do riso e da fartura. Devem saber do dormir sem choro de criança com fome.

Com a humildade que temos, mas com a coragem que aprendemos, nós lhe dizemos: não recuaremos um passo da decisão de lutar pela terra.
A justiça pra nós é aquela que reparte o pão, que reparte a riqueza, que só pode ser reconhecida como o fruto do trabalho, da vida.
Após 500 anos de escravidão e opressão de exclusão e ignorância, de pobreza e miséria, chegou o tempo de repartir, chegou o tempo da nossa justiça, que pra muitos pode não ser legal, mas que não há um jurista no mundo que nos diga que não seja legítima.
Não queremos enfrentar armas, animais e homens. Nem homens, animais e armas. Mas nós os enfrentaremos. E voltaremos de novo. E cem vezes. E duzentas vezes. Porque os corpos podem ser destruídos pela violência da polícia. Mas os sonhos nem a mais potente arma poderá destruir.
Nós somos aquelas que parimos mais que filhos. Parimos os homens do futuro. Nossos filhos serão educados sobre nossas terras libertas ou aqui, debaixo de nossas lonas pretas. Aprenderão a ler, a escrever, coisa que muitos dos nossos não podem fazer. 

Viverão para entender das leis. Para mudá-las. Para fazê-las de novo, a partir das necessidades do nosso povo."




Carta Aberta das Mães Sem Terra

Pela Mulher

"Só Ela que justifica filtrar o sangue todo ano."

Keith Richards



Rubro-Negrir, Sempre e Eternamente, a Beleza