sábado, 20 de dezembro de 2014

A Honra de Integrar o Museu do Negro

O início da tarde de hoje (19/12), pra mim, foi especial. Passo há anos em frente à "Igreja da Escrava Anastácia", ali na Uruguaiana, na cidade, e agora valerá mais do que nunca para entrar, sempre que possível, no Espaço Cultural que contêm e no qual atua o meu amigo historiador e museólogo, o Rubro-Negro Bruno Alves Fernandes. Um espaço todo dedicado à memória negra, com artefatos e arte. Dez trabalhos meus agora fazem parte do Museu. Tinha de registrá-los e o Bruno escolheu o Ícone Maior. De fato, Madiba. Valeu mesmo, Bruno. Uma HONRA

SRN. 

Rua Uruguaiana, Praça Monte Castelo, nº 25, Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito

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terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Quem ri por último sempre se Freud

O trocadilho é um chiste e isso é pavoroso, uma espécie de humor de segunda divisão, de Eurico Miranda. Aliás, o humor sempre foi do interesse de Freud. Lembrei-me do texto curto que escreveu, em 1927, “O Humor”, prum Congresso de Psicologia, porque vi o Ronaldo “Fenômeno” dançando num comercial fazendo propaganda de produtos pra família. Um “Fenômeno”, como vimos nos comentários da Copa, no lugar certo, na hora certa: ao lado do Galvão e um pouco antes da lipoaspiração do “Fantástico”. O “craque”, segundo o próprio, fez análise com um psicanalista argentino. A piada parece pronta, mas não é. Até separei um trecho do texto do Freud que estabelece a diferença entre o piadista presepeiro e o humorista que vive do prazer que tira da crítica:



“Essas duas últimas características - a rejeição das reivindicações da realidade e a efetivação do princípio do prazer - aproximam o humor dos processos regressivos ou reativos que tão amplamente atraem nossa atenção na psicopatologia. Seu desvio da possibilidade de sofrimento coloca-o entre a extensa série de métodos que a mente humana construiu a fim de fugir à compulsão para sofrer - uma série que começa com a neurose e culmina na loucura, incluindo a intoxicação, a auto-absorção e o êxtase. Graças a essa vinculação, o humor possui uma dignidade que falta completamente, por exemplo, aos chistes, pois estes servem simplesmente para obter uma produção de prazer ou colocar essa produção, que foi obtida, a serviço da agressão. Em que, então, consiste a atitude humorística, atitude por meio da qual uma pessoa se recusa a sofrer, dá ênfase à invencibilidade do ego pelo mundo real, sustenta vitoriosamente o princípio do prazer – e tudo isso em contraste com outros métodos que têm os mesmos intuitos, sem ultrapassar os limites da saúde mental? As duas realizações parecem incompatíveis.”


SRN

sábado, 13 de dezembro de 2014

13 de Dezembro

A chamada Nova História Política que se desenvolve na historiografia, a partir dos anos 70, 80, do século passado, trouxe novas abordagens e objetos, como o estudo do imaginário, do simbólico, das representações, enfim. Entretanto, a História Política Clássica, que trata dos fenômenos do poder, das relações de Estado continuam uma chave de análise indispensável, conforme o grande historiador inglês, Perry Anderson, da escola marxista inglesa (que nos deu, entre outros, Eric Hobsbawm). No prefácio de “Linhagens do Estado Absolutista”, Anderson justifica o Estado como tema de reflexão: a luta de classes se resolve na política e as transformações do Estado, no tempo, manifestam justamente “as modificações básicas nas relações de produção” (a questão da Petrobras, dos programas sociais, das ações afirmativas, para além dessa discussão mesquinha de moralismo de um udenismo reducionista, podem muito bem ser vistas a partir desse ângulo de Anderson). Portanto, é possível conjugar paixão e crítica política. 

13 de dezembro possui essas duas dimensões: em 68 foi a data do terrífico AI-5 que institucionalizou, de vez, a ditadura pra prender, torturar, matar e exilar sem pruridos. Treze anos depois, em 1981, com o AI-5 já extinto (dezembro de 78), a ditadura negociando a transição como alternativa aos seus problemas internos devido à autonomia que caminhava para o incontrolável do aparato de repressão (as bombas em banca de jornal, a bomba que explode na OAB-RJ,em agosto de 80 e mata a secretária Lydia Monteiro, a bomba do Riocentro, em 30 de abril de 81, no show do Dia do Trabalhador, que explode no colo do próprio agente do aparato de repressão dentro de um puma), tudo isso o Rubro-Negro acompanhava, não era aquele timaço, talvez o melhor time de futebol do século passado, que cancelaria seu juízo crítico, os problemas que enfrentávamos, tensos, no fio da navalha. Raul, Leandro, Marinho, Mozer e Junior; Andrade, Adílio e Zico; tita, Nunes e Lico eram uma espécie de poema que Drummond confessaria (se não confessou, é razoável que se imagine a possibilidade) gostaria de ter escrito. O Flamengo era Campeão do Mundo em Tóquio, passeando sobre os ingleses do Liverpool, 3 x 0. Certamente, o verso de Orestes Barbosa, um dos Monstros da Vila – "Tu pisavas nos astros, distraída" – era uma boa expressão pra Arte daquele time.

SRN


quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Mostra de Cordel Português na Casa de Rui Barbosa

Não é piada de português, mas houve também uma modalidade de cordel em Portugal e a prova é a “Coleção Arnaldo Saraiva” em exposição inaugurada hoje na Casa de Rui Barbosa, em Botafogo. Segundo o próprio Arnaldo Saraiva, um dos palestrantes, foi o português, que já acabou, a fonte do nosso cordel nordestino. O Historiador e Presidente da Casa de Rui Barbosa, Manolo Florentino e Alexei Bueno, que escreve a apresentação da Mostra, também compuseram a mesa de grandes nomes, o último ou o primeiro dos quais, ninguém mais ninguém menos do que o embaixador Alberto Costa e Silva, cujo nome basta. Foi ele, aliás, com sua erudição tranqüila, levemente irônica, que nos esclarece informando que, quando de sua experiência na Nigéria, viu que lá o cordel era um fenômeno urbano e de classe média por uma razão muito simples: também falava de amor e amor na Nigéria era, então, uma experiência recente, citadina, pequeno-burguesa, pois que, a exemplo da aristocracia européia, também a tradição nigeriana arranjava os casamentos conforme interesses de outra natureza que nada tinham com a liberdade do futuro casal de escolherem os próprios parceiros. 

Na exposição, aproveitei que estava ao meu lado e perguntei-lhe da semelhança do desenho em um cordel português do início do século passado com o traço do nosso caricaturista da época J. Carlos. O embaixador disse que era emulação característica. Minha sorte foi que a Cátia percebeu a conversa e fez a foto. 

SRN