terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Quem ri por último sempre se Freud

O trocadilho é um chiste e isso é pavoroso, uma espécie de humor de segunda divisão, de Eurico Miranda. Aliás, o humor sempre foi do interesse de Freud. Lembrei-me do texto curto que escreveu, em 1927, “O Humor”, prum Congresso de Psicologia, porque vi o Ronaldo “Fenômeno” dançando num comercial fazendo propaganda de produtos pra família. Um “Fenômeno”, como vimos nos comentários da Copa, no lugar certo, na hora certa: ao lado do Galvão e um pouco antes da lipoaspiração do “Fantástico”. O “craque”, segundo o próprio, fez análise com um psicanalista argentino. A piada parece pronta, mas não é. Até separei um trecho do texto do Freud que estabelece a diferença entre o piadista presepeiro e o humorista que vive do prazer que tira da crítica:



“Essas duas últimas características - a rejeição das reivindicações da realidade e a efetivação do princípio do prazer - aproximam o humor dos processos regressivos ou reativos que tão amplamente atraem nossa atenção na psicopatologia. Seu desvio da possibilidade de sofrimento coloca-o entre a extensa série de métodos que a mente humana construiu a fim de fugir à compulsão para sofrer - uma série que começa com a neurose e culmina na loucura, incluindo a intoxicação, a auto-absorção e o êxtase. Graças a essa vinculação, o humor possui uma dignidade que falta completamente, por exemplo, aos chistes, pois estes servem simplesmente para obter uma produção de prazer ou colocar essa produção, que foi obtida, a serviço da agressão. Em que, então, consiste a atitude humorística, atitude por meio da qual uma pessoa se recusa a sofrer, dá ênfase à invencibilidade do ego pelo mundo real, sustenta vitoriosamente o princípio do prazer – e tudo isso em contraste com outros métodos que têm os mesmos intuitos, sem ultrapassar os limites da saúde mental? As duas realizações parecem incompatíveis.”


SRN

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