Por Máximo
O moralismo talvez só não seja uma obviedade maior do que o esforço por criticá-lo. Por isso, preferir o grande Saldanha, muito mais inteligente do que noviças da rua Ceará e acadêmicos de playstation:
"O cara não vai puxar o saco do patrão nem votar no governo só porque o time dele foi campeão."
De fato, quando fomos campeões do mundo, pela primeira vez, em 58, aquele título se inscrevia num contexto de otimismo típico da aurora da modernidade, de que Brasília também era fruto, do governo JK (não cabem as críticas, evidentes, faço apenas o registro por alto).
Medici, para constrangimento de muitos, era muito popular, adorado pela classe média, com muitos de seus membros podendo comprar o primeiro carro zero pro fim de semana em Cabo Frio (ainda não havia a Ponte, a travessia da baía era feia com os carros da classe média orgulhosa embarcando para o outro lado da poça). O tricampeonato do México entra nesta história - é certo - mas entra justo nos termos do que o professor, historiador, pesquisador e acadêmico, de fato, Carlos Fico, escreve sobre a propaganda política da ditadura em "Repensando o Otimismo".
Lembro-me bem da Democracia Corinthiana, de Sócrates, Casagrande e Vladimir, fazendo do futebol um espaço inigualável, pela visibilidade popular, da luta pelo fim da ditadura e no esboço do que desaguaria, logo a seguir, na campanha pelas Diretas Já.
O lado esquerdo da tribuna de honra, do Maracanã, muito longe da pasteurização, com a torcida do Flamengo, aí, sim, em uníssono:
"Diretas Já!".
SRN
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