Por Máximo
"Cidadão Boilesen", de Chaim Litewski, é um documentário sobre o dinamarquês Henning Albert Boilesen, presidente da Ultragaz e o mais ostensivo relações públicas no meio empresarial paulista no financiamento da Operação Bandeirantes, a Oban, em 1969, um dos centros mais terríficos da tortura na ditadura militar. Na sistematização da tortura, a Oban tinha um papel estratégico e Boilensen era uma espécie de missionário da Universal do Reino do Capeta. Convocava a paulicéia endinheirada pra ouvir Delfim Neto, o milagre econômico que pregava o crescimento do bolo pra só muito tempo depois, eventualmente, reparti-lo e passava a sacola pro dízimo necessário à obra purificadora da Oban.
Boilesen gostava tanto da purificação que só podia vir da maceração da carne que chegara a importar um instrumento de aperfeiçoamento dos martírios conhecido no meio, conforme o documentário de Litewski, como "pianola Boilesen". Era um teclado que intensiva os choques elétricos aplicados no corpo, em geral, pendurado no pau-de-arara, este, de resto, técnica de tortura popular, de ontem, de hoje, sempre que pobreza e povo foram caso da polícia nacional. Não à toa terminar o dinamarquês estourado no meio-fio.
Um bom tema não apenas de documentário, mas de monografia, seria uma pesquisa minuciosa, com fontes e referência rigorosas, da ligação de muita gente boa, respeitável e temente a Deus com o financiamento da sistematização "científica" da tortura na ditadura.
SRN
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