terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Futebol e escola de samba têm de ser ao vivo


Televisão só atrapalha. Ontem, na altura em que estávamos, não vimos o acidente com o carro da Tijuca que, ainda assim (o que é uma estupidez desse ambiente competitivo que é o samba) desfilou com os integrantes que não se feriram sentados, ao lado de bombeiros. Os carros alegóricos, aliás, são muito altos. A monumentalidade já estaria garantida se a escala fosse menor. Esculturas muito bem acabadas, em praticamente todas as escolas. Apenas a Vila, no domingo, me pareceu com carros mal acabados. Seja como for, uma técnica que me deu a impressão de um padrão estético, que, a partir de um determinado momento, anestesia o olho. Daí a surpresa que tive com a Mangueira. Sem dispensar o acabamento, todas as alegorias pareciam trazer a marca pessoal de um trabalho de cartum. O enredo, "Poesia e Fé", se cito certo, interpretou plasticamente ícones da fé, como o "Zé Pelintra", combinando desenhos de humor. Mas, o que mais me impressionou, até agora na retina, foi uma espécie de escultura, feita em volutas, em rotação pela avenida, de um lado o Jesus, cristão, branco, do outro, negro, Oxalá, segurando uma bola lisa, o universo, como se um produzisse o outro na medida em que o escultura rodava e se deslocava. Pena o problema com um carro, que abriu um buraco entre as alas, comprometendo, por momentos, a harmonia. Ao final, a festa popular, com o povo, pelo sambódromo, atrás da Mangueira, como se fosse um bloco. Pra mim, é bicampeonato.

SRN


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Turbante


Leio uma discussão sobre "apropriação cultural". Parece que o problema está no uso de um turbante. Fica difícil discutir apropriação cultural sem a crítica à indústria cultural, que é quem põe em circulação as referências de adesão de circunstância. E o controle da indústria cultural nunca está nas mãos dos produtores - nem dos consumidores - da estética que vira referência. 

Quem lucra com a moda?

SRN


quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Vale tudo pra controlar a venda da água

O Liberalismo, conforme Immanuel Wallerstein, "é um termo confuso e que confunde", desgastado - desgaste, aliás, muito conveniente, pois esconde os defeitos. A ampla rejeição à "democracia", manifesta em qualquer enquete e objeto da demagogia de proto-fascistas como bolsonaro, é fruto justamente da confusão com o "regime liberal-democrático". Ao liberalismo interessa sempre reduzir o problema à política, ajuda a esconder sua própria natureza: as relações sociais do poder do capital. Quando os direitos civis e as liberdades públicas começam a atrapalhar, os liberais não hesitam em sacrificá-los, aceitando apenas a liberdade que não os ameace. E, em tempos de reorganizar a acumulação, quanto não vale em tiro, porrada e sangue, como o que acabou de ocorrer na Cidade, pra controlar um ativo como a Cedae? 

Vale tudo pra controlar a venda da água.




"Martí: El ojo del canario"


http://operamundi.uol.com.br/…/%C2%93marti-el-ojo…/09022017/

SRN




"As veias abertas da América Latina" estão todas sendo costuradas na Gávea

Ontem, foi mais um exemplo: 2 x 0.

SRN



E a Cedae, meu irmão?


E a Cedae, meu irmão, segue no calcanhar de aquiles (do pezão, que vai atrás do tapetão, como um bom tricolor pra roubar a terceira divisão) da Alerj. E a sociedade de classes extrapola a política do parlamento,sempre um instrumento da ordem e que nunca resolve a contradição fundamental. E, em tempos de regressão (do também tricolor Armínio Fraga, pra quem o contrato social não cabe mais no PIB), o parlamento só decidirá em favor de demandas populares se suficientemente pressionado pelas ruas.


SRN


quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Uma eletiva da UERJ e o Espírito Santo

Tive uma eletiva na UERJ, do professor Flaviano, articulando história e cinema. Mas, a surpresa e a qualidade estavam em que Flaviano extraia crítica historiográfica até do Cobra, do Stallone, fugindo ao estereótipo de só analisar "filmes de arte' ou "autorais". Uma eletiva muito útil, sobretudo pela relação que me vem pelo que ocorre no Espírito Santo com um filme que vi recentemente, um "blockbuster' desses, se não me engano, 'Uma noite de crime". No filme, o governo estadunidense liberava uma noite inteira, chamada de "expurgo", a fim de aliviar a criminalidade, pra população fazer o que bem entendesse, matasse quem quisesse, gangues contra gangues, a barbárie, sem polícia, sem contenção. Excelente eletiva. 


UERJ na veia!


SRN


Acabei de deixar no portal da Alerj

Esta casa precisa estar à altura dos desafios, não sacrificando às circunstâncias a estrutura de desenvolvimento do nosso estado. Privatizar a Cedae, como parte desta espécie de "pec fluminense", sob a forma desse novo regime fiscal de longa duração, é entregar não apenas o patrimônio saudável construído pelo povo brasileiro, mas também esconder a negociata atrás do sofisma do acerto de contas do estado. E o que é pior: usando a situação de calamidade do servidor público. Basta a própria tradição liberal, a ela recorrer contra o que esta casa começará na próxima quinta. Basta lembrar de Locke que justificava - mais do que isso - recomendava a revolta civil contra um mau governo que não respeita o "contrato de consentimento" que o constituiu. As ruas têm de impedir o que esta casa cometerá a partir da próxima quinta. 

SRN
Antônio Máximo, de Vila Isabel, terra de Noel e Nássara e adotada por afeto por Martinho




terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

A Cedae e os Beatles da mortadela


Encomenda entregue e, na volta, comprei a mortadela e me permiti matar a saudade da infância e comprei também um pacote de "seven boys", da Panco. O pacote da minha infância mudou pouca coisa, apenas atualizado no photoshop, mas os pãezinhos, fragmentados, pequenos, são uma metáfora do fetiche do regime da mercadoria: o artista proletário em busca de uns trocados, enquanto na próxima quinta a Cedae será vendida na Pec fluminense que espirra a água privatizada desse presidencialismo de coalizão. 

Vida que segue, como dizia o grande Saldanha...

SRN


“Dois Conceitos de Liberdade”, de Isaiah Berlin


Há tempos, li numa postagem do professor Alvaro Bianchi, da Unicamp, referência ao texto “Dois Conceitos de Liberdade”, de Isaiah Berlin. Fui ler. Nele, a crise do legado iluminista é logo exposta no parágrafo inicial. A razão e o progresso não estão mais dados, e o que se discute não são mais “problemas técnicos”, próprios à máquina ou a engenheiros, nem para o aperfeiçoamento da ordem burguesa nem para a felicidade emancipatória da revolução do proletariado. Entretanto, embora afins no idealismo da busca da “harmonia social perfeita’, na demonstração da crise que nos expõe, há, para Berlin, distinções no conteúdo da liberdade que separam liberais e socialistas. E aí, a excelência de Berlin, ao contrário da fuleira “carroça” pós-moderna do “fim das grandes narrativas” (como se, ao dizer isto, também não o fosse) já queimando óleo. Tanto tempo, e o texto de Berlin sobrevive, pois trata-se de uma reflexão sobre os sentidos que considera fundamentais reter acerca da liberdade, cerne da política: “a questão da obediência e da coerção”:

 “O que é a liberdade para aqueles que não podem dela fazer uso? Sem as condições adequadas para o uso da liberdade, qual é o valor da liberdade?” 

O cara, liberal, merece ser lido, nestes tempos em que o Armínio Fraga já estabeleceu que o contrato social não cabe mais na Constituição. Melhor que muito panfleto.

SRN


Madre Tereza de Sorocaba


É o tal negócio: um olho no padre, outro na missa. E se temos uma crise de hegemonia e a pauta conservadora domina o espaço público, dá pra concluir que a solução será na linha do "sobrinho do tio" ou a vida é criativa pra outras soluções? 

A Lava-Jato, por exemplo, ainda pra ficar no "18 Brumário" do Alemão, não seria o que há de melhor pra testar a capacidade das instituições liberais de evitar o farisaísmo de negarem a si mesmas? 

SRN


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Tem melhor negócio do que controlar a venda da água?


Bipolar


Meu amigo, Rubro-Negro, professor de história formado comigo na UERJ, Alexandro Amorin, parece sucumbir à desesperança da reforma do ensino médio que pretende acabar com a obrigatoriedade do ensino de história, a ser diluído no reducionismo das “ciências humanas aplicadas”. A princípio – afirma – sociologia e educação física saíram, houve reação, a sociologia voltou e história saiu. É o tal negócio, típico do regime, jogando um pobre contra o outro pela vaga de um salário pra pagar a luz, o gás e a água, que será privatizada. 



Meu amigo pensa em fazer outra coisa. Acho justo. Talvez, a crítica que a história enseja seja mesmo desnecessária. Pra que pensar? Pra que ir além da instrumentalização fuleira de “coxinhas & petralhas”?


Afinal, no mínimo, é ser um bom filho da puta recusar transformar em luta política interesseira a morte da Dona Mariza.

SRN


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

A Cedae é o antigo campo do América em Vila Isabel

Se é clássico, continua válido. “18 Brumário’, texto base de Marx na análise do golpe do sobrinho do Napoleão na França de 1851. E o que isso tem a ver com o desenho do Orlando “Lelé”, ex-lateral do América dos anos 70? 

É que sempre me lembro do que fizeram com o ‘Mequinha”, quando ocorre a defesa da ordem, com tiro e porrada. O “presidencialismo de coalizão”, que nos dá, em desdobramento sobre a federação, o ataque aos direitos civis, como o que se viu ontem aqui no Rio, é um exemplo de validade da análise de Marx de que a democracia liberal não hesita em violar-se se ameaçados os interesses do regime do capital. Atiraria até em Locke, que defendia a revolta civil contra um governo desse tipo. 

E o Orlando “Lelé”? 

Serve pra ilustrar que venderam o campo do América aqui perto, na Teodoro da Silva, rua onde morou e morreu Noel, pra levantar um shopping sob o argumento de que o dinheiro seria usado pra pagar as dívidas do clube e lançar o “América dos Anos 2000”. O “Mequinha”, segundo time de todo carioca, acabou. 

A Cedae é o campo do América que tem de ser vendido ainda que com porrada, tiro e sangue do servidor público.


SRN?


quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

3 x 0


Dois "volantes" (antes era "cabeça de área") que sabem sair pro jogo. Falta desenhar o Rômulo, que acabou de chegar.Segunda vitória seguida, com um placar elástico, 3 x 0. 

Uma sequência capaz de criar casca e permitir a Zé Ricardo trabalhar tranquilo.

SRN