Há tempos, li numa postagem do professor Alvaro Bianchi, da Unicamp, referência ao texto “Dois Conceitos de Liberdade”, de Isaiah Berlin. Fui ler. Nele, a crise do legado iluminista é logo exposta no parágrafo inicial. A razão e o progresso não estão mais dados, e o que se discute não são mais “problemas técnicos”, próprios à máquina ou a engenheiros, nem para o aperfeiçoamento da ordem burguesa nem para a felicidade emancipatória da revolução do proletariado. Entretanto, embora afins no idealismo da busca da “harmonia social perfeita’, na demonstração da crise que nos expõe, há, para Berlin, distinções no conteúdo da liberdade que separam liberais e socialistas. E aí, a excelência de Berlin, ao contrário da fuleira “carroça” pós-moderna do “fim das grandes narrativas” (como se, ao dizer isto, também não o fosse) já queimando óleo. Tanto tempo, e o texto de Berlin sobrevive, pois trata-se de uma reflexão sobre os sentidos que considera fundamentais reter acerca da liberdade, cerne da política: “a questão da obediência e da coerção”:
“O que é a liberdade para aqueles que não podem dela fazer uso? Sem as condições adequadas para o uso da liberdade, qual é o valor da liberdade?”
O cara, liberal, merece ser lido, nestes tempos em que o Armínio Fraga já estabeleceu que o contrato social não cabe mais na Constituição. Melhor que muito panfleto.
SRN
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