sexta-feira, 28 de abril de 2017

Há greve geral na pós-modernidade?


A reação no hemisfério norte se manifesta com xenofobia, ódio e uma certa solidariedade entre trabalhadores locais e capital, ao invés de buscar a crítica nas relações de produção. Aqui, a reação dispensa a solidariedade, defenestrando o presidencialismo de coalizão, atacando sem susceptibilidades o campo do trabalho. 

Ainda aqui, a imprensa/empresa manda seus repórteres pra rua com a orientação de criminalizar a greve geral, buscando exemplos de violência, piquetes e depoimentos de trabalhadores que querem trabalhar, mas não podem. A cereja do bolo vem pelos amestrados que ficam no estúdio: "é um direito constitucional o de ir e vir". Pois amestrados, afinal, são intelectuais. 

Onde a pós-modernidade, fragmentária, sem "narrativa vinculante"? Do neopopulismo de direita ao mecanismo ideológico, por excelência, a mídia, não são características típicas do conflito moderno radical?

SRN


segunda-feira, 24 de abril de 2017

Guerrero não anda de kombi


Este desenho eu fiz faz algum tempo. Foi num empate contra o galo de despacho em que o Guerreiro também fez dois gols. Vale repetir, pois, ontem, metemos dois num time cuja torcida cabe numa kombi e que deve ter enfrentado problemas pra chegar à "arena" maracanã. Chovendo na Guanabara, a Kombi deve ter molhado o platinado ou passado em uma poça numa esquina e atropelado o despacho feito com frango mineiro - o que me fez lembrar-me do desenho que fiz algum tempo. Serve. Ao menos, um pouco de história: Fla x Flu é um Clássico Carioca. Os títulos cariocas dos dois últimos anos foram mais uma palhaçada pós-moderna, felizmente em diluição.


SRN


Graciliano Ramos assinaria o Globo?

Voltei, após muitos anos, a ser assinante do Globo. Evidente, os limites de imprensa livre estão nos seus interesses de empresa que precisa sobreviver como outra qualquer no regime capitalista. Mas, ainda assim, neste estreito espaço de defesa da ordem, de uma sociedade de classes, é possível fazer um jornalismo voltado para a busca da informação e, nesses tempos de internet, de apuração.. 

Sempre me lembro do JB, um jornal liberal, como não poderia deixar de ser, mas em cujo espaço era possível ver o contraditório. Prestes e Roberto Campos, por exemplo (ao passo que,no Globo, havia apenas Roberto Campos, provavelmente pela atuação decisiva do ministro do planejamento do general Castelo Branco, no acordo Globo/Time life). Lembro-me, especificamente, da cobertura da bomba do Riocentro, da farsa denunciada do inquérito de uma ditadura que buscava controlar a transição política. Conseguiu, de resto, mas as reportagens e colunas do JB atrapalharam bastante. No episódio, o Globo era uma espécie de porta-voz oficial. Adiante, após tentar ignorar as "Diretas Já" e constrangido a mudar pelas circunstâncias, derrotadas as diretas e, embora apoiando Tancredo Neves, o Globo saía com um editorial que já se tornou referência na historiografia, se não me engano em outubro de 1984, defendendo os "ideais da revolução de 64". Recentemente, o globo fez uma espécie de autocrítica, sem, entretanto, convencer ninguém, haja vista o apoio que deu a passeatas recentes com a presença de tipos notórios, entre os quais torturadores tirando fotos ao lado de crianças como vovôs inofensivos, com a manchete irônica (só pode ser ironia, não acredito que acreditassem no que escreveram) de que uma das tais passeatas paulistas era a aurora da liberdade no Brasil. 

O que me levou a retomar a assinatura foi ver a cobertura da Lava-jato. Fontes e investigação bem exploradas. Também aí o mecanismo ideológico dizendo ao que veio pela ênfase que dá, com especial apuro, em tudo que diga respeito ao Lulismo. Mas, a relação da empresa imprensa com temer não é a mesma da que a leva a poupar Fernando Henrique. E, como é o vice que não é o de São Cristóvão que está alugado pra não atrapalhar o recrudescimento neoliberal de ataques aos direitos sociais, rumo, sem tréguas, a virarem puras e simples mercadorias sem disfarces. é possível ler no jornal aquilo que Graciliano Ramos - um humorista inigualável, porém, pouco reconhecido - escreveu logo na abertura de Memórias do Cárcere:



"Restar-me-ia alegar que o DIP, a polícia, enfim, os hábitos de um decênio de arrocho, me impediram o trabalho. Isto, porém, seria injustiça. Nunca tivemos censura prévia em obra de arte. Efetivamente se queimaram alguns livros, mas foram raríssimos esses autos-de-fé. Em geral a reação se limitou a suprimir ataques diretos, palavras de ordem, tiradas demagógicas, e disto escasso prejuízo veio à produção literária. Certos escritores se desculpam de não haverem forjado coisas excelentes por falta de liberdade - talvez ingênuo recurso de justificar inépcia ou preguiça.Liberdade completa ninguém desfruta: começamos oprimidos pela sintaxe e acabamos às voltas com a Delegacia de Ordem Política e Social, mas nos estreitos limites a que nos coagem a gramática e a lei, ainda nos podemos mexer. Não será impossível acharmos nas livrarias libelos terríveis contra a república novíssima, às vezes com louvores dos sustentáculos dela, indulgentes ou cegos. Não caluniemos o nosso pequenino fascismo tupinambá; se o fizermos, perderemos qualquer vestígio de autoridade e, quando formos verazes, ninguém nos dará crédito. De fato ele não nos impediu escrever. Apenas nos suprimiu o desejo de entregar-nos a esse exercício."

SRN

quinta-feira, 20 de abril de 2017

PUM: Partido Único do Meirelles


Meirelles vive dizendo que as medidas do governo não são uma questão de opinião, mas de necessidade. Meirelles, evidentemente, não é comunista. Não pode ser acusado de adepto do "partido único". Embora uma espécie de Messias do "presidencialismo de coalizão", tem, por isso mesmo, a obrigação de fazer política. No caso do novo regime fiscal do estados, por exemplo. Por que o Rio e o Rio Grande do Sul não podem buscar uma alternativa baseada nas compensações da "Lei Kandir", de setembro de 1996, que não vieram até hoje por falta de lei complementar? O petróleo do Rio e a carne gaúcha, desde então, perderam arrecadação em virtude da desoneração do ICMS sobre a exportação de produtos e serviços, sem receber nenhuma compensação como manda a lei. Mas, isso atrapalha bons negócios, como a da Cedae, não é Ministro?

SRN


quarta-feira, 19 de abril de 2017

A Educação acaba de ser roubada como o título de 87

Não me surpreende, aqui na Guanabara, que tricoletes e os de segunda fiquem ao lado do careca do temer no STF. Fazem parte do mesmo Tietê. Além disso, só quem despreza a história (o que também surpreende entre tricoletes e os de segunda, alguns deles formados comigo em História na UERJ), pode questionar o TÍTULO LEGÍTIMO DO FLAMENGO EM 87. 


Vida que segue, como dizia o Grande Saldanha, e é melhor discutir o que importa e não molecagem, ainda que vinda da toga do careca do temer. Seguinte:

Acabo de ler, no portal da Câmara, o substitutivo do Pedro Paulo, aprovado ontem. Estamos todos estropiados como professores não apenas de história. Entre as contrapartidas do novo regime fiscal a ser celebrado entre o estado que se disponha e a União, há uma proibição que arrebenta com a educação no nosso estado. Pedro Paulo manteve a proibição de novos concursos, desde que não seja pra repor vaga. Assim, aparentemente, estariam garantidos os concursos de provimento de professores destinados a atender a demanda mínima do estado, longe de ser cumprida. A malandragem, entretanto, também faz parte das "proibições de contrapartida" no que diz respeito aos convênios com organizações sociais da sociedade civil (OSC). A princípio, todos os convênios não seriam renovados, mas o tal do Pedro Paulo "flexibilizou" a "proibição" para os casos de "serviços essenciais". É o tal negócio: basta combinar essa "flexibilidade" pras OSCs atuarem em serviços essenciais como Educação à lei das terceirizações que permite a contratação de terceiros para atividades fins, que as vagas de professores nas escolas do estado pra atender a demanda mínima, ainda permitida pelo novo regime fiscal, poderão tranquila e legalmente ser preenchidas por professores vinculados às OSC, sem concurso, sem critério. Calculem se considerarmos ainda os tais "itinerários formativos". Como o ensino médio é atribuição do estado, e a "reforma" do ensino médio, na história do boitatá de que os adolescentes agora escolhem a própria "vocação", permite que as escolas ofereçam apenas os "itinerários" que puderem (acabando com a falácia da livre escolha "vocacional"), certamente haverá um excesso de "opções" para os cursos profissionalizantes que não exigem professores com licenciatura, mas apenas 'profissionais de reputação reconhecida". Será a festa dos cabos eleitorais da pior politicalha que o nosso estado conhece há tempos.

SRN?


sexta-feira, 7 de abril de 2017

wikilegis

O portal da Câmara Federal disponibilizou a ferramenta “wikilegis”. Podemos acompanhar os projetos como se fôssemos membros das comissões, com as redações das emendas substitutivas disponíveis pra comentários e até sugestão de redação distinta.Uma ferramenta muito melhor do que facebook ou twiter, pois permite a participação num nível de complexidade na discussão de temas de interesse público que a vulgaridade das redes sociais não permite.
Evidente que desconfio de que o material participativo produzido pela ferramenta não será absorvido pelos parlamentares. Seja como for, serve de estatística de referência.
No tema Reforma Trabalhista, por exemplo, uma das emendas me chamou a atenção pela força adquirida pelo “acordado” sobre o “legislado” na precarização do trabalho. Se houver “vantagens’ do acordo entre patrões e empregados, basta simplesmente “explicitar’ tais vantagens que imediatamente deixa de valer a proteção constitucional  que regula o objeto da “vantagem’ eventualmente obtida.




"§ 3º Na hipótese de flexibilização de norma legal relativa a salário e jornada de trabalho, observado o disposto nos incisos VI, XIII e XIV do caput do art. 7º da Constituição, a convenção ou o acordo coletivo de trabalho firmado deverá explicitar a vantagem compensatória concedida em relação a cada cláusula redutora de direito legalmente assegurado."
Calculem a malandragem.
A prova da validade de um clássico, a do “18 Brumário” de que apenas a luta parlamentar não é suficiente, haja vista a Cedae.
SRN