terça-feira, 11 de agosto de 2015

Patolino e a “Agenda Brasil”

Golpe pra que, Cara Pálida?

Área militar há muito anos tranquila; o Bradesco com seu funcionário na Fazenda, o agronegócio na Agricultura, a "direita pão com ovo" vendo na televisão o Bozo Cunha inchar e murchar conforme a conveniência e agora o PMDB, via "Agenda Brasil" do Calheiros, tutelando a presidência.

Nessas horas, a falta que faz a perspectiva crítica de um Florestan Fernandes.


SRN


20 anos sem Florestan Fernandes



A falta que faz uma perspectiva crítica.

SRN

sábado, 8 de agosto de 2015

Quer dizer que questionar a Dilma é querer Aécio, no vocal, Cunha, no baixo, Roger, na guitarra, Bolsonaro e Lobão, em rodízio,na bateria?



Um show desse nem na franquia do Rock in Rio, com patrocínio do Donald Trump. A alternativa à Dilma, evidente, que não é a caricatura dos Ramones. Essa direita hidrófoba, muito mais confusa do que ideológica, sempre existiu, agora apenas perdeu a vergonha de se expor. Aliás, Cunha, Bolsonaro, Lobão, Roger etc só têm voz porque não se fez um trabalho de memória adequado na transição da ditadura pro regime civil. A "organização do esquecimento", botando uma pedra em conivências e constrangimentos, é que criou condições pra passeatas como as que tivemos em 15 de março, em que um agente torturador do dops aparece tirando foto, ao lado de crianças, como um vovô de fim de semana. 

Em resumo: defender a Dilma contra a direita não é argumento, pois quem a empareda e a mantém como refém são justo as forças que sustentam o terceiro executivo do Bradesco na Fazenda e a latifundiária do agro-negócio na agricultura.

E mais, o Velho Alemão já dizia que o que importa é a análise da realidade. Muda a realidade, muda a análise. Durante a campanha do ano passado, todas as minhas postagens eram de defesa encarniçada da Dilma contra esse netinho do vovô da história. A Dilma parecia a negação do que representava o netinho. Julguei que era a opção certa, naquele momento, naquelas circunstâncias. Mas, chegou dezembro e antes do ano novo, duas MPs que, em face da diminuição do ritmo da economia que se avizinhava, não podiam ser editadas, dificultando o acesso e a proteção do trabalho. Daí, em diante, foi o que se viu.

SRN




sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Há analogia com 64?

Pra não citar o mais óbvio – a Guerra Fria -, a estrutura social do país é hoje muito diferente. Somos agora completamente urbanos, com todas as implicações que isso significa no mundo midiático de consumo em que vivemos. Longe o tempo da emergência do mundo do trabalho, capaz de alimentar na cidade a fantasia de uma “República sindicalista”, como a que foi usada contra Jango.

Alvo de campanha hoje é uma espécie de “direita pão com ovo”, que anda de ônibus, pega o trem que não pode ser atrasado por qualquer estorvo humano, morto nos trilhos atrapalhando o tráfego de Chico Buarque, e tem a inscrição “auxiliar de escritório” registrada na carteira de trabalho. E a representação que a mídia dela organiza atua justo para mobilizá-la naquilo que tem de mais imediato. Qualquer telejornal (sem considerar os justiceiros do mundo cão, já clássicos desde os tempos rudimentares da “cidade contra o crime” na rádio Tupi) é apresentado por personagem com mentalidade idêntica. Dispensa treinamento, vindo editada do senso comum.

Estoura a crise do reformismo estagnado quando a inclusão via consumo encontra o limite de um sistema que,  a fim de renovar a acumulação, tem de cortar direitos, precarizar, de vez, o trabalho e atacar a própria liberalidade que o sustenta.

A classe média, quase também a pão e água, não suporta ver a mobilidade de sua origem esquecida, ocupando cotas, andando de avião e disputando o consumo das Casas Bahia.

O Estado do reformismo estagnado, sem saída, não hesita, retrocede, cancelando e confiscando, devagar, todas as concessões feitas à base da sociedade.

Um termômetro: o PMDB começa a se deslocar.

SRN





quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Não existe Fiat Elba na tela da ‘Mulher que Chora”



Por que há condições subjetivas pra se tentar o impeachment da Presidente?

Uma pergunta cuja resposta é muito mais importante do que a mesquinharia de tentar uma prova que fundamente a legalidade da abertura de um processo. Deixem isto com Cunha, Aécio, Sardenberg, Constantino, Azevedo e Ana Maria Braga.

FHC comprou um mandato, entregou o patrimônio nacional (quem vai a Volta Redonda sente a leviandade de se entregar uma cidade marco na nossa história econômica a um mero gerente financeiro, sob o argumento rasteiro da eficácia de fancaria) e continua pimpão sem nunca ter jogado no Botafogo.

O mensalão esteve a ponto de derrubar Lula, que, entretanto, soube encaminhar a inclusão via consumo, de um lado, e o rentismo, do outro, no enfrentamento da crise mundial montado nos containers das commodities ao agrado do capitalismo brasileiro. Não só reelegeu-se, como fez a Dilma.

Muitos votamos e fizemos campanha pro Lulismo não por fazer o que queríamos, mas o que achávamos que era o melhor que podíamos. Tudo bem, mas, por que hoje há e até há pouco não havia tamanha rejeição ao PT e à Dilma?

Já crescemos, lemos algumas orelhas de livros, acabamos percebendo que, se a mídia pode muito, não pode tudo. Na verdade, produzem evidências cada vez mais notórias de que não passam de artífices de imagens a serviço da dominação. No fundo, devemos agradecer a mediocridade de operadores como Bonner, Ratinho etc. Calculem se fossem sutis? Melhor ainda quando o conteúdo da imagem que confeccionam é o Cunha.

Não há nada de ilegal na Presidente. Também não parece haver perspectiva de mudança, amarrada que está com a manutenção da ordem. Ninguém mais legalista atuando em favor de um reformismo estagnado. Levy não deixa mentir.

Por isso, a crítica endereçada ao governo deve se tornar implacável, sem tréguas, quando dirigida a essa oposição que quer derrubá-lo. Temos a pior caricatura da história política. Aécio e Cunha são um símbolo que não há photoshop que viabilize. Mercadorias baratas, patéticas, que não precisam de luvas pra serem embaladas, pois quem as manipula não corre nenhum risco de contaminação.

Até a moralidade recorre a outras metáforas. Enquanto Lacerda fundava o “clube da lanterna”, como Diógenes, a lanterna em punho, em busca de um cidadão honesto, a de hoje busca a rola que o Boechat mandou.

Apenas o IPES continua o mesmo.

SRN

O 18 Brumário de Oppenheimer



Robert Oppenheimer, judeu nova-iorquino, físico e pai do Projeto Manhattan. Resultado: Hiroshima, a 6 de agosto de 1945, e Nagasaki, três dias depois.
Há exatos 70 anos, portanto, Truman - que havia assumido a presidência dos EUA em abril daquele mesmo nome, em virtude da morte de Roosevelt, executor do projeto da bomba, estimulado por uma carta de Einstein que alegava temer que os alemães a produzissem primeiro – dizimava a cidade de Hiroshima.

Não cabe o cinismo político. 

Ao que interessa, aqui nesta postagem, é o que Marx escreveu em “O 18 Brumário de Luis Bonaparte”, na análise do golpe de Estado do sobrinho de Napoleão na França de meados do século XIX. É um texto de referência com várias conseqüências, entre às quais o papel do indivíduo na História. E ninguém mais, na data de hoje, do que o físico Robert Oppenheimer encarnou o que escreveu um outro judeu, igualmente brilhante, também filho de alemães:

“Os homens fazem a sua própria história; contudo, não a fazem de livre e espontânea vontade, pois não são eles quem escolhem as circunstâncias sob as quais ela é feita, mas estas lhes foram transmitidas assim como se encontram.”

E a História que Oppenheimer fez, sob as circunstâncias da II Guerra, segundo suas próprias palavras – “tenho as mãos sujas de sangue” -  o atormentou o resto da vida, a ponto de em 1954, no auge da caça às bruxas da era McCarthy, ter perdido a licença para trabalhar em programas secretos do governo Eisenhower, sob suspeição de comunismo.


SRN