sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Há analogia com 64?

Pra não citar o mais óbvio – a Guerra Fria -, a estrutura social do país é hoje muito diferente. Somos agora completamente urbanos, com todas as implicações que isso significa no mundo midiático de consumo em que vivemos. Longe o tempo da emergência do mundo do trabalho, capaz de alimentar na cidade a fantasia de uma “República sindicalista”, como a que foi usada contra Jango.

Alvo de campanha hoje é uma espécie de “direita pão com ovo”, que anda de ônibus, pega o trem que não pode ser atrasado por qualquer estorvo humano, morto nos trilhos atrapalhando o tráfego de Chico Buarque, e tem a inscrição “auxiliar de escritório” registrada na carteira de trabalho. E a representação que a mídia dela organiza atua justo para mobilizá-la naquilo que tem de mais imediato. Qualquer telejornal (sem considerar os justiceiros do mundo cão, já clássicos desde os tempos rudimentares da “cidade contra o crime” na rádio Tupi) é apresentado por personagem com mentalidade idêntica. Dispensa treinamento, vindo editada do senso comum.

Estoura a crise do reformismo estagnado quando a inclusão via consumo encontra o limite de um sistema que,  a fim de renovar a acumulação, tem de cortar direitos, precarizar, de vez, o trabalho e atacar a própria liberalidade que o sustenta.

A classe média, quase também a pão e água, não suporta ver a mobilidade de sua origem esquecida, ocupando cotas, andando de avião e disputando o consumo das Casas Bahia.

O Estado do reformismo estagnado, sem saída, não hesita, retrocede, cancelando e confiscando, devagar, todas as concessões feitas à base da sociedade.

Um termômetro: o PMDB começa a se deslocar.

SRN





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