Pra
não citar o mais óbvio – a Guerra Fria -, a estrutura social do país é hoje
muito diferente. Somos agora completamente urbanos, com todas as implicações
que isso significa no mundo midiático de consumo em que vivemos. Longe o tempo
da emergência do mundo do trabalho, capaz de alimentar na cidade a fantasia de
uma “República sindicalista”, como a que foi usada contra Jango.
Alvo
de campanha hoje é uma espécie de “direita pão com ovo”, que anda de ônibus,
pega o trem que não pode ser atrasado por qualquer estorvo humano, morto nos
trilhos atrapalhando o tráfego de Chico Buarque, e tem a inscrição “auxiliar de
escritório” registrada na carteira de trabalho. E a representação que a mídia
dela organiza atua justo para mobilizá-la naquilo que tem de mais imediato.
Qualquer telejornal (sem considerar os justiceiros do mundo cão, já clássicos
desde os tempos rudimentares da “cidade contra o crime” na rádio Tupi) é
apresentado por personagem com mentalidade idêntica. Dispensa treinamento,
vindo editada do senso comum.
Estoura
a crise do reformismo estagnado quando a inclusão via consumo encontra o limite
de um sistema que, a fim de renovar a
acumulação, tem de cortar direitos, precarizar, de vez, o trabalho e atacar a
própria liberalidade que o sustenta.
A
classe média, quase também a pão e água, não suporta ver a mobilidade de sua
origem esquecida, ocupando cotas, andando de avião e disputando o consumo das Casas
Bahia.
O
Estado do reformismo estagnado, sem saída, não hesita, retrocede, cancelando e
confiscando, devagar, todas as concessões feitas à base da sociedade.
Um termômetro: o PMDB começa a se deslocar.
SRN
muito bom opinamento1
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