domingo, 13 de janeiro de 2013

Rubro-Negros, amamos o futebol, mas dispensamos a copa do Blater

Por Máximo



O problema dos meios de comunicação é sempre espinhoso na dicotomia recorrente: interlocução (massa como sujeito, portanto, capaz de recusar, selecionar, reinterpretar) e manipulação (massa passiva, dócil, manipulável).

Entretanto, há historiadores que sabem que "as coisas não são tão simples como parecem ser." Esta, aliás, é uma frase do historiador Jorge Ferreira, da UFF, na resenha, Propaganda política estatal: comparando ditadurasem que comenta o livro de outra historiadora, da USP, Maria Helena Capelato, Multidões em Cena. Propaganda Política no Varguismo e no Peronismo. São Paulo. Papirus. 1998.

No inventário das ideias do livro, Ferreira assevera a importância da História Comparada (sempre problemática), quando compara "o que pode ser comparado". Forço a analogia, para além do objeto da resenha (Varguismo e Peronismo), alargando o  recorte da "propaganda política estatal", para os limites do poder da mídia. Refiro-me à campanha pela "copa é nossa". 

Rubro-Negros, amamos o futebol. Vimos a seleção de 82. Leandro, Junior, Falcão, Sócrates e Zico, sem esquecermo-nos das bombas em banca de jornal, na OAB, matando a secretária Maria Lídia, na Câmara Municipal Carioca, aleijando, no Riocentro que, felizmente, explodiu sobre quem deveria, de fato. 

Rubro-Negros, vimos a Democracia Corinthiana, Sócrates, Vladimir, Casagrande, na liderança de um movimento inédito no mundo escravagista da bola, em que todos, do roupeiro ao presidente, passando pelos jogadores, tinham um voto pra decidir o que fazer, como fazer e quando fazer. 

Rubro-Negros, víamos o fusca velho da ditadura, alguns dos fuscas dados com dinheiro público de presente para os tricampeões por Maluf, prefeito de São Paulo, em 70, pingando óleo e batendo o motor, em face de um movimento coletivo de esperança das Diretas, em 84, a despeito dos bastidores que - sabíamos - torcer contra. 

Rubro-Negros, amamos o futebol, mas dispensamos a copa do Blater. 


Acesse o link e leia a resenha na íntegra:
Propaganda política estatal: comparando ditaduras

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