sábado, 27 de dezembro de 2014
sábado, 20 de dezembro de 2014
A Honra de Integrar o Museu do Negro
O início da tarde de hoje (19/12), pra mim, foi especial. Passo há anos em frente à "Igreja da Escrava Anastácia", ali na Uruguaiana, na cidade, e agora valerá mais do que nunca para entrar, sempre que possível, no Espaço Cultural que contêm e no qual atua o meu amigo historiador e museólogo, o Rubro-Negro Bruno Alves Fernandes. Um espaço todo dedicado à memória negra, com artefatos e arte. Dez trabalhos meus agora fazem parte do Museu. Tinha de registrá-los e o Bruno escolheu o Ícone Maior. De fato, Madiba. Valeu mesmo, Bruno. Uma HONRA
SRN.
SRN.
Rua Uruguaiana, Praça Monte Castelo, nº 25, Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito
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terça-feira, 16 de dezembro de 2014
Quem ri por último sempre se Freud
O
trocadilho é um chiste e isso é pavoroso, uma espécie de humor de segunda divisão,
de Eurico Miranda. Aliás, o humor sempre foi do interesse de Freud. Lembrei-me
do texto curto que escreveu, em 1927, “O Humor”, prum Congresso de Psicologia,
porque vi o Ronaldo “Fenômeno” dançando num comercial fazendo propaganda de
produtos pra família. Um “Fenômeno”, como vimos nos comentários da Copa, no
lugar certo, na hora certa: ao lado do Galvão e um pouco antes da lipoaspiração
do “Fantástico”. O “craque”, segundo o próprio, fez análise com um psicanalista
argentino. A piada parece pronta, mas não é. Até separei um trecho do texto do
Freud que estabelece a diferença entre o piadista presepeiro e o humorista que
vive do prazer que tira da crítica:
“Essas duas últimas
características - a rejeição das reivindicações da realidade e a efetivação do
princípio do prazer - aproximam o humor dos processos regressivos ou reativos
que tão amplamente atraem nossa atenção na psicopatologia. Seu desvio da
possibilidade de sofrimento coloca-o entre a extensa série de métodos que a
mente humana construiu a fim de fugir à compulsão para sofrer - uma série que
começa com a neurose e culmina na loucura, incluindo a intoxicação, a
auto-absorção e o êxtase. Graças a essa vinculação, o humor possui uma
dignidade que falta completamente, por exemplo, aos chistes, pois estes servem
simplesmente para obter uma produção de prazer ou colocar essa produção, que
foi obtida, a serviço da agressão. Em que, então, consiste a atitude
humorística, atitude por meio da qual uma pessoa se recusa a sofrer, dá ênfase
à invencibilidade do ego pelo mundo real, sustenta vitoriosamente o princípio
do prazer – e tudo isso em contraste com outros métodos que têm os mesmos
intuitos, sem ultrapassar os limites da saúde mental? As duas realizações
parecem incompatíveis.”
SRN
domingo, 14 de dezembro de 2014
Cartunistas no Leme
Ontem, sábado, no Martinez, no Leme, no Encontro dos Cartunistas, com Manoel Caetano Mayrink, Milton de Faria, Carlos Amorim e Cartunista Edra
sábado, 13 de dezembro de 2014
13 de Dezembro
A
chamada Nova História Política que se desenvolve na historiografia, a partir
dos anos 70, 80, do século passado, trouxe novas abordagens e objetos, como o
estudo do imaginário, do simbólico, das representações, enfim. Entretanto, a
História Política Clássica, que trata dos fenômenos do poder, das relações de
Estado continuam uma chave de análise indispensável, conforme o grande
historiador inglês, Perry Anderson, da escola marxista inglesa (que nos deu,
entre outros, Eric Hobsbawm). No prefácio de “Linhagens do Estado Absolutista”,
Anderson justifica o Estado como tema de reflexão: a luta de classes se resolve
na política e as transformações do Estado, no tempo, manifestam justamente “as
modificações básicas nas relações de produção” (a questão da Petrobras, dos
programas sociais, das ações afirmativas, para além dessa discussão mesquinha
de moralismo de um udenismo reducionista, podem muito bem ser vistas a partir
desse ângulo de Anderson). Portanto, é possível conjugar paixão e crítica
política.
13 de dezembro possui essas duas dimensões: em 68 foi a data do
terrífico AI-5 que institucionalizou, de vez, a ditadura pra prender, torturar,
matar e exilar sem pruridos. Treze anos depois, em 1981, com o AI-5 já extinto
(dezembro de 78), a ditadura negociando a transição como alternativa aos seus problemas
internos devido à autonomia que caminhava para o incontrolável do aparato de
repressão (as bombas em banca de jornal, a bomba que explode na OAB-RJ,em
agosto de 80 e mata a secretária Lydia Monteiro, a bomba do Riocentro, em 30 de
abril de 81, no show do Dia do Trabalhador, que explode no colo do próprio
agente do aparato de repressão dentro de um puma), tudo isso o Rubro-Negro
acompanhava, não era aquele timaço, talvez o melhor time de futebol do século
passado, que cancelaria seu juízo crítico, os problemas que enfrentávamos,
tensos, no fio da navalha. Raul, Leandro, Marinho, Mozer e Junior; Andrade,
Adílio e Zico; tita, Nunes e Lico eram uma espécie de poema que Drummond
confessaria (se não confessou, é razoável que se imagine a possibilidade)
gostaria de ter escrito. O Flamengo era Campeão do Mundo em Tóquio, passeando
sobre os ingleses do Liverpool, 3 x 0. Certamente, o verso de Orestes Barbosa,
um dos Monstros da Vila – "Tu pisavas nos astros, distraída" – era uma boa
expressão pra Arte daquele time.
SRN
quinta-feira, 11 de dezembro de 2014
Mostra de Cordel Português na Casa de Rui Barbosa
Não
é piada de português, mas houve também uma modalidade de cordel em Portugal e a
prova é a “Coleção Arnaldo Saraiva” em exposição inaugurada hoje na Casa de Rui Barbosa, em
Botafogo. Segundo o próprio Arnaldo Saraiva, um dos palestrantes, foi o português,
que já acabou, a fonte do nosso cordel nordestino. O Historiador e Presidente
da Casa de Rui Barbosa, Manolo Florentino e Alexei Bueno, que escreve a apresentação
da Mostra, também compuseram a mesa de grandes nomes, o último ou o primeiro
dos quais, ninguém mais ninguém menos do que o embaixador Alberto Costa e
Silva, cujo nome basta. Foi ele, aliás, com sua erudição tranqüila, levemente
irônica, que nos esclarece informando que, quando de sua experiência na
Nigéria, viu que lá o cordel era um fenômeno urbano e de classe média por uma
razão muito simples: também falava de amor e amor na Nigéria era, então, uma
experiência recente, citadina, pequeno-burguesa, pois que, a exemplo da
aristocracia européia, também a tradição nigeriana arranjava os casamentos
conforme interesses de outra natureza que nada tinham com a liberdade do futuro
casal de escolherem os próprios parceiros.
Na exposição, aproveitei que estava
ao meu lado e perguntei-lhe da semelhança do desenho em um cordel português do
início do século passado com o traço do nosso caricaturista da época J. Carlos.
O embaixador disse que era emulação característica. Minha sorte foi que a Cátia
percebeu a conversa e fez a foto.
SRN
Por que nosso passado traumático não é de interesse público?
Por
que mortos-vivos, como Bolsonaro, recebem meio milhão de votos e imbecis, como o
roqueiro aposentado Roger, podem tranquilamente dizer, referindo-se ao
assassinato de Rubens Paiva, aqui perto, no quartel da PE, na Barão de
Mesquita, que sua “família não sofreu
nada porque fazia o certo”?
Há
explicações muito pertinentes, tributárias ao campo clássico da historiografia
da “conciliação por cima.” Mas, os
estudos da memória têm ganhado muita força e, de um certo modo, a interpretação
da anistia/amnésia ressalta a conveniência do silêncio como meio de seguir
adiante, sem causar constrangimentos.
Parece que há um consenso entre os estudiosos da memória em torno do aspecto do entendimento do historiador Todorov acerca dos “abusos do dever de memória” – as memórias “literal” e “exemplar” - em sociedades com passado traumático. A “memória exemplar’ é uma espécie de socialização do agravo. O problema deixa de ser exclusivamente individual, restrito ao âmbito da vítima – o que permite o contra argumento fácil, bem caracterizado no roqueiro aposentado que retira a dentadura do copo pra aparecer na televisão dizendo que “sua família não sofreu nada na ditadura porque fazia o certo” – e passa a ser de todos, coletivamente compartilhado. A “memória exemplar’, assim, torna-se um bem comum, estabelecendo uma relação com o passado traumático e as injustiças do presente.
Parece que há um consenso entre os estudiosos da memória em torno do aspecto do entendimento do historiador Todorov acerca dos “abusos do dever de memória” – as memórias “literal” e “exemplar” - em sociedades com passado traumático. A “memória exemplar’ é uma espécie de socialização do agravo. O problema deixa de ser exclusivamente individual, restrito ao âmbito da vítima – o que permite o contra argumento fácil, bem caracterizado no roqueiro aposentado que retira a dentadura do copo pra aparecer na televisão dizendo que “sua família não sofreu nada na ditadura porque fazia o certo” – e passa a ser de todos, coletivamente compartilhado. A “memória exemplar’, assim, torna-se um bem comum, estabelecendo uma relação com o passado traumático e as injustiças do presente.
É, por isso, que a anistia
que persiste amnésia impede a relação com o passado, produzindo lobos idiotas,
erros de revisão de Paulo Francis, mortos-vivos estupradores, humoristas
fascistas e roqueiros do Alzheimer.
SRN
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
Papagaio de Pirata
A gentileza mineira, que já conhecia há muito pela convivência ao longo da vida com vários representantes da Monumental Minas Gerais, ontem, mais uma vez, confirmada. O Renato Aroeira, por si só, já é um Monstro e ainda teve a ousadia de me apresentar, como "cartunista", a ninguém mais ninguém menos do que à Dupla de Gênios Caruzo, Paulo e Chico.
Não sabia o que fazer.
Parecia o Márcio Braga, ex-Presidente do Flamengo, na época da Constituinte, aparecendo ao lado do Tancredo e do Ulisses.
SRN
quarta-feira, 3 de dezembro de 2014
A História também tem necessidades especiais
A História do tempo Presente
(HTP) é um domínio novo na historiografia, tributária à idéia do grande
historiador Marc Bloch, para quem, nas primeiras décadas do século passado, a
História, História-Problema, uma vez conhecimento controlado por teorias e
métodos próprios, passava a se constituir um “estudo do Homem no tempo”. E a
diferença, relativamente ao que pensavam os historiadores do século XIX – “a
História é o estudo do passado humano” – está justo no caráter dinâmico da
análise. O passado não está mais dado, disponível, à espera de “ser descoberto”
e definido de uma vez por todas. Importa agora analisar o que mudou, como
mudou, o que permaneceu, porque permaneceu. Isso não é fácil, envolve a
subjetividade do próprio historiador.
Todo esse papo pra dizer que, no dia de
hoje, data simbólica aos portadores de necessidades especiais, cabe encarar a
necessidade que permanentemente tem a História com determinados eventos.
Canudos, por exemplo. Diversas temporalidades são consideradas no recorte do
tempo e espaço em que o Massacre ocorreu. Euclides da Cunha mesmo, como
correspondente do jornal “O Estado de São Paulo”, segue com uma idéia,
preconceituosa, e, diante do que vê, a modifica. Outras consideraram o messianismo
e o anti-republicanismo do Conselheiro como um sacrilégio e uma sublevação pelo
retorno da Monarquia. Os coronéis do sertão vendo sua lógica de dominação
ameaçada pela experiência de autonomia de uma comunidade de sertanejos até bem pouco
subservientes.
Hoje é um bom dia pra lembrar de Canudos.
SRN
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