domingo, 10 de dezembro de 2017

O Espetáculo e o Regresso

O que me agrada no trabalho do historiador é a atenção ao fato. Certo, passamos já do século XIX nem ressuscita-se Ranke por crença na verdade epifânica, mas, como nos esclarece, sempre oportuno, em Sobre História, Hobsbawm:



“(...) diferença clara entre fato e ficção. Para nós, historiadores, inclusive para os antipositivistas mais intransigentes, a capacidade de distinguir entre ambos é absolutamente fundamental. Não podemos inventar nossos fatos. Ou Elvis Presley está morto ou não.”

O fato não se explica sozinho. O sentido que produz decorre de uma generalização extraída de um conjunto do qual faz parte com outros fatos. Mas, é justo no seu exame, naquilo que o distingue, que se produz a diferença na generalização que o modelo ilude.

A “imprensa-empresa” é um instrumento ideológico do capitalismo. Há nela, porém, o específico que remete a um fragmento do que Marx escreveu no prefácio para a Crítica da Economia Política, publicado em Berlim em 1859:

“Há a alteração material das condições de produção econômica. Deve-se constatar isso com o espírito rigoroso das ciências naturais. Mas há também as formas jurídicas, políticas, religiosas, artísticas, filosóficas; resumindo, as formas ideológicas pelas quais os homens tomam consciência desse conflito, levando-o às últimas conseqüências.”

A contradição que está na gênese do liberalismo, que não exita em sacrificar o próprio contrato que o pariu, traz evidentes as marcas do parto. A Constituição de 88 não cabe mais no PIB. Tranquilo. Ainda assim dá pra ler no Globo, 10-12-17, o seguinte:

“O combate à corrupção está em momento decisivo. De um lado alimenta a esperança de enfrentamento de um problema que ameaça a própria democracia. Por outro lado, não pode ceder ao oportunismo de uma época em que há um fortalecimento do conservadorismo social e político do país. De um lado, tem sido atacada por poderosos que se sentem ameaçados por ela, por outro, pode perder o apoio da opinião pública se repetir erros como os que levaram á morte o reitor da UFSC” / Míriam Leitão

“A lei diz que a condução coercitiva é necessária para levar à delegacia a pessoa que não atendeu a uma intimação. Houve intimação? Nem pensar.

Qual a lógica de conduzir uma pessoa à delegacia, com a publicidade produzida pela autoridade coatora, em cima de um inquérito que corre em sigilo?” / Elio Gaspari, sobre a operação da PF na UFMG.

SRN


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