Conforme os gráficos do Ministério da Saúde, divulgados na reportagem de hoje de O Globo, Um país com mais armas e violência, a leitura relevante permite estabelecer relações diretas entre regulação e homicídios.
Antes do Estatuto do Desarmamento (2003), em apenas um ano (1999-2000), um salto abrupto, a inclinação do gráfico quase se transforma numa ortogonal, indicando a progressão exponencial, absurda, de homicídios.
Após uma queda igualmente vertiginosa, verificada no outro gráfico, o de novas armas, após o Estatuto, já a partir de 2004, começa uma lenta ascensão, com um leve recuo entre 2005-2006, para um comércio intenso alcançando, entre 2014-2015, praticamente um paroxismo.
Comparadas as respectivas e correspondentes temporalidades, os gráficos levam à conclusão evidente de que há uma relação direta entre o aumento dos quantitativos de armas e de homicídios, de que são exemplos os dados do ano anterior (1999-2000) e posterior ao Estatuto (2003), quando o número de homicídios se estabelece num patamar muito alto, tributário ao elevado estoque de armas para pessoas físicas. Entretanto, o Estatuto, se não impede o comércio intenso de armas, ao menos impõe severas restrições ao seu uso, conforme indica a estabilização, embora alta, dos homicídios, restrições especialmente significativas neste momento de vigência de uma pauta reacionária, de fariseus da antipolítica, estimulada pelo investimento na desilusão do senso comum com o processo democrático combinada ao acirramento da criminalidade urbana
Na mesma página, uma outra reportagem com as propostas dos presidenciáveis para o tema. De resto, demagogos não causariam problema maior, se limitados àqueles cujo traço nas pesquisas revela a resposta irônica ao plágio com as siglas alheias. Irresponsável e leviano, entretanto, o candidato com alguma viabilidade que, diante de tal quadro, prega o faroeste caboclo.
Seria razoável imaginar que o eleitor da classe média carioca, devidamente armado, teria a sua casa como um novo alvo: certamente aumentará o número de roubos, com violência e morte, para, junto com o produto roubado, exigirem também a arma de proteção da família.
SRN
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