segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Puros da Taça

Por Máximo




O fundamento da ditadura era a lei de Segurança Nacional, do que tudo era tributário.O futebol, evidente, não escapava. Como é evidente também que havia a paixão que não admitia tamanho enquadramento, a extrapolar placebos. O tricampeonato no México também servia à ditadura e à História Política Clássica que adora prever o passado, como se os personagens não pudessem ser diferentes do que foram, benzidos pelo destino e condenados ao heroísmo. De Castelo a Geisel, passando por Golbery e Figueiredo, havia os puros da Taça que, de resto, acabou derretida pelo argentino argentário do ouro da rua da Alfândega, ao lado da CBF, em 1983, no ano seguinte à derrota da seleção de 82, estigmatizada, "jogar bonito não ganha Copa". 

É um prazer a ironia que vem deste time de 82, cuja arte tão mais intensa quanto menor sua capacidade de ilustrar temporalidades distintas: dos puros da Jules Rimet do "milagre econômico",  derretida, à Era do Caveirão em que aprendemos a jogar sem bola, marcando pressão e fazendo falta.

SRN 

Nenhum comentário:

Postar um comentário