quinta-feira, 11 de junho de 2015

Ministro da Defesa deveria ler os livros do CPDOC da FGV Carioca



Custa entender a atitude do Ministro da Defesa, Jaques Wagner, no enterro do general Leônidas Pires Gonçalves, que chefiou o Codi do I Exército aqui no Rio, entre abril de 74 e novembro de 76, não só autorizando honras militares, mas também mandando representante (o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general José de Nardi).

Nenhum problema enquanto era o circo, que abrigava as jaulas de lobão, Bolsonaro, o vovô de fim de semana que torturou, matou, no Dops e esse moleque idiota do “MBL”.

Agora, por que uma ação oficial do Estado Brasileiro?

Como sempre, a historiografia é muito útil e está disponível em excelentes trabalhos acadêmicos. A memória militar da ditadura recente foi objeto de pesquisa do CPDOC da FGV carioca. Entre outros livros, com depoimentos de militares que fizeram a ditadura, em “Militares e Política na Nova República”, o método empregado pelos autores, Celso Castro e Maria Celina D’Araújo, foi decisivo para os resultados: a História Oral (subjetividade da experiência vivida, ao invés da crença na verdade factual) e análise do conjunto dos depoimentos.

A condição do silêncio, que caracterizava a unidade das três Forças durante a ditadura, havia sido superada na Nova República. Nesta, os militares que alcançaram a promoção ao topo da hierarquia pertenciam a uma geração mais nova, que não carregava a responsabilidade do constrangimento pela repressão, tortura, desaparecimentos e mortos. 

A falácia do bloco monolítico associado às Forças Armadas ficava evidente. Havia divergências internas. Havia disputas entre as Armas.Qual o papel que teriam sob o poder civil?

A preposição da pergunta anterior também não era consenso entre os analistas. É esta, de resto, a discussão que o texto introdutório procura fazer.

“Que aconteceu com os militares depois que deixaram de ocupar o centro do poder político? Voltaram aos quartéis e sua influência política diminuiu? Ou, ao contrário, permaneceram politicamente poderosos como “tutores’ da democracia brasileira? Há defensores de posições excludentes e opostas.”

Mais do que isso uma postagem de blog começa a aporrinhar. Deve-se apenas procurar referências – a exemplo dessa produção historiográfica sobre a memória militar do CPDOC nos anos 90 – a fim de que se possa entender por que, quando já passou da hora de superar a conciliação que botou uma pedra no passado, justo o Ministro da Defesa de um Estado democrático venha adoçar o ranço requentado da lancheira térmica de vovôs de meia três quartos e Kichute, acompanhados de um imbecil que nasceu no século errado.

SRN

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