Custa entender a atitude do
Ministro da Defesa, Jaques Wagner, no enterro do general Leônidas Pires
Gonçalves, que chefiou o Codi do I Exército aqui no Rio, entre abril de 74 e
novembro de 76, não só autorizando honras militares, mas também mandando
representante (o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general José de
Nardi).
Nenhum problema enquanto era
o circo, que abrigava as jaulas de lobão, Bolsonaro, o vovô de fim de semana
que torturou, matou, no Dops e esse moleque idiota do “MBL”.
Agora, por que uma ação
oficial do Estado Brasileiro?
Como sempre, a
historiografia é muito útil e está disponível em excelentes trabalhos acadêmicos.
A memória militar da ditadura recente foi objeto de pesquisa do CPDOC da FGV
carioca. Entre outros livros, com depoimentos de militares que fizeram a
ditadura, em “Militares e Política na Nova República”, o método empregado pelos
autores, Celso Castro e Maria Celina D’Araújo, foi decisivo para os resultados:
a História Oral (subjetividade da experiência vivida, ao invés da crença na
verdade factual) e análise do conjunto dos depoimentos.
A condição do silêncio, que
caracterizava a unidade das três Forças durante a ditadura, havia sido superada
na Nova República. Nesta, os militares que alcançaram a promoção ao topo da
hierarquia pertenciam a uma geração mais nova, que não carregava a
responsabilidade do constrangimento pela repressão, tortura, desaparecimentos e
mortos.
A falácia do bloco monolítico associado às Forças Armadas ficava
evidente. Havia divergências internas. Havia disputas entre as Armas.Qual o
papel que teriam sob o poder civil?
A preposição da pergunta
anterior também não era consenso entre os analistas. É esta, de resto, a
discussão que o texto introdutório procura fazer.
“Que aconteceu com os
militares depois que deixaram de ocupar o centro do poder político? Voltaram
aos quartéis e sua influência política diminuiu? Ou, ao contrário, permaneceram
politicamente poderosos como “tutores’ da democracia brasileira? Há defensores
de posições excludentes e opostas.”
Mais do que isso uma
postagem de blog começa a aporrinhar. Deve-se apenas procurar referências –
a exemplo dessa produção historiográfica sobre a memória militar do CPDOC nos
anos 90 – a fim de que se possa entender por que, quando já passou da hora de
superar a conciliação que botou uma pedra no passado, justo o Ministro da
Defesa de um Estado democrático venha adoçar o ranço requentado da lancheira
térmica de vovôs de meia três quartos e Kichute, acompanhados de um imbecil que
nasceu no século errado.
SRN
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