Por Máximo
A leitura do excelente "A Nossa Obsoleta Mentalidade Mercantil", que me foi emprestado pela Cátia, pode permitir conexões com o mundo da bola.
Polanyi escreve seu livro de referência em 1944, quando o capitalismo expõe suas vísceras podres sobre os milhões de cadáveres que produz.
O artigo acima é publicado em 1978, em Portugal, na extinta Revista Trimestral de História e Ideias.
34 anos separam os textos e Polanyi ainda acredita na volatilidade do capitalismo. O argumento excelente condena a perspectiva utilitarista (compartilhada, de resto, por marxistas e liberais): fome e ganho não são sentimentos mais econômicos do que, por exemplo, o amor e o ódio. A fome, que ameaça o trabalhador sem outra alternativa senão vender-se como força de trabalho, e o ganho, que motiva o lucro do burguês, se não são sentimentos intrinsecamente econômicos, não resta dúvida de que, uma vez mobilizados utilitariamente, produziram um dinamismo econômico sem prescendentes históricos relativamente à obtenção de riqueza. O próprio Marx reconhece a capacidade inédita do capitalismo na produção da riqueza material. O problema é a sua apropriação.
Polanyi argumenta:
"Aquilo que levou o século XIX a pensar a fome e o ganho como "econômicos" foi simplesmente a organização da produção sob a égide de uma economia de mercado."
Adiante então é possível pensar que, assim organizada, a economia de mercado pode ser desorganizada e voltar a economia a um apêndice do sistema social, exatamente como sempre na história. Minha dúvida surge aqui e também a conexão com o mundo da bola?
O leão, até então criado como um vira-lata, prova o gosto de sangue, devora o seu dono e não para mais. Não cabe a analogia com as reações e sensações produzidas pela economia de mercado industrial?
Polanyi nunca jogou bola na rua descalço. Mas, todo peladeiro que se preza, insiste em ver o futebol como prazer, esquecendo-se de que no mundo da bola profissional o espetáculo é um engodo muito bem publicizado para o faturamento bilionário do capitalismo das marcas esportivas.
Minha dúvida: alguém acredita possível um futebol que sacrifique o resultado em favor da estética?
SRN
Polanyi escreve seu livro de referência em 1944, quando o capitalismo expõe suas vísceras podres sobre os milhões de cadáveres que produz.
O artigo acima é publicado em 1978, em Portugal, na extinta Revista Trimestral de História e Ideias.
34 anos separam os textos e Polanyi ainda acredita na volatilidade do capitalismo. O argumento excelente condena a perspectiva utilitarista (compartilhada, de resto, por marxistas e liberais): fome e ganho não são sentimentos mais econômicos do que, por exemplo, o amor e o ódio. A fome, que ameaça o trabalhador sem outra alternativa senão vender-se como força de trabalho, e o ganho, que motiva o lucro do burguês, se não são sentimentos intrinsecamente econômicos, não resta dúvida de que, uma vez mobilizados utilitariamente, produziram um dinamismo econômico sem prescendentes históricos relativamente à obtenção de riqueza. O próprio Marx reconhece a capacidade inédita do capitalismo na produção da riqueza material. O problema é a sua apropriação.
Polanyi argumenta:
"Aquilo que levou o século XIX a pensar a fome e o ganho como "econômicos" foi simplesmente a organização da produção sob a égide de uma economia de mercado."
Adiante então é possível pensar que, assim organizada, a economia de mercado pode ser desorganizada e voltar a economia a um apêndice do sistema social, exatamente como sempre na história. Minha dúvida surge aqui e também a conexão com o mundo da bola?
O leão, até então criado como um vira-lata, prova o gosto de sangue, devora o seu dono e não para mais. Não cabe a analogia com as reações e sensações produzidas pela economia de mercado industrial?
Polanyi nunca jogou bola na rua descalço. Mas, todo peladeiro que se preza, insiste em ver o futebol como prazer, esquecendo-se de que no mundo da bola profissional o espetáculo é um engodo muito bem publicizado para o faturamento bilionário do capitalismo das marcas esportivas.
Minha dúvida: alguém acredita possível um futebol que sacrifique o resultado em favor da estética?
SRN
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