Por Máximo
A leitura de Nora e Barraclough, na demarcação teórica entre memória e história, tem me feito pensar no Flamengo. A respeito de Barraclough, para quem a história não é feita de continuidade, cito um trecho que guarda pertinência com a recomendação sobre o respeito aos fatos, de resto, a base material da história (da mesma forma que do jornalismo, cuja distinção crítica fica clara na citação abaixo):
"Não é provável que um mero relato do desenrolar dos acontecimentos, mesmo em escala mundial, resulte numa melhor compreensão das forças em jogo no mundo hoje, a não ser que, ao mesmo tempo, estejamos conscientes das mudanças estruturais subjacentes. O que precisamos, antes de mais nada, é de um novo quadro analítico e de novos termos de referência."
Geoffrey Barracloug, 1964
Certo, a narrativa linear das duas últimas décadas dos fatos do futebol é instrutiva. Sua cronologia, entretanto, não explica muita coisa, a menos que tentemos investigar as diferenças que caracterizam o novo período da bola produtiva, racionalizadora, de um arrivismo neófito. Captar a significação das mudanças escondidas nos fatos para a configuração da descontinuidade que me parece clara na afirmação do espetáculo (copa, olímpiadas, megashows, etc) como a expressão de um modo de produção pós-industrial. À bola que rola internacional não poderia ficar entregue à paixão, continuar regida por provincianismo ingênuo de uma rua de paralelepípedo da zona norte carioca da década de 70.
Talvez, por isso, me refugie na memória:
Raul, Leandro, Marinho, Mozer e Júnior; Andrade, Adílio e Zico; Tita, Nunes e Lico, mais do que um poema que Drummond provavelmente gostaria de ter escrito, é Nora na veia, com a memória em uma seleção deformadora a cada demanda evocatória. Revivescência, a recuperação de uma sensação que não necessita vínculos factuais. A realidade não importa, mera desculpa. A memória pode dispensar a experiência, ao contrário da História, inelutavelmente comprometida com o fato.
Talvez, por isso, me refugie na memória:
Raul, Leandro, Marinho, Mozer e Júnior; Andrade, Adílio e Zico; Tita, Nunes e Lico, mais do que um poema que Drummond provavelmente gostaria de ter escrito, é Nora na veia, com a memória em uma seleção deformadora a cada demanda evocatória. Revivescência, a recuperação de uma sensação que não necessita vínculos factuais. A realidade não importa, mera desculpa. A memória pode dispensar a experiência, ao contrário da História, inelutavelmente comprometida com o fato.
Como sentir-se ante a personagens de 3 x 0, como Zinho, Magal, Renato Abreu, etc, etc?
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