Por Máximo
No globo de ontem, Afonsinho, ex-jogador do botafogo e do Olaria nas décadas de 60 e 70, toca no cerne do arrivismo emergente da bola midiática atual: "ativo" e "peça de reposição", designações para jogador de futebol, por si mesmas autodemonstráveis da bola que rola. Alguns, certamente notórios, "fenômenos" que são de aluguel de cada centímetro do próprio corpo para vender o que for na Era do Caveirão, em que aprendemos a jogar sem bola, marcando pressão e fazendo falta. Basta dizer sobre Afonsinho, como ele mesmo afirma, as implicações de parecer com Che Guevara em plena ditadura medici, além de treinado pelo Zagallo.
Lendo para a monografia de conclusão da UERJ, vejo reiteradas críticas a uma suposta historiografia mítica do futebol que praticaria uma espécie de circularidade em torno da narrativa do herói: queda, expiação e redenção. O herói sofre um dano, purga o sofrimento e, na superação, é redimido e redime toda a sociedade. Parece que o problema vem da primazia da fonte do livro de Mário Filho, "O Negro no Futebol Brasileiro", seu "freyrismo popular", da "democracia racial". Acusam-no de, filho da sua época, nacionalismo tributário ao que Hobsbawm analisa tanto em "Nação e Nacionalismo", quanto em "A Invenção de Tradições". O curioso, entretanto, são críticas, de tão contundentes, como se se desqualificasse tudo o que de empírico Mário Filho tenha recolhido em dados, contaminado que estava pelo contexto da época em que escreveu. Curioso, destarte, como Certeau não vale para as críticas escritas justo no auge da recidiva liberal dos anos 90.
Por falar nisso, quanto da trajetória de Geraldo, assobiador, que mais parecia o Basquiat do meio-campo, habilidoso e desinteressado do produtivismo da bola, não seria útil na análise do contexto, mais do que da futebol, da própria época, meados dos anos 70?
Nenhum comentário:
Postar um comentário