Por Máximo
Produtivismo neoliberal de chuteiras é o fenômeno social do futebol brasileiro no contexto recente. De 1990, a "Era Dunga", até hoje, a "Era do Caveirão", em que aprendemos a jogar sem bola, marcando pressão e fazendo falta, podemos circunscrever um processo de mudança da prática do futebol brasileiro cuja dominância está num conjunto de controles que passou a reger-lhe a produtividade. O resultado é o estilo. Pouco mais ou menos como a política. "Jogar bonito" (e, pra fugir do abismo teórico de discutir estética fora do alcance, beleza, pra mim, foi o que fez a seleção de 82, a respeito de cuja atualização podemos falar sem nenhum risco de anacronismo) não ganhava título, de modo análogo que à democratização representativa não correspondia o "fim do monstro da inflação".
Como se vê, o futebol brasileiro é muito importante, importante a um ponto que há muito não está mais entregue à mediação da imprensa, entre outras motivações, pelo engodo que esta suscita, menos por manipulação - aí evidente o embuste - mas, pelos "profissionais sérios", aqueles que acreditam na suposta "transparência do meio", os que ainda nos divertem afirmando que "contra fatos não há argumentos", desconhecedores que são de que um fato é uma construção, recebe sentido que só pode vir de escolhas que lhe são anteriores. O futebol é na imprensa um lugar de poder encoberto pela análise de verniz. Uma boa demão, de resto, na "Era do Caveirão".
SRN
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