Adorno, Horkheimer, Fernando Henrique, o Globo, Facebook, Google, Apple, Amazon. Uma sequência que me ocorre na leitura de Gigantes pouco transparentes - texto assinado por Pedro Doria, hoje, em o Globo e que diz respeito à dicotomia fragmentação e sistema. O texto de Pedro Doria favorece os alemães, em detrimento do cerne interpretativo de Fernando Henrique, pra quem a fragmentação impede a orientação num mundo digital em que o imaginário é construído de modo volátil, fútil e, rapidamente, consumível. Pode ser, mas ainda há sistema. Trata-se da fragmentação que ilude aquilo que Adorno e Horkheimer chamaram de aparência do "caos cultural" próprio da "cultura contemporânea [que] a tudo confere um ar de semelhança." Não se deve separar a tecnologia do "sistema do qual se pode deduzir toda e cada coisa."
Facebook, Google, Apple, Amazon não só definem fronteiras pra ONU, como também, segundo Doria, "têm o mesmo poder de interferência política atribuída a grandes nações. Parecem ter o poder de mudar os rumos da política." Quanto devem, segundo Doria, a essas gigantes o Brexit e Trump? Fragmentação orientada? O próprio Doria parece duvidar: "não é claro, sequer, que elas próprias saibam como suas plataformas interferem."
Tranquilo.
SRN
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