Vi outro dia. Está na internet. Montoro questiona alguma coisa a Jânio no debate pra governador em 82. Pega o livro "Depoimento" do Lacerda. Jânio vai na veia:
"Não quero ouvir. O senhor acaba de citar as Escrituras valendo-se de Satanás."
Não sei se é o caso - ou melhor, se são os casos - mas Fernando Henrique e Delfim Netto são indispensáveis na análise de conjuntura. Têm experiência, sabem filtrar informações e somam tudo pra indicar a percepção de movimentos relevantes. Até aí tranquilo. Satanás só está ajudando. O que não vale é aceitar as conclusões de ambos a respeito do que fazer. Ingenuidade, depois de uma certa idade, é idiotia. Mas, não é estupidez, talvez, aproveitar o que Fernando Henrique disse no Nexo. "Os partidos são fracos, mas o Congresso é forte." O Presidente não governa sem o congresso. A tal da governabilidade. E o PMDB é o partido que a oferece, mas o PMDB é um partido com objetivos fisiológicos, não políticos, ou seja, não tem interesse no sucesso de nenhuma política, mas em cobrar pelo uso do aparelho do Estado pra quem tenha.
A ajuda de satanás deixa de ser útil quando resolve tomar o lugar na Santa Ceia. E agora um paradoxo que me ocorre a partir da última entrevista de Lula. Temer é a expressão do PMDB, é presidente e tem de formular políticas. Nada disso é relevante pro Lula, apenas a admiração pelo "golpista' que o "golpeou" por ter dado uma aula de como se faz política. Lula acaba de abençoar o Boulos.
Será que o fisiologismo que caracteriza o PMDB não se transforma no Lulismo em uma justificativa santa para que os objetivos não se tornem de uma vez cinismo?
SRN
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