segunda-feira, 14 de março de 2011

Ao invés de "estrutura", falta feno

Por Luis Paulo Silva

A cidade é um espaço multifário e polissêmico. Nela todas as formas e tipos de comportamento são possíveis. A tradição inventada encontra na cidade um espaço próprio. Porém, a repetição ritualizada de situações novas pode não produzir os efeitos previstos. A realidade opõe resistências, contradições a serem superadas, e, mesmo, até rejeitá-las. Situações novas, ainda que bem planejadas, não são absolutas. A ideia não precede nem conforma a realidade. A rigor, depende desta.

Eis o contexto da realidade do resto do Rio - expressão tão usada neste blog que já não mais lhe reconheço a autoria. Resto é o resto, ademais já é demais quaisquer epítetos, esforço de concisão, para a fauna das laranjeiras, o vizinho do pinel e os de segunda de são cristóvão. 

O elefante branco ontem parecia ainda mais ridículo. Só faltava o Cesar Maia pra tomar sorvete que comprou no açougue e oferecer ao Murici. Ambos parecem uma repetição desafinada tentando Stravinsky, ao invés da guarânia paraguaia da roça do tietê da qual o "professor" é originário. 

A proximidade ecológica entre a roça e as laranjeiras é capaz de situações inventadas como a história do boitatá de que falta "estrutura". Há em Vila Isabel - bairro do Máximo - o campo do Confiança, da antiga fábrica imortalizada por Noel, onde hoje é a quadra do salgueiro, na Silva Telles. Esburacado e com mato à altura do joelho, talvez fosse a 'estrutura' que falta à fauna, nitidamente herbívora, do retranqueiro caipira milionário nessa terra que nos dá chitãozinho e xororó. 

E o Flamengo ainda teve de entrar em campo pra jogar contra esses troços. Paciência.

SRN

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