É preferível 5 minutos de Carlos Drummond de Andrade à meia-hora de qualquer tricolor.
Ontem , em plena noite de natal, compreendi, afinal, o que representa ter o saco do bom velhinho. A começar pela paciência que se faz necessária para traduzir para brasileiro o próprio português. Também é conveniente informar que Carlos Drummond de Andrade era poeta e escritor (tais simplificações, de resto, são suficientes, meus caros tricolores, já servem para quando vocês prestarem provas no EJA).
Agora calculem:
Tranquilamente à porta, esperando Papai Noel chegar, quando irrompem as personagens, como se fossem plágios de segunda, de terceira, de quarta divisão e, de lá de onde nunca teriam voltado, não fossem Havelange e a virada de mesa, o Dom Quixote de Gilberto Braga e o Sancho Pança de Glória Peres:
"Nada a ver, pô... esse cara é maluco...madeira com cupim, Frei Caneca... pô!"
Como bom aspone, interveio logo em seguida o Sancho do capítulo atrasado:
"Só podia se dos framengo... ah! Ah! Ah!"
A intenção era fazer graça com a minha postagem aqui do Nação, mas é visível o problema sintático. Ademais, é natal, noite de confraternização, de tolerância a um ponto até o ponto de resistir, permanecer firme para não tornar ao livro, ainda que fosse o do Paulo Coelho.
"Nada a ver, pô.. esse cara é maluco...madeira com cupim, Frei Caneca...pô!"
"Só podia se dos framengo...ah! Ah! Ah!"
A reprodução é literal, pois impossível resumir o que é ágrafo.
E nada do bom velhinho.
Foi quando me ocorreu que, apesar de grande, seu saco também possui limite. Impossível descer à terra sem profligar, e aí a malandragem do velho que é bom, mas não estóico, a fim de aturar aquela combinação néscia boquirrota.
E o cd, com defeito, não cansava a aporrinhola:
"Nada a ver, pô.................................."
"Só podia se dos...................................."
Ao cd pirata sucedeu rápido o celular com fotos do Dom Quixote de Gilberto Braga tiradas ao lado, entre outros, do Leandro Eusébio. Ao fundo outro tricolor, sempre papagaio de pirata.
Começou a chover.
Feliz Natal
Ainda foi possível.
SRN
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