quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

A Pá de Cal Iluminista

Por  Paulo Teodoro da Silva


Vivemos um momento particularmente difícil. Em meio a muita bobagem, especialistas de última hora, de sociólogo a ex-militar, passando até por "celebridades", naquilo que, de resto,  exige  apreensão, codificação e domínio da complexidade urbana.
 
Mas, o assunto deste blog é o futebol, notadamente o futebol carioca (agradeço ao Máximo a concessão para falar de um futebol carioca menor, não ampliado como é o Flamengo) . 

A maior parte ainda não era sequer nascida, sem condições, portanto,  de compreender a importância, o significado dialético do futebol carioca. Havia sempre um resto  de tese na antítese que opunham ao Flamengo:  80. Em seguida, a negação. 82. 83. Uma negação um pouco mais longa. 87. Novamente a negação relativamente espaçada. 92. E aí o que se sabe até o ano passado: 2009. 

E o que temos hoje não passa de um anacronismo tricolor. Um arremedo desatualizado de pretensões elitistas. 

Comparem.

Quanta estupidez produzida. Parece a programação da globonews, com aqueles neófitos de óculos coloridos, que acabaram de inventar a roda e foram ao jardim botânico pra contar.

2010 é a pá de cal sempre renovada no iluminismo. Do que mais se necessita para demonstrar que não há na história nenhuma lei do progresso? Indispensável notar como a vida não segue nenhuma linha reta evolutiva, em que o próximo passo será superior ao anterior.  Se alguma lei há na história, certamente é dialética, a vida cheia de contradições e problemas, sem qualquer garantia para o que virá. A depender da correlação de forças a síntese poderá resultar tanto em algo melhor, quanto pior. 

A vida é Rubro-Negra. No ano passado, campeões, neste ano, batendo na trave do rebaixamento e contando com caipiras pra alcançarmos a sul-americana. Este ano uma sucessão de problemas envolvendo até o impensável, quando o mito se humaniza e o Zico chega, fica pouco tempo e tem de se afastar. 

2010 foi a negação da tese, no esforço empreendido pelo resto do Rio, expressão muito conveniente usada não sei se pelo Máximo ou pelo 28. Amarelos no primeiro semestre, empesteando o Rio, e a fauna comprometida, em desalinho ecológico tangida pelos grunhidos que foram arrumar lá na roça do tietê.

Repito a pergunta pra concluir: do que mais se necessita, ao fim deste ano, para demonstrar que não há na história qualquer lei de progresso?

SRN

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