quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Após o He-Man, agora o Mickey

Por Máximo



Começo com uma pergunta:

O que é pior festinha de aniversário, torcida de play-station ou esse time da fauna das laranjeiras?


Eis uma pergunta cuja resposta eu não sei. Talvez seja possível encontrá-la no que há de comum  entre essas três aporrinholas.

 

Meu esforço só não será pior porque rápido, ajudado pela lembrança de um camarada conhecido que costuma usar uma camisa em cuja estampa é possível ler:

"Faça festa, mas não me chame, muito menos se for churrasco."


Agora me digam: o silêncio tranquilo, a leitura excelente e se é obrigado a sair de casa para ir a uma aporrinhola dessas, além de tomada por espécimes da fauna das laranjeiras cuja dificuldade com a língua é servida com chop quente  e salgado frio acompanhados das mesmas conversas indigentes de sempre. Uma fauna de play station, tão verossímel quanto o próprio Messi de play station.  Aquilo parece futebol, parece o Messi, mas não é nem uma coisa nem outra. É só uma contrafação eletrônica, exatamente como o falso carioca de cartola e fraque, a 40 graus, dissolvendo-se como sorvete sem higiene. Exatamente como esse arremedo de time que entrou ontem no campo de pelada dos  vizinhos do pinel, conforme a expressão justa do 28.


Pra encerrar, que perder tempo com defunto barato é vela gasta inutilmente:


Por que, após o He-Man, não tentam contratar o Mickey?

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Plural Majestático

Por 28



A tentação é grande, não fosse pelo ridículo. Além disso, ser Flamengo nada tem com vaidade ou humildade, na verdade, passa ao largo destas categorias para se afirmar antes o que desde sempre é, numa palavra: existência.

No Nação nunca uso, tampouco quem lá escreve,  o plural majestático, apesar de, no fundo, todo Rubro-Negro possuir o tropismo à primeira pessoa do plural. Ainda bem que lá não aparece nada da fauna das laranjeiras nem os vizinhos do pinel, tampouco os de segunda de são cristóvão. Obtusos pela própria condição, não percebem o ridículo e, dentre eles, há os mais ridículos, alguns de fraque e cartola de veludo vestindo alguém do resto do Rio, a 40 graus, fantasiado de aristocrata.


O plural majestático era uma concessão dos reis portugueses até o absolutismo, quando cansam de bancar o que não são e decidem abandonar a humildade postiça. Do mesmo modo a Igreja feudal, talvez pela culpa da consciência de se ver cada vez mais rica e poderosa em face do cristianismo original e primitivo.


Agora calculem o ridículo de uma situação nova, criada pra ser uma tradição inventada.

Calculem ainda o pior: uma tradição inventada, cheia de bolinhas, agarrada à força na roça do tietê por Juju, Ceni e Zetti.

A vontade de rir é tanta que não dá pra completar este e-mail.

Taça das Bolinhas

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Não Agradeça Patrícia: a CBF Não Fez Mais do que OBRIGAÇÃO

Por Máximo

Do sítio da CBF 


A CBF, através de Resolução da Presidência nº 02/2011, reconheceu o Sport Club Recife e o Clube de Regatas do Flamengo como campeões brasileiros de 1987.

Na mesma Resolução, foram reconhecidos como vice-campeões brasileiros de 1987 o Guarani Futebol Clube e o Sport Club Internacional de Porto Alegre.

A decisão da CBF foi comunicada pelo presidente Ricardo Teixeira a presidente do Flamengo Patrícia Amorim em encontro que aconteceu nesta segunda-feira, na sede da entidade.

Do encontro participaram ainda o presidente da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro Rubens Lopes e diretores do Flamengo.

A presidente Patrícia Amorim agradeceu ao presidente Ricardo Teixeira e ao departamento jurídico da CBF pelo reconhecimento de um título que o clube conquistou no campo, de fato, e agora, o tem de direito.

- Esse é um dia histórico para o Flamengo. Quero homenagear todos os jogadores da campanha de 87 e o técnico Carlinhos. Vocês são agora os legítimos campeões de 87, e o Flamengo tem de direito seis títulos de campeão brasileiro.

O presidente Ricardo Teixeira esclareceu que o reconhecimento do título de 1987 a Sport e Flamengo segue a linha traçada quando da recomposição histórica feita no final do ano passado pela CBF, representada pela unificação dos títulos de campeão brasileiro que beneficiou Santos, Palmeiras, Cruzeiro, Fluminense e Bahia.

Ainda segundo o presidente da CBF, a decisão, tomada depois de novos e convincentes argumentos apresentados pelo departamento jurídico do Flamengo, contempla ainda o reconhecimento de que em 1987 houve dois campeonatos brasileiros, que tiveram Sport e Flamengo como campeões,

Ricardo Teixeira enfatizou ainda o fato de que não houve prejuízo esportivo ao clube pernambucano, que foi inclusive, ao lado do vice-campeão Guarani, o representante brasileiro na Taça Libertadores de 1988.

Anteontem, Ontem, Hoje, Amanhã, Depois...

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Tradição Inventada

Por Luis Carlos de Araújo Lima



Caro Cinéfilo:

História e cinema é uma combinação que ainda não deu certo. Outra que também não deu foi futebol e cinema. Talvez porque seja difícil encontrar melhor rendimento estético do que o que nos dá o próprio jogo. Na literatura, também falta um grande texto da bola. Rubem Fonseca, mestre do conto urbano carioca, volta e meia faz alguma referência, como naquele conto cuja primeira linha é a descrição de uma cusparada do Gerson na lateral do campo. Mas não passa disso, nunca fez do futebol um objeto central de quaisquer de seus contos ou romances.

A dificuldade que me parece intransponível é como conciliar aquilo que é feito para não se explicar ("O narrador não explica nada, apenas expõe": Benjamin, em "O Narrador") e o que é justo o contrário, em que a explicação chega ao ponto da tautologia, como é o caso da disciplina história. Como narrar sem ser pedagógico?


Uma pergunta cuja resposta fica mais complicada se também recorrermos a Hobsbawm. Hobsbawm é um autor de referência no estudo do futebol, com seu texto sobre as tradições inventadas:

"Tradição inventada é um conjunto de práticas e acordado ou tacitamente aceito que visa impor valores e comportamentos através da repetição. Estabelecem com o passado uma continuidade bastante artificial. Em poucas palavras, elas são reações a situações novas que ou assumem a forma de referência a situações anteriores, ou establecem seu próprio passado através da reptição quase que obrigatória".

Tradição inventada, portanto,  não é pra ser mexida. Segundo Hobsbawm, feita pra permanecer invariável, exige pompa e circunstância. 

A segunda forma à que se refere Hobsbawm - a situação nova, através de sua repetição obrigatória, formalmente invariável, a fim de se constituir em seu próprio referente - é uma invenção deliberada para virar tradição.

Organizemos um festival de guarânia paraguaia ali perto do Riocentro. Todo ano, durante cinco anos, naquela mesma data,  daquele mesmo jeito, invariável formalmente, com muita pompa e circunstância fuleiras, juntando de tudo do que há no resto do Rio, da fauna laranjeira aos de segunda de são cristóvão - façamos isso nesses próximos cinco anos naquele trecho da cidade onde se tenta inventar um carioca paulista e teremos uma legítima tradição inventada.

O futebol seria, portanto,segundo vários estudiosos que sobre ele se debruçam, a representação simbólica dos campos de tensão existentes na sociedade: infraestrutural (econômico) e superestrutural (político, religioso, estético).

Tensão social representada é dramatização. E a dramatização da tradição inventada, após o festival de guarânia paraguaia fabricado pelo resto do Rio,  de um tricolor refinado e elitista é expô-lo à expiação pública, suas idiossincrasias e frescuras reduzidas ao que, de fato, são: ridicularias de fraque e cartola de veludo, num belo estreito de território, fritando a 40 graus, entre o mar e a montanha. Nem o fraque nem a cartola resistiram e o veludo inútil foi reaproveitado, colado à sola do sapato gasto na caminhada para se distanciar da prórpia esquizofrenia: um clube de massa, mas que desta quer distãncia.

As coisas não são tais quais se passaram, caro Cinéfilo. 

Ou alguém sem rivotril com cachaça acredita em algo vindo da fauna das laranjeiras, do vizinho do pinel ou dos de segunda em frente à ebal?

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Curta

Por Cinéfilo
 
 
 
Da Baía de Guanabara, tão impotente, tão adicta, sem diagnóstico do quanto já se viciara, ao largo da oitava circunscrição da comarca da Guanabara, quarta zona da freguesia do Engenho Velho, Tijuca, onde se certifica que às folhas cento e setenta e quatro, do livro quinhentos e oitenta e dois, sob o número cento e setenta e oito mil cento e treze, consta o assentamento de Gélcio Machado Frieza...


Ex-jogador, alcoolista, no fundo, um moralista.



Desta prostituta, cuida do seu leito só a cafetina, a velha Cantareira e seu oficiar persistente, vazando século; e à indiferença do velho que dorme, do imbecil que berra ao celular e da jovem de uniforme de executiva que joga pela janela o maço de Carlton vazio, pego a botija e tomo um gole...



Fui com os dois pés no alto, uma voadora no meio do joelho do dez. A ordem pra quebrar eu a cumpri à risca, o beque deles veio seco, o dedo na minha cara. Cuspi na cara dele e levei um tapa...



Apagara, soube depois que ela ligara desesperada do quarto para a gerência do motel, que manda dois sujeitos virem buscar-me.



Minhas pernas alçadas em mãos interessadas em jogar fora o incômodo.


- E se esse maluco morre aqui dentro?



Elevador. Táxi. Souza Aguiar. O "rewind" pára bruscamente, pára na chapa de alumínio em que me colocam. Tiram a calça, havia oitenta reais na carteira. Apago. Para acordar entubado pelo nariz, soro na veia, uma dor indescritível no braço. A emergência se expõe. Sua sexta-feira vaza os intestinos pútridos da cidade. Os meus, frouxos, expelem da lavagem vísceras sobre a comadre. O desespero de minha mãe. A madrugada agora de sábado é indefectível. A demanda dispensa sutilezas e não há lençol suficiente para os detritos que chegam. Minha mãe retira o relógio do meu pulso. Peço a ela, a voz pastosa, que procure meus documentos. O esforço que faço para falar me apaga. Cadeira de rodas, berros de alumínio? A equipe atende outro fodido na maca quase encostada a minha...



Tinha ficado sem clube, já quase em fim de carreira. Andava inclinado a aceitar a proposta de um jornalista para uma matéria de uma revista de futebol. Rolaria uma grana, pela merda em que me encontrava quebrava um galho, eu teria de contar tudo, no detalhe, admitir o envolvimento de certos nomes, a novidade nem tão novidade do nome do técnico, o dirigente bicheiro que dizem (era o que rolava lá) havia comprado o título de um carioca não sei exatamente em qual ano, as "bolas" que nos davam como "vitaminas”, os olhos esbugalhando, a disposição de um miúra, no caso do nosso centroavante, um crioulo que mais parecia o País, goleiro do América que começara comigo, fazia o cara querer o fígado do beque...



... a barca se aninha na baía, impele-se sobre o seu leito, que a embala como um colo doce. Vem a vontade de mergulhar, me atirar àquela água podre, mas bonita. Tomo mais um gole, curtindo a paz quente, observando as correntes do passadiço, a impedirem o mergulho redentor. Estou chegando na Praça XV, mas o que enxergo é o Mississipi, fazendas de cultivo de algodão, lamentos nostálgicos de negras perfeitas, da beleza da mãe de uma filha que fiz por lá, numa excursão dessas...



A entidade vinha de ser criada. Na verdade só uma troca de letras do "d" para o "f". Nela tinha muito trânsito o meu dirigente, amigo da nova diretoria, e o negócio foi que a liga de futebol, na mão de um "empresário" americano, ligado aos cassinos de Vegas e a apostas de corridas de cachorro, que eu nem sabia que existia, mas, que lá, na América, faz sucesso, rolando muita grana, tentava levantar de novo o futebol, parado desde o fim da era Pelé.



Meu dirigente foi designado chefe da delegação e o nosso clube o representante do futebol brasileiro, então apenas tricampeão do mundo. Fizemos jogos de tudo quanto foi jeito, em campos de beisebol muito mal adaptados, em campos terríveis, em fazendas particulares, provavelmente improvisados sobre plantações de arroz, com a grama misturada, enlameada ao barro.



Com a arbitragem um fato curioso, como uma antecipação do tempo. Nosso time talvez tenha sido o primeiro dos brasileiros a ter uma partida apitada e bandeirada por uma juíza e por bandeirinhas femininas. É que nos EUA, como pode ser visto depois, pelo seu desempenho em campeonatos de futebol feminino internacionais, o futebol era basicamente praticado nas escolas e por meninas.


Um blues de John Lee Hooker começa a tocar na cabeça e me sinto transportado na mesma barca que parece buscar uma imagem que se perdeu e recordar a semelhança das embarcações. É que dizem que a barca que me leva e que sempre me pareceu tão carioca tem inspiração nas antigas embarcações do Mississipi. Ou são as mesmas, não tenho certeza. O plástico da aguardente provoca de novo minha mão, enquanto Hooker, cantando a liberdade, acentua o rascante da voz, ninguém não escute a impossibilidade sem ênfase...


... a perna do dez se fletiu em arco. A carga que fiz sobre o joelho, cuja dor se afigurava impossível de calcular. Eu era um pobre-diabo, mero títere, agora aparvalhado menos por medo da cara feia do beque, do que pelo que não sei bem por que, até hoje as mesmas palavras, que balbucio agora, que vomito sempre que bebo, que repetia, autômato, naquele instante...



"Me mandaram quebrar, me mandaram quebrar..."



...de vários materiais consistem os detritos que bóiam defronte dos seus olhos e cobrem a baía, forcejando por asfixiá-la. Pedaços de Eucatex, latas de leite condensado, pequenas, latas maiores de azeite e de óleo de cozinha, cascos de cerveja, garrafas de refrigerantes, de vidro, até do uísque que matou Bonham, cujo solo, em "Bonzo's Montreux", vai substituindo Hooker na cabeça, à medida que a barca manobra para atracar...

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Rio




"Há no Flamengo esta predestinação para ser, em certos momentos, uma válvula de escape às nossas tristezas. Ele não nos enche a barriga, mas nos inunda a alma de um vigor de prodígio."

José Lins do Rego
 
 
 
 

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A Palavra, Feminina Palavra

Por Máximo
 

As palavras, belas palavras. Não é à toa que é palavra e não palavro. Feminina, deita-se dócil, lânguida, entregue ao carinho. Gosta da língua, que lhe roça o corpo nas três vogais a, a, a.

Não importa a idade, um sujeito vive o que for e nunca compreenderá a cabeça de uma mulher. Assim a palavra, de quando em quando também caprichosa.

Assisto ao "Arena Sportv" apenas pela presença do Parreira. Um papo excelente, articulador brilhante que pensa o futebol no plano do conceito. Mas, a palavra aqui é caprichosa e não se revela ou não corresponde ao que se viu. Nessas horas, ela se desculpa, não se diz unívoca, mas plurissignificativa. Foi a companheira que o Parreira resolveu escolher e levar pra televisão.

"Futebol-arte é uma concepção, cunhada pelo europeu, que surge na Copa de 58, com base no Pelé."

Parreira nos esclarece expondo que a base de nosso futebol é a técnica e a habilidade, sempre foi, apenas nos faltava o que, a partir de 66, passou a ser indispensável: a preparação física para dar conta dos espaços exíguos, reduzidos justo pela velocidade que aumentou e acelerou o ritmo do jogo.

Questionado sobre 94, Parreira se recusa à pecha de anti-futebol.

"Reparem o que nós tínhamos naquela época? Basicamente futebol brasileiro: uma linha de quatro zagueiros, dois laterais ofensivos, tanto na direita, quanto na esquerda, dois pontas de lança únicos, raros , na nossa história (Bebeto e Romário), posse de bola, toque, habilidade. Evidente que precisávamos de proteção. É natural que não podíamos dispensar Mauro Silva e Dunga, a respeito do qual, não se enganem, sabia jogar bola, não errava um passe. Além disso, o aspecto psico-social, vínhamos de 24 anos de derrotas ininterruptas, frustrações coletivas sucessivas. Não podíamos perder."

Parreira prossegue, didático, professor brilhante, citando Cruyff, a revolução holandesa, a escola implantada no Barcelona de 30 anos, a partir do próprio Cruyff, primeiro, como jogador, depois como treinador. O Barcelona "ataca o contra-ataque", ou seja, ao perder a bola no ataque, o próprio ataque catalão dá o bote acirrado sobre o zagueiro; Parreira conclui:

"De 10 bolas, oito são recuperadas nessa tática."

Aprendemos que o futebol hoje está reduzido a 40 metros do campo. Um bloco massivo de deslocamento, compacto, uma unidade bem treinada - eis a diferença proporcionada pela preparação física e pela velocidade.

Parreira agora fala em marketing.

Nesse ponto há uma coincidência com o que pensa o 28, grande irmão que escreve  aqui no  blog. 28 outro dia escreveu, após ler Adam Smith, a propósito da contratação do Ronaldinho, que "a extensão do mercado da bola está na exata medida de sua visibilidade e comunicação".

Parreira inscreve em tais condições objetivas do atual mercado da bola a contratação de estrelas como Ronaldinho, que, de resto, não precisam jogar. São trens pagadores. Pagam a Light, a Cedae, a Ceg e ainda fazem as compras no Extra-Boulevard, com troco pro sorvete de casquinha no Mac Donald.

As palavras são sedutoras justo porque, a exemplo das mulheres, não apenas gostamos de mulher, mas da mulher, tal como das palavras:

Quem viveu lembra a antítese entre a bola do time do Parreira, a despeito de também ser futebol brasileiro, e a bola dos times dirigidos por Telê, a arte da bola, arte sem título.

Talvez a história-problema de Marc Bloch se justifique no futebol.

100%, Corneta Psicografada

Por 28



Assim que terminou o jogo, procurei um macumbeiro de confiança. Mas, não achei nenhum aberto.

"Pela hora, só na sexta" - foi o que me disse Zeca do Alguidar, da Souza Franco - "mas, eu vou quebrar teu galho."

Esqueci-me dizer da força da Ângela. Minha filha, vendo que eu não atendia o telefone, passou lá em casa, mostrei-lhe as aftas na gengiva que me impediam falar, o braço esquerdo sem articulação, quente, pelando como sopa de entulho.

Sem falar nem escrever, talvez não fizesse muita diferença, o problema é o compromisso: palavra é palavra, psicografada também vale, e a postagem que me cabe pronta pra amanhã cedo (quinta).

"A magia é um fenômeno social que decorre de um sistema simbólico coletivo. O indivíduo é socialmente instado a crer e, ao crer, reforça a instãncia de crenças instituídas. Uma emulação permanente de caráter circular."

É o tal negócio: macumba fora de hora, ainda por cima feita de favor. Olhei pra Ângela, que me fez um sinal que estava tudo bem.

"Quando a magia fracassa, quando não mais se confundem numa só as dimensões da ação e do pensamento, ao indivíduo não basta mais apenas pensar para ver a realidade se constituindo, neste momento, exatamente neste momento, percebe que há forças que lhe são superiores, os Deuses existem, surge a religião."

Achei que a introdução havia sido oportuna. Explicava a diferença entre o resto do Rio e o Flamengo. Zeca do Alguidar, no entanto, tem um caboclo prolixo.

"Os feiticeiros não fazem a mediação, não conciliam os crentes e as forças anímicas, permanecem uma extensão em linha direta dessas forças. Não interessam aos feiticeiros nem os motivos nem a situação do crente; é tão somente um veículo de ação das forças anímicas na subordinação do crente, na ratificação do sistema simbólico comum. A descida do espírito é uma das formas de representação inscritas no sistema simbólico. 

A diferença entre culto e rito também marca a que existe entre religião e magia. Ao vencer, tornando-se socialmente dominante, a religião marginaliza a magia. Então todo culto religioso torna-se púbico e implica um compromisso. Já o rito mágico reveste-se de mistério, torna-se secreto, refratário. Praticada pelos marginalizados, ganha a magia um viés de resistência, naturalmente maléfica, vingativa, proibida: é uma necessidade, não uma obrigação social. 

Reparem o Flamengo. Esqueçam-se do jogo de hoje, a despeito dos três a zero, da classificação antecipada, do comportamento confuso de um time ainda sem padrão de jogo, fazendo dois gols, para, em seguida, fixar-se atrás da linha da bola, marcar como time pequeno e atacar pior ainda, atacar como o resto do Rio. 

Esqueçam-se disso para enxergar nossa capacidade de renovação popular, de que nos é exemplo o moleque Negueba. 

O Flamengo é a dialética carioca da magia e da religião, do marginal ao instituído, do que se recusa ao instituído, mas que ironiza a novidade enquanto ainda transita do modismo para a cultura.

Rubro-Negros aqui no além também estivemos, dobrando a massa que esteve na Gávea, para recepcionar Ronaldinho, mas também não nos iludamos com panegírico. Está tudo muito bom, está tudo muito bem, mas é o seguinte: no Flamengo não se joga com pedigree. Tranquilo, diz aqui o caboclo que tinha uma parenta rica que pagava as contas do mês, mas que não enganava ninguém. Enganava, por interesse, porque era útil."

Zeca do Alguidar é um macumbeiro que gosta de tecnologia. Seu caboclo sabe digitar e mandou a postagem direto pro Máximo.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Inviável Mãe Diná de Pajuçara

Por Máximo



Flamengo hoje na terra de Graciliano Ramos. Se um monstro literário,um fracasso como Mãe Diná da Pajuçara. Graciliano "previra", no início do século XX, o fracasso do futebol como um modismo passageiro. Errando feio, Graciliano permanece útil, demonstra com clareza os limites da pretensão intelectual. Graciliano, ademais, é um símbolo na exata acepção da palavra: não apenas encarnou toda a dramaticidade da grande arte literária, pagando o preço do cárcere, confinado, primeiro, à demolida Frei Caneca, depois à Ilha Grande, às vesperas do Estado Novo, mas também por cancelar, lançando de vez a pá-de-cal no beletrismo, no "escrever difícil" e com gordura, ao dizer que "a palavra não é pra luzir, brilhar feito ouro falso. A palavra foi feita pra dizer."

O Jogo?

Murici já diz tudo.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

"Quando a arena vai mal, mais um clube no nacional."

Por 28



As moças paulistas que torcem pelo são paulo poderiam vir até aqui, aproveitar o Rio que frita. Sua desnecessidade no clube do morumbi é conhecida: Rogério Ceni, Zetti e Juju, agarrados à taça das bolinhas, preferem o ar condicionado da Caixa Econômica.

Ceni parece uma personagem antiga de novela da globo. A Viúva Porcina do gol do morumbi sempre foi sem nunca ter sido. Imagina-se um Yashin, mas ficou pau a pau com o Zetti. Agarrados à taça das bolinhas, Zetti declinou do chá servido logo em seguida, enquanto Ceni, não resistindo ao microfone, repetiu um dos frangos que costuma tomar e escuta cantar sem saber onde:

"A taça merece ficar no morumbi, mérito esportivo."

Cabotinismo é uma palavra, em geral, adequada a paulista, mais adequada ainda a paulista novo rico, e não há esforço asséptico, por mais rigoroso, que não revele o chitãozinho e xororo, praticamente um tropismo da alma bandeirante. Uma sugestão: por que o presidente do são paulo não tenta achar uma brochura com os anais da resolução do Clube dos 13, quando de sua criação em 87?

"Quando a arena vai mal, mais um clube no nacional". 

A palavra chave das circunstâncias da época era transição. A sentença cunhada acima refletia um campeonato brasileiro que chegou a ter, durante a década de 70,  mais de 90 clubes em sua primeira divisão. Era clara a manipulação ideológica, a ditadura não tinha ilusão ante o fracasso eleitoral de seu biombo político e empurrava goela abaixo do brasileiro não só porrada e censura, mas também confianças, ceubs, o que fosse calçando chuteiras, ligado ao seu curral político.

A transição política se acelera com a chamada "Nova República", articulada pela oposição, frações oportunistas da ditadura e a própria ditadura através de sua cúpula militar. Tancredo, que a encarnava, não toma posse. Uma diverticulite o inutiliza e o país segue uma via crucis de alguns poucos meses. Morre Tancredo, Sarney assume, a corda bamba entre a falta de legitimidade e uma vela ora pra Deus ora pro diabo, até que se afirma a convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte. 

A década de 80, ao final, abria perspectivas. Destas ao futebol, particularmente à cúpula da bola, sempre oportunista. 

A CBF devia até a conta da Light e delega ao Clube dos  13, que se trata de uma entidade formada pelos grandes clubes brasileiros justo naquele momento, a organização do campeonato brasileiro. Democratização, fim da ditadura eram expressões que serviam à época até pra vender cachaça em botequim. O Clube dos 13, a "Nova República da Bola", aproveita e vende o brasileiro, composto exlusivamente dos grandes clubes, sob o nome conveniente, de grande apelo,  a chamada "Copa União".  Não há "modulo verde". Não há "módulo amarelo". Isso foi esperteza criada posteriormente e durante o desenvolvimento da Copa União pela cbf, que viu a armadilha que criara ao permitir o vácuo de poder. Na tentativa de retomá-lo, pois que, de resto, possuía a chancela oficial da competição, acorda com o Clube dos 13 os tais módulos, como uma foma de atender aos que ficaram de fora, ademais, ainda com poder, muitos com conexões políticas da prática da ditadura recente.

A chorumela que já vai longa,  muito vela pra defunto barato, resume-se no seguinte:

O sãopaulino que à epoca ocupava o cargo que hoje é do Juju fora um dos principais idealizadores à recusa do cruzamento político proposto pela interesseira cbf. O campeão da Copa União, portanto, Campeão Brasileiro de 87, viria do agora "módulo verde" em face da contrafação criado com o outro, o de segunda, o "amarelo". 

A História é Rubro-Negra. 

Só não a conhecem Juju, Ceni e Zetti.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Descanse em Paz, "Fenômeno"

Por 28

Em tempos pós-modernos, o futebol é o espetáculo por excelência. Nele foram plenamente resolvidas questões ainda pendentes: a riqueza só possível através do capital e as necessidades sob a forma de mercadoria.

A extensão do mercado da bola está justo na sua capacidade de visibilidade e comunicação. Comunicação aqui parece uma palavra inofensiva, mas, no futebol, é a ideologia sob a melhor embalagem, a mais eficaz, porque se confunde com a informação. 

O marketing planeja a imprensa esportiva. A Ambeve e a Nike pararam o país hoje. A aposentadoria do Ronaldo teve uma repercussão muito bem planejada, envolvendo um concerto de comunicação, das rádios ao cabo. A organização chegara a um ponto, até o ponto de, ao final do "pronunciamento" do "Fenômeno", o fechamento da edição especial da globonews apresentar uma chorumela emocional típica das crônicas com que o Pedro Bial costuma nos estropiar em época de copa.

Trata-se de uma constatação. Não é coisa de velho ranzinza com saudade de um futebol que nunca foi romântico. O futebol sempre foi um balcão de negócios. A diferença é que suas possibilidades não eram tão úteis no capitalismo industrial como são hoje no capitalismo da informação, das redes sociais, do espetáculo em tempo real.


Cumpre ressaltar, entretanto, que, talvez, pelas condições objetivas da época, não havia tamanha necessidade de "fenômenos", e o fenômeno, a fim de ser caracterizado como tal, tinha de ser, de fato, um Pelé, um Maradona, um Rivelino, um Zico.


Descanse em paz, "Fenômeno".


SAUDAÇÕES RUBRO-NEGRAS

P.S. Este postador já está suficientemente velho pra acreditar em papai noel.  Nem é tão idiota a ponto de falar em "revolução" num ambiente de novos ricos e dinheiro fácil. Também porque descrê há muito na felicidade encomendada. Sem uma perna, nem sequer a sociedade horizontal me seria útil, pois não conseguiria ficar de pé sem apoio. Um mínimo de informação, entretanto, seria conveniente. Até por divertimento. Os leitores, telespectadores, etc, ficaríamos ao menos lisonjeados pelo respeito e pela consideração às nossas inteligências médias. Poderiam, ao invés da chorumela bigbrotherniana, apresentar alguma informação, conexões que levaram o "Fenômeno" à aposentadoria. Dizer, por exemplo, que não é do interesse de seus patrocinadores um "fenômeno" claudicante, a arrastar-se, ridículo, em campo. Não daria lucro. 


100%

domingo, 13 de fevereiro de 2011

O Rio Frita, Uri Geller e a Vila que Segue


Por 28
  


Minha filha me levou pra passear. 

O Rio frita, as ondas de calor embolam a perspectiva, na Manoel de Abreu, na Felipe Camarão, na Francisco Xavier, UERJ, Maracanã. 

Aberturas, cruzamentos, esquinas. 

Nascido e criado em Vila Isabel, sei da importância da esquina, do futebol jogado na rua, os pés descalços expostos aos calos de sangue.

Não foi à toa que, na sofisticação do samba do Estácio por Noel, produzimos o autor de "Com que Roupa",  em seus acordes à ironia ufanista, ouvindo Ismael, indo e vindo a Cartola, subindo a Mangueira.
 
Noel ia à pé, da Teodoro da Silva onde morava. 


Vila Isabel foi também a primeira produção incipiente do urbanismo carioca. Abandonada a fazenda dos macacos, presente de D.Pedro à Princesa Isabel, quando de seu retorno a Portugal, adquiriu-a o Barão João Batista de Viana Drummond (também muito conhecido por ter criado o jogo do bicho)  que montou a "Companhia Arquitetônica de Vila Izabel", com projeto do engenheiro Francisco Bittencourt da Silva.
Ao conselheiro João Alfredo Corrêa de Oliveira, que a maioria conhecemos como uma escola que dá fundos prum muro na Manoel de Abreu, mas cujo acesso é pela 28, ao lado do banco de sangue com o busto do Betinho, o Barão pediu permissão para estabelecer uma linha de ferro-carril ligando a Fazenda do Macaco ao Centro da Cidade.  Eram os bondes.

"Ponto Cem Réis": assim era conhecida a esquina da 28 com Souza Franco, devido às manobras que ali fazia o bonde. Quando nasci – é certo - ainda havia bonde, cheguei a andar neles, mas  no colo da minha mãe, logo substituídos, ou derrotados, pelos ônibus elétricos, os “chifrudos”.

Bonde mesmo muitos de nós só conhecemos no clube Maxwell, na rua de mesmo nome, ali perto da Casa do Barão, antiga fábrica Confiança, atual supermercado. Era um vagão deixado por conta no terreno ao lado da piscina, que usávamos para brincar. 

Treze ruas projetadas; a 28, "Boulevard", a avenida  28 de setembro, vértebra do bairro e a Praça Sete, como até hoje a chamamos, a despeito de ter virado Praça Barão de Drummond, por motivos óbvios.

O panegírico, como é óbvio, foi muito além do que é de hábito, na criação de um bairro que nada teria de formal ou "oficial".

Vila Isabel,  antes de tudo, nos cultiva o antipanegírico. Aliás, um erro uma Vila monolítica, unida contra o panegírico, ainda que contra o panegírico. O próprio Noel não gostaria dos seus cem anos comemorados do jeito que se viu. A  Noel desgostavam os heróis, os protagonistas fossem de que tipos,  o viés moralista que só enxerga o mundo dividido entre duas categorias: os honestos e os ladrões, os decentes e os imorais.

As próprias letras em Vila Isabel não costumam a crítica feita por conformismo. Desde Marques Rabelo, não se quer andar tranquilamente sob o tacão da polícia nem se agradece por não se ter o que se quer, mas aquilo que Deus quis dar.

Ainda que pós-modernos, novos objetos, novas abordagens, identidades fragmentárias, o que for, com tudo isso, estou certo de que a Vila continua  útil. 

A vista turva,  espero a Ângela sair do Hortifruti. 

Enquanto bebo a água de côco me lembro do Uri Geller, na ponta-esquerda, discutindo com a geral em 79.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Um Rio Disponível: Rubro-Negro

Por Paulo Teodoro da Silva



Ontem à noite, exatamente no horário do jogo do Brasil, estava com a Preta Helena dentro do teatro do Centro Cultural dos Correios, naquele perímetro urbano de nossa gênese. Uma beleza a passada sobre paralelepípedos, como se o tempo, entre o CCBB , a Casa França Brasil e o próprio Centro Cultural dos Correios, estivesse parado pra que se pudesse namorar. Um Rio disponível, sem pressa, como deveríamos cultivar. Uma cidade  que só se inviabilizou pela escala incompatível a uma urbe cujo terreno, mais do que ocupado, conquistado, construído sobre pântanos, lagos e lagoas e terras movediças, espremido entre o mar e a montanha. A topografia de um perfil feminino, de uma cidade que se abre lânguida,  descurando de sua geologia, suas entranhas.

A peça de uma singeleza em torno da vida de Chopin. Apenas Chopin e a condessa que o sustenta. Chopin era um chato. O perfil exato da caricatura do grande artista, caprichoso, egoísta, cheio de vontades e idiossincrasias. A condessa uma mulher forte, praticamente sua mãe e provedora, além de romancista "por produção". Chamou-me a atenção a dicotomia, ainda em questão, de valores e práticas aristocráticas em conflito com a lógica do lucro, a razão instrumental voltada para a produção que transforma quaisquer formas de resistência, mais do que num ancronismo, um escombro incômodo, um resto de estorvo. 

Impressionou-me a a combinação de beleza e singela da iluminação. Nenhuma parafernália, apenas a luz de valor.

A noite termina  em frente ao Paço. Lembrei-me de Noel: "se você continuar limpando a mesa..."

Infelizmente, a praga dos telões que infestam qualquer noite. E o que é pior: telão pra ver tricolor.

SRN

Por que o resto do Rio nos Odeia?

Por Plácido Gonzaga Bastos



Há na literatura das ciências sociais o seguinte pressuposto: a rivalidade contém um componente de inveja ou de temor, quando não  simultâneos.


Não é dificil a dedução. Embora saibamos das limitações do resto do Rio, é provável que entre os bambis das laranjeiras, os de segunda de são cristóvão e os amarelos ali perto do Pinel, não haja necessidade de explicar o que seja dedução. Mas, por via de segurança, apresentemos ao resto as modalidade de raciocínio lógico. Prestem atenção que é simples: indução, dedução e dialética.


Ficou claro a razão da escolha. Não iríamos complicar as coisas, gastando tinta de impressora, em usar a dialética em material tão irrelevante. Ademais, porque não há nada pra ser negado, muito menos a ensejar  uma nova realidade que contemple algum futuro a esse resto.


Algumas consultorias econômicas, relacionadas ao Nação, constataram em relatórios, também divulgados à imprensa, que não caberão muitos clubes de porte econômico em condições de manter um campeonato brasileiro no mínimo viável. Suas previsões, algo cataclísmicas, contemplam, no máximo, de 6 a 8 grandes clubes brasileiros.


Reparem como a história às vezes pode ser útil. Muito poucos dos que me lêem conheceram um América impecável, formado por craques, disputando com o Flamengo o título de campeão carioca.


Um moleque e  vi, do lado esquerdo da tribuna de honra, um time, cujos jogadores fariam hoje a festa de qualquer seleção brasileira:


Rogério, Orlando, Alex, Geraldo, Álvaro; Ivo, Bráulio e Edu: Flecha, luisinho e Gilson Nunes.


Este era o time do América derrotado em 74 pelo Manto Sagrado. Logo, na dedução nem tão óbvia para a obtusidade que por ventura leia, se é que sabem ler, ou se sabem, se já superaram a condição de analfabetismo funcional; logo, o determinismo é cristalino.


Mediocridades como esses times que andam por aí no Rio não têm outra alternativa senão nos odiar, tanto por inveja, pela falta de grandeza de quem sabe de que nada lhe resta a não ser depreciar o que lhes é inalcançável, quanto por temor, um pavor que lhes vêm do útero em face da perspectiva do Manto Sagrado em seu destino bíblico. Pois é isto: recentes pesquisas arqueológicas, também disponíveis ao Nação, revelaram em técnicas químicas aplicadas aos papiros bíblicos recentes do Mar Morto que os cadáveres encontrados à beira e ao largo expunham ainda marcas da gárgula que os espaventou, furos de diâmetro na caixa craniana pouco mais ou menos do tamanho do que teria hoje uma bola de futebol. O sexo era indistinguível, haja vista os fios de trapos decompostos disponíveis nas cores grená, verde e branca. Porque o preto e branco dos que estavam ao lado já era. Nem sequer restos mortais.


A inveja do resto do Rio, como se vê, já era do conhecimento de Moisés. Não foi à toa que  mandou quebrar o Zico.