segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Descanse em Paz, "Fenômeno"

Por 28

Em tempos pós-modernos, o futebol é o espetáculo por excelência. Nele foram plenamente resolvidas questões ainda pendentes: a riqueza só possível através do capital e as necessidades sob a forma de mercadoria.

A extensão do mercado da bola está justo na sua capacidade de visibilidade e comunicação. Comunicação aqui parece uma palavra inofensiva, mas, no futebol, é a ideologia sob a melhor embalagem, a mais eficaz, porque se confunde com a informação. 

O marketing planeja a imprensa esportiva. A Ambeve e a Nike pararam o país hoje. A aposentadoria do Ronaldo teve uma repercussão muito bem planejada, envolvendo um concerto de comunicação, das rádios ao cabo. A organização chegara a um ponto, até o ponto de, ao final do "pronunciamento" do "Fenômeno", o fechamento da edição especial da globonews apresentar uma chorumela emocional típica das crônicas com que o Pedro Bial costuma nos estropiar em época de copa.

Trata-se de uma constatação. Não é coisa de velho ranzinza com saudade de um futebol que nunca foi romântico. O futebol sempre foi um balcão de negócios. A diferença é que suas possibilidades não eram tão úteis no capitalismo industrial como são hoje no capitalismo da informação, das redes sociais, do espetáculo em tempo real.


Cumpre ressaltar, entretanto, que, talvez, pelas condições objetivas da época, não havia tamanha necessidade de "fenômenos", e o fenômeno, a fim de ser caracterizado como tal, tinha de ser, de fato, um Pelé, um Maradona, um Rivelino, um Zico.


Descanse em paz, "Fenômeno".


SAUDAÇÕES RUBRO-NEGRAS

P.S. Este postador já está suficientemente velho pra acreditar em papai noel.  Nem é tão idiota a ponto de falar em "revolução" num ambiente de novos ricos e dinheiro fácil. Também porque descrê há muito na felicidade encomendada. Sem uma perna, nem sequer a sociedade horizontal me seria útil, pois não conseguiria ficar de pé sem apoio. Um mínimo de informação, entretanto, seria conveniente. Até por divertimento. Os leitores, telespectadores, etc, ficaríamos ao menos lisonjeados pelo respeito e pela consideração às nossas inteligências médias. Poderiam, ao invés da chorumela bigbrotherniana, apresentar alguma informação, conexões que levaram o "Fenômeno" à aposentadoria. Dizer, por exemplo, que não é do interesse de seus patrocinadores um "fenômeno" claudicante, a arrastar-se, ridículo, em campo. Não daria lucro. 


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